O FC Porto conseguiu um resultado importante na sua deslocação à cidade suíça de Basileia, nesta primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões. Como seria previsível, o técnico Julen Lopetegui apresentou os seus habituais titulares dos últimos jogos, porque a importância do jogo e, porque não dizer, a qualidade da formação do FC Basel, orientada pelo português Paulo Sousa, não se coadunavam com a desastrosa política de rotatividade experimentada pelo timoneiro portista no início da presente temporada.
Numa noite fria típica do rigoroso inverno suíço, os portistas puderam contar com o caloroso apoio de muitos emigrantes portugueses radicados por aquelas bandas, que deram um colorido especial ao estádio St. Jakob Park, um dos bons palcos suíços herdados do Campeonato da Europa de 2008.
O jogo de ontem foi um espelho da identidade do FC Porto da era Lopetegui. Pois, os azuis-e-brancos dominaram o jogo do princípio ao fim, com mais tempo de posse de bola e de jogo no meio terreno do adversário. Mas tal como tem acontecido esta época, esse maior domínio territorial nem sempre se materializa na criação de muitas oportunidades de golo. E quando os ensejos de marcar aparecem, nem sempre os índices de eficácia permitem concluir as jogadas da melhor forma: ou porque falha o último passe, ou porque a pontaria dos avançados está desafinada.
O bloco defensivo de Lopetegui mantém os intocáveis brasileiros Danilo e Alex Sandro nas alas, Maicon a liderar o conjunto no centro, que conta ainda com Casemiro como pivô defensivo do meio-campo e Fabiano na baliza. Na dupla de centrais, o espanhol Marcano parece ter roubado em definitivo a titularidade a Martins Indi. Mas esta guarda pretoriana do Dragão, que aparenta uma solidez de aço, por vezes vacila e acaba por comprometer toda a estrutura. Como aconteceu no jogo de ontem, aos 11 minutos, permitindo ao paraguaio Derlis González, que já passou pelos escalões de formação do Benfica, inaugurar o marcador num período em que as equipas ainda se estudavam mutuamente e tentavam assentar o jogo. O avançado da equipa da casa acabaria por sair lesionado na sequência deste lance.
A equipa de Paulo Sousa ganhou confiança com a vantagem inesperada, mas com o passar do tempo acomodou-se em demasiado a este resultado magro. Os suíços abdicaram de atacar e preferiram resguardar-se no seu meio-campo, tentando anular as investidas do ataque portista até se chegar ao intervalo.
Na segunda parte, a toada manteve-se. Aos 58 minutos, o FC Porto viu ser-lhe anulado um golo obtido através de um desvio de Casemiro, na sequência de um lance de bola parada, por alegado fora-de-jogo de Jackson e Marcano. No banco, Lopetegui tentava mudar o curso dos acontecimentos, lançando Quaresma para o lugar do apagado Brahimi. Passados sete minutos, o basco viu-se forçado a nova alteração por lesão de Oliver Torres, que se estava a revelar um dos melhores em campo. Para o seu lugar entrou o jovem Rúben Neves, que também esteve em bom plano, revelando uma visão de jogo e capacidade de passe acima da média.
O FC Porto viria a conseguir o golo do empate já perto do final da partida, aos 79 minutos, através da marcação de uma grande penalidade, a castigar uma acção faltosa de Walter Samuel. O veterano central internacional argentino cortou com o braço um cruzamento rasteiro de Quaresma. Chamado à conversão, o lateral brasileiro Danilo, ultimamente nas bocas do mundo por conta do assédio de grandes clubes europeus, partiu para bola pleno de confiança e extremamente concentrado, desferindo um remate forte e colocado ao canto da baliza, sem hipóteses de defesa para o guardião adversário.
Este empate a uma bola é um excelente resultado para os portistas, que assim ganham vantagem na eliminatória e forçam Paulo Sousa a delinear uma estratégia mais ofensiva para o jogo de volta no Dragão. Parafraseando o léxico, às vezes ininteligível, de alguns dos meus ex-companheiros da rádio: «os suíços terão de correr atrás do prejuízo».
No outro jogo da noite, disputado na cidade alemã de Gelsenkirchen, onde o FC Porto já experimentou uma das suas noites mais gloriosas, o Real Madrid não precisou de se esforçar muito para levar de vencida a equipa do Schalke por duas bolas a zero. Bastou-lhe a inspiração de Cristiano Ronaldo, regressado aos golos depois de um período de interregno. Nas restantes partidas disputadas até ao momento, registaram-se os empates entre PSG e Chelsea (1-1) e entre Shaktar e Bayern (0-0). Para a semana realizar-se-ão os restantes quatro jogos referentes à primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Numa noite fria típica do rigoroso inverno suíço, os portistas puderam contar com o caloroso apoio de muitos emigrantes portugueses radicados por aquelas bandas, que deram um colorido especial ao estádio St. Jakob Park, um dos bons palcos suíços herdados do Campeonato da Europa de 2008.
O jogo de ontem foi um espelho da identidade do FC Porto da era Lopetegui. Pois, os azuis-e-brancos dominaram o jogo do princípio ao fim, com mais tempo de posse de bola e de jogo no meio terreno do adversário. Mas tal como tem acontecido esta época, esse maior domínio territorial nem sempre se materializa na criação de muitas oportunidades de golo. E quando os ensejos de marcar aparecem, nem sempre os índices de eficácia permitem concluir as jogadas da melhor forma: ou porque falha o último passe, ou porque a pontaria dos avançados está desafinada.
O bloco defensivo de Lopetegui mantém os intocáveis brasileiros Danilo e Alex Sandro nas alas, Maicon a liderar o conjunto no centro, que conta ainda com Casemiro como pivô defensivo do meio-campo e Fabiano na baliza. Na dupla de centrais, o espanhol Marcano parece ter roubado em definitivo a titularidade a Martins Indi. Mas esta guarda pretoriana do Dragão, que aparenta uma solidez de aço, por vezes vacila e acaba por comprometer toda a estrutura. Como aconteceu no jogo de ontem, aos 11 minutos, permitindo ao paraguaio Derlis González, que já passou pelos escalões de formação do Benfica, inaugurar o marcador num período em que as equipas ainda se estudavam mutuamente e tentavam assentar o jogo. O avançado da equipa da casa acabaria por sair lesionado na sequência deste lance.
A equipa de Paulo Sousa ganhou confiança com a vantagem inesperada, mas com o passar do tempo acomodou-se em demasiado a este resultado magro. Os suíços abdicaram de atacar e preferiram resguardar-se no seu meio-campo, tentando anular as investidas do ataque portista até se chegar ao intervalo.
Na segunda parte, a toada manteve-se. Aos 58 minutos, o FC Porto viu ser-lhe anulado um golo obtido através de um desvio de Casemiro, na sequência de um lance de bola parada, por alegado fora-de-jogo de Jackson e Marcano. No banco, Lopetegui tentava mudar o curso dos acontecimentos, lançando Quaresma para o lugar do apagado Brahimi. Passados sete minutos, o basco viu-se forçado a nova alteração por lesão de Oliver Torres, que se estava a revelar um dos melhores em campo. Para o seu lugar entrou o jovem Rúben Neves, que também esteve em bom plano, revelando uma visão de jogo e capacidade de passe acima da média.
O FC Porto viria a conseguir o golo do empate já perto do final da partida, aos 79 minutos, através da marcação de uma grande penalidade, a castigar uma acção faltosa de Walter Samuel. O veterano central internacional argentino cortou com o braço um cruzamento rasteiro de Quaresma. Chamado à conversão, o lateral brasileiro Danilo, ultimamente nas bocas do mundo por conta do assédio de grandes clubes europeus, partiu para bola pleno de confiança e extremamente concentrado, desferindo um remate forte e colocado ao canto da baliza, sem hipóteses de defesa para o guardião adversário.
Este empate a uma bola é um excelente resultado para os portistas, que assim ganham vantagem na eliminatória e forçam Paulo Sousa a delinear uma estratégia mais ofensiva para o jogo de volta no Dragão. Parafraseando o léxico, às vezes ininteligível, de alguns dos meus ex-companheiros da rádio: «os suíços terão de correr atrás do prejuízo».
No outro jogo da noite, disputado na cidade alemã de Gelsenkirchen, onde o FC Porto já experimentou uma das suas noites mais gloriosas, o Real Madrid não precisou de se esforçar muito para levar de vencida a equipa do Schalke por duas bolas a zero. Bastou-lhe a inspiração de Cristiano Ronaldo, regressado aos golos depois de um período de interregno. Nas restantes partidas disputadas até ao momento, registaram-se os empates entre PSG e Chelsea (1-1) e entre Shaktar e Bayern (0-0). Para a semana realizar-se-ão os restantes quatro jogos referentes à primeira mão dos oitavos de final da Liga dos Campeões.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)