Ponto prévio. O futebol é fértil em surpresas, capaz de nos desdizer em cada segundo e fazer das nossas análises, realizadas num dado instante, apenas um contributo para que estas nos sejam atiradas à cara quando algo corre menos bem depois. Mas é afinal isto que mais gostamos no futebol. A paixão com que desfrutamos cada segundo e os sonhos que, cada um de nós vestindo a nossa camisola, imaginamos alcançáveis.
Contudo e porque não acredito que os projectos se encerrem apenas no imediatismo e porque acima de qualquer outra coisa acredito que o que conseguimos é fruto do nosso trabalho, creio que fazer uma avaliação do actual momento do Vitória SC terá uma margem de erro diminuta quando fizermos as contas no final da temporada e independentemente do que for alcançado.
Há aliás uma frase que me vem sempre à memória quando tento, mais do que com o olhar de adepto, com o olhar de quem gosta de futebol, avaliar o momento do emblema da cidade Berço. Mais do que pelo livro, Gregg Braden escrevia a dada altura no “Código de Deus”: “Somos mais do que alguma vez nos atrevemos a imaginar ser, e talvez capazes de tudo o que sempre sonhamos”. O momento actual do Vitória, e mais do que isso, o novo rumo desenhado nos últimos anos, atira-me sempre para esta citação.
Depois de erros próprios terem mergulhado a equipa em dificuldades financeiras que quase puseram em risco o clube, o Vitória foi obrigado a reerguer-se e a encontrar nos seus a força para o fazer. Fê-lo com determinação e com a coragem que, mais cedo ou mais tarde, todos terão de adoptar para se adaptarem a uma nova realidade financeira. Fê-lo com a noção de que não havia outro caminho mas com o temor de que, provavelmente, estaria a condicionar o presente para ser capaz de ter um futuro.
Mas é no fundo, esta parte da equação que tem sido desmentida pelos dirigentes, jogadores e treinadores do clube. Se a conquista da Taça de Portugal em futebol de há dois anos, a conquista do título nacional de Juvenis do ano passado, acoplada com a subida de divisão do Vitória B, já tinha deixado isso bem claro, o campeonato realizado até ao momento das suas equipas profissionais, desmonta por completo esse temor. Afinal, é possível construir o futuro, sem descurar o presente.
Claro que o fenómeno futebol torna estas análises voláteis à entrada ou não de uma bola, mas como considero que estas terão sempre de ser bem mais profundas do que os resultados no final de cada jogo, só posso considerar que o Vitória SC se mantém no trilho correcto.
Esta temporada, apresenta como onze base, um conjunto formado por 7/8 jogadores portugueses, entre jogadores provenientes da sua formação e outros que o ano passado alinhavam na sua equipa B, no Campeonato Nacional de Seniores, onde mesmo fora dos campeonatos profissionais evoluíram ao ponto de estarem hoje a dar cartas na principal competição do campeonato português. Se nomes como André, Josué, João Afonso, Cafú, Bernard, Bruno Alves, Bruno Gaspar, Hernâni, Tomané (apenas para citar alguns) diziam pouco aos adeptos do futebol em geral, hoje acredito que já farão parte das boas surpresas no campeonato. Como o farão jogadores estrangeiros que estão pela primeira vez em Portugal como os casos de Traoré, Bouba ou mesmo Jonatan Alvez, entre outros.
As provas de maturidade competitiva e qualidade já dadas esta temporada, creio que deixam bem claro que há matéria-prima de sobra no plantel, apesar da sua juventude, e apesar de apresentar uma média de idades a rondar os 22 anos. Há inclusive jogadores que, mais não sei o que terão de fazer para merecer uma chamada à selecção nacional, recompensando assim, não só a sua qualidade, mas também o trabalho realizado pelo clube.
Se ao 2º lugar na 1ª Liga da equipa principal, juntarmos o facto do Vitória B estar na 2ª Liga (depois de um ano no CNS) a apenas quatro pontos da liderança da prova, só poderemos concluir que esta é, e até ao momento, uma temporada de excelência em Guimarães, com muito mérito para os jogadores, mas também para os seus dirigentes (da formação ao futebol profissional), bem como aos seus treinadores, com especial destaque para Rui Vitória (A) e Armando Evangelista (B).
Claro que, há a noção clara que este plantel (e ressalvo aqui o “singular”, porque e bem tem sido sempre adoptado internamente que o Vitória dispõe apenas de UM plantel, cujos jogadores alinham ou pela equipa A ou pela B) tem várias limitações. No número, na experiência ou até num ou noutro sector, na qualidade. Contudo, há algo onde já demonstrou que não existe qualquer limitação… na capacidade de superação, na garra e na determinação. E por isso, e aproveitando para terminar como comecei, com uma citação, Fernando Pessoa escreveu uma vez que “Somos do tamanho dos nossos sonhos". E esses… bem esses… são absolutamente incontáveis.
E agora, mesmo para terminar, este texto é escrito em véspera de dérbis. Três consecutivos para o Vitória, sendo dois deles com o principal rival do Minho. Sei bem que o momento dos clubes neste tipo de jogos conta pouco (da mesma forma que sei, que os jogadores têm a noção da importâncias destes encontros), mas e independente dos meus desejos do ponto de vista desportivo para estes dois jogos, espero que sejam jogos em que o Minho saia a ganhar, e as rivalidades se façam apenas notar, onde realmente importam, dentro das quatro linhas e nas bancadas.
Termino, agradecendo o convite para escrever neste espaço e desejando que o mesmo se venha a tornar num dos espaços incontornáveis no que diz respeito à discussão do desporto, em particular, do desporto-rei.
Saudações desportivas,
Este texto de opinião foi escrito por Carlos Ribeiro, natural de Guimarães, é investigador pós-doutorado na área das neurociências no Instituto de Biologia Molecular e Celular, no Porto. É relator na Rádio Fundação, em Guimarães desde 2012, onde acompanha o dia-a-dia do Vitória SC. Antes de ingressar na Rádio Fundação, exerceu funções de relator na Rádio Voz do Neiva durante 3 anos.
[email protected]
Contudo e porque não acredito que os projectos se encerrem apenas no imediatismo e porque acima de qualquer outra coisa acredito que o que conseguimos é fruto do nosso trabalho, creio que fazer uma avaliação do actual momento do Vitória SC terá uma margem de erro diminuta quando fizermos as contas no final da temporada e independentemente do que for alcançado.
Há aliás uma frase que me vem sempre à memória quando tento, mais do que com o olhar de adepto, com o olhar de quem gosta de futebol, avaliar o momento do emblema da cidade Berço. Mais do que pelo livro, Gregg Braden escrevia a dada altura no “Código de Deus”: “Somos mais do que alguma vez nos atrevemos a imaginar ser, e talvez capazes de tudo o que sempre sonhamos”. O momento actual do Vitória, e mais do que isso, o novo rumo desenhado nos últimos anos, atira-me sempre para esta citação.
Depois de erros próprios terem mergulhado a equipa em dificuldades financeiras que quase puseram em risco o clube, o Vitória foi obrigado a reerguer-se e a encontrar nos seus a força para o fazer. Fê-lo com determinação e com a coragem que, mais cedo ou mais tarde, todos terão de adoptar para se adaptarem a uma nova realidade financeira. Fê-lo com a noção de que não havia outro caminho mas com o temor de que, provavelmente, estaria a condicionar o presente para ser capaz de ter um futuro.
Mas é no fundo, esta parte da equação que tem sido desmentida pelos dirigentes, jogadores e treinadores do clube. Se a conquista da Taça de Portugal em futebol de há dois anos, a conquista do título nacional de Juvenis do ano passado, acoplada com a subida de divisão do Vitória B, já tinha deixado isso bem claro, o campeonato realizado até ao momento das suas equipas profissionais, desmonta por completo esse temor. Afinal, é possível construir o futuro, sem descurar o presente.
Claro que o fenómeno futebol torna estas análises voláteis à entrada ou não de uma bola, mas como considero que estas terão sempre de ser bem mais profundas do que os resultados no final de cada jogo, só posso considerar que o Vitória SC se mantém no trilho correcto.
Esta temporada, apresenta como onze base, um conjunto formado por 7/8 jogadores portugueses, entre jogadores provenientes da sua formação e outros que o ano passado alinhavam na sua equipa B, no Campeonato Nacional de Seniores, onde mesmo fora dos campeonatos profissionais evoluíram ao ponto de estarem hoje a dar cartas na principal competição do campeonato português. Se nomes como André, Josué, João Afonso, Cafú, Bernard, Bruno Alves, Bruno Gaspar, Hernâni, Tomané (apenas para citar alguns) diziam pouco aos adeptos do futebol em geral, hoje acredito que já farão parte das boas surpresas no campeonato. Como o farão jogadores estrangeiros que estão pela primeira vez em Portugal como os casos de Traoré, Bouba ou mesmo Jonatan Alvez, entre outros.
As provas de maturidade competitiva e qualidade já dadas esta temporada, creio que deixam bem claro que há matéria-prima de sobra no plantel, apesar da sua juventude, e apesar de apresentar uma média de idades a rondar os 22 anos. Há inclusive jogadores que, mais não sei o que terão de fazer para merecer uma chamada à selecção nacional, recompensando assim, não só a sua qualidade, mas também o trabalho realizado pelo clube.
Se ao 2º lugar na 1ª Liga da equipa principal, juntarmos o facto do Vitória B estar na 2ª Liga (depois de um ano no CNS) a apenas quatro pontos da liderança da prova, só poderemos concluir que esta é, e até ao momento, uma temporada de excelência em Guimarães, com muito mérito para os jogadores, mas também para os seus dirigentes (da formação ao futebol profissional), bem como aos seus treinadores, com especial destaque para Rui Vitória (A) e Armando Evangelista (B).
Claro que, há a noção clara que este plantel (e ressalvo aqui o “singular”, porque e bem tem sido sempre adoptado internamente que o Vitória dispõe apenas de UM plantel, cujos jogadores alinham ou pela equipa A ou pela B) tem várias limitações. No número, na experiência ou até num ou noutro sector, na qualidade. Contudo, há algo onde já demonstrou que não existe qualquer limitação… na capacidade de superação, na garra e na determinação. E por isso, e aproveitando para terminar como comecei, com uma citação, Fernando Pessoa escreveu uma vez que “Somos do tamanho dos nossos sonhos". E esses… bem esses… são absolutamente incontáveis.
E agora, mesmo para terminar, este texto é escrito em véspera de dérbis. Três consecutivos para o Vitória, sendo dois deles com o principal rival do Minho. Sei bem que o momento dos clubes neste tipo de jogos conta pouco (da mesma forma que sei, que os jogadores têm a noção da importâncias destes encontros), mas e independente dos meus desejos do ponto de vista desportivo para estes dois jogos, espero que sejam jogos em que o Minho saia a ganhar, e as rivalidades se façam apenas notar, onde realmente importam, dentro das quatro linhas e nas bancadas.
Termino, agradecendo o convite para escrever neste espaço e desejando que o mesmo se venha a tornar num dos espaços incontornáveis no que diz respeito à discussão do desporto, em particular, do desporto-rei.
Saudações desportivas,
Este texto de opinião foi escrito por Carlos Ribeiro, natural de Guimarães, é investigador pós-doutorado na área das neurociências no Instituto de Biologia Molecular e Celular, no Porto. É relator na Rádio Fundação, em Guimarães desde 2012, onde acompanha o dia-a-dia do Vitória SC. Antes de ingressar na Rádio Fundação, exerceu funções de relator na Rádio Voz do Neiva durante 3 anos.
[email protected]