Antes de abordar o jogo Braga – Benfica da oitava jornada da Liga 2014/15, permitam-me dois apontamentos prévios relacionados com a organização dos jogos de futebol em Portugal.
O primeiro apontamento é relacionado com a segurança dos espectadores. Devido a uma trapalhada decorrente das alterações à lei da segurança privada, publicada em Junho de 2013, alguns juristas especializados no assunto alertaram para o facto do “vazio legal” em questão permitir concluir da proibição das revistas pessoais por apalpação em recintos desportivos.
Resultante desta conclusão, aos adeptos de futebol está a ser permitida a entrada nos estádios sem a prévia revista, bastando a apresentação do ingresso. Tal sucedeu ontem com as 21.000 almas que se deslocaram ao Estádio Municipal de Braga, num jogo considerado de risco elevado.
Além disto, não deveria ser permitida a colocação de claques adversárias em pisos superiores, sem as necessárias caixas de segurança, prevenindo assim o arremesso de cadeiras, ou outros objectos, para as bancadas de adeptos afectos aos clubes da casa.
Espero, sinceramente, que as autoridades competentes respondam rapidamente a estes problemas e não se esteja à espera do arrombamento da casa para se colocarem as trancas na porta.
O primeiro apontamento é relacionado com a segurança dos espectadores. Devido a uma trapalhada decorrente das alterações à lei da segurança privada, publicada em Junho de 2013, alguns juristas especializados no assunto alertaram para o facto do “vazio legal” em questão permitir concluir da proibição das revistas pessoais por apalpação em recintos desportivos.
Resultante desta conclusão, aos adeptos de futebol está a ser permitida a entrada nos estádios sem a prévia revista, bastando a apresentação do ingresso. Tal sucedeu ontem com as 21.000 almas que se deslocaram ao Estádio Municipal de Braga, num jogo considerado de risco elevado.
Além disto, não deveria ser permitida a colocação de claques adversárias em pisos superiores, sem as necessárias caixas de segurança, prevenindo assim o arremesso de cadeiras, ou outros objectos, para as bancadas de adeptos afectos aos clubes da casa.
Espero, sinceramente, que as autoridades competentes respondam rapidamente a estes problemas e não se esteja à espera do arrombamento da casa para se colocarem as trancas na porta.
O segundo apontamento tem a ver com a hora de realização do jogo, 20:15 horas de um Domingo: inadmissível! Por acaso, até estamos a viver um verão tardio no pico do Outono, situação atípica. Pois, em épocas normais já o frio aperta e o Inverno começa a querer chegar. Mas não é só. Será aceitável jogar-se um desafio a uma hora tão tardia, em vésperas do início de uma semana de trabalho? Será aceitável obrigar um adepto de Braga a regressar a casa por volta das onze da noite e um adepto de Lisboa pela madrugada adentro? No resto da Europa os jogos realizam-se ao início da tarde, na próxima semana há um dérbi de Manchester às 12:30! Se aos mandantes do futebol apenas importa o espectáculo televisivo, sugiro a substituição dos estádios por estúdios com relva, com uma enorme tela verde do lado oposto às câmaras, para produção digital de um cenário de estádio cheio. Pelo contrário, se também lhes importa o público, então, tenham mais respeito por ele.
Agora falando do jogo nas quatro linhas, foi uma partida emocionante, com momentos distintos, golos e incerteza no resultado até final, condimentos muito apreciados pelo adepto de futebol.
Desde que Jorge Jesus trocou a Pedreira pela Luz, os cinco jogos entre SC Braga e SL Benficadisputados na capital do Minho durante esse período foram pautados pelo equilíbrio: duas vitórias para cada lado e um empate pelo meio. Exceptuando o triunfo dos bracarenses em 2009/10 por duas bolas a zero, as restantes partidas foram vencidas, por um ou outro emblema, pela margem mínima.
Esta temporada manteve-se a tendência, só que desta feita os arsenalistas levaram a melhor, repetindo a última vitória por 2-1, alcançada em 2010/11, e novamente através de uma reviravolta no marcador.
A análise desta partida começa logo na estratégia dos treinadores. Jorge Jesus sabia bem ao que vinha. O equilíbrio das forças elevou-se em relação à época passada, na qual os encarnados seguiam em velocidade de cruzeiro rumo ao triplete, ao passo que os arsenalistas definhavam na sua pior temporada da era António Salvador. Esta época o Braga está claramente mais forte. Em relação ao Benfica, não diria que esteja pior, mas certamente com um leque de opções mais reduzido, tendo este aspecto tomado carácter decisivo neste jogo.
Jesus jogou também com o momento das equipas. O Benfica vinha de um desgastante jogo europeu diante do Mónaco a meio da semana, no qual alinhou longos minutos com inferioridade numérica. Do outro lado, o Braga estivera quase três semanas sem competir a alto nível, por conta da paragem do campeonato para jogos da selecção e, depois, um jogo da Taça de Portugal diante do modesto Alcains.
Assim, o técnico benfiquista apostou todas as suas fichas num início de jogo electrizante, tentando sufocar o adversário desde o apito inicial e chegar à vantagem no marcador logo cedo, para depois gerir a partida até final. A entrada do Benfica foi demolidora e logo no segundo minuto de jogo, através de um movimento recuado de Lima pelo flanco esquerdo, o ponta-de-lança brasileiro levou Santos e Baiano no engodo, endossando a bola para Gaitan que usando de mestria isolou Eliseu pelo flanco esquerdo. Este por sua vez, só teve de esperar pela chegada deTalisca, aparecendo à vontade no centro da área a empurrar a bola para o fundo da baliza.
O Benfica continuou a carregar nos primeiros vinte minutos, perante um bloco defensivo do Braga a sentir enormes dificuldades para suster as permanentes investidas de Gaitan, Sálvio e Talisca. Nas acções de meio-campo, Enzo Pérez e o grego Samaris foram reis e senhores até meio da primeira parte, quando o bloco bracarense constituído por Danilo, Tiba e Micael conseguiu equilibrar as operações e sacudir a pressão sobre o último reduto, no qual André Pinto desempenhou uma vez mais papel preponderante. Em simultâneo, a equipa bracarense foi capaz de se estender no campo, com Rafa, Pardo e Ederzito a aparecerem.
Mas foi num lance perfeito de contra-ataque que os da casa chegaram à igualdade, à passagem da meia hora. Após um alívio a meio do seu meio-campo, Ruben Micael desmarcou Pardo pela direita e este cruzou rasteiro para o centro da área, onde apareceu Éderzito a empurrar para o fundo das redes de Artur. Desta feita, mérito também para Sérgio Conceição que soube explorar da melhor forma o calcanhar de Aquiles da defesa benfiquista, onde Eliseu não chega para as encomendas e Gaitan ajuda pouco nas tarefas defensivas.
Na segunda parte o Braga foi superior. Com um bloco defensivo coeso e mantendo os mesmos níveis de intensidade e concentração já anteriormente vistos no Dragão, os bracarenses não mais permitiram veleidades ao adversário. A somar a isto, a menor disponibilidade física não permitiu aos jogadores do Benfica repetirem a entrada vigorosa da primeira parte. Desta feita, era o Braga que encostava o adversário às cordas.
O treinador do Benfica tentou inverter esta tendência, ao lançar o avançado Jonas por volta do minuto 60, tirando Samaris. Jesus voltava a arriscar, abdicando de um jogador de controlo de meio-campo e deixando essa responsabilidade entregue ao cada vez mais desgastado Enzo. O Benfica ressurgiu na partida, mas ao minuto 80 foi o Braga a estar perto de fazer o segundo golo. Novamente pelo flanco mais débil do adversário, Pardo a cruzar muito bem da direita, rasteiro, só que desta feita Éderzito rematou ao lado.
Este foi o prenúncio para o que veio a acontecer um minuto depois. Desta vez o protagonista foiSalvador Agra, lançado na segunda parte. O extremo bracarense, pelo lado esquerdo, ganhou no um-contra-um a Maxi Pereira e disparou um potente remate rasteiro junto ao primeiro poste, apontando assim o segundo golo.
Até final, o Benfica bem tentou chegar à igualdade, mas teve pela frente um gigante chamadoMatheus. O guarda-redes brasileiro do Braga foi, inclusive, considerado o elemento mais valioso em campo por parte de alguma imprensa. Na última jogada da partida, por duas vezes, negou o golo a Maxi Pereira à boca da baliza, garantindo assim uma vitória importantíssima para a sua equipa.
Ainda antes do apito final, uma grande confusão entre os jogadores e respectivos bancos. Os bracarenses protestaram veementemente pelo facto dos benfiquistas não terem jogado a bola fora aquando de uma lesão de Pedro Tiba. Mais uma vez, o treinador-adjunto do Benfica Raúl José a ser protagonista pela negativa, ao envolver-se numa troca de mimos com Sérgio Conceição. O árbitro da partida teve grande dificuldade em conter os ânimos exaltados, acabando por admoestar Enzo Pérez com o cartão amarelo e expulsando Danilo, por acumulação de amarelos. Também o técnico arsenalista recebeu ordem de expulsão.
Com esta vitória, o Braga continua 100% vitorioso em casa, voltando a fazer da Pedreira a sua fortaleza. Os arsenalistas seguem seguros na luta pelos lugares europeus, tendo já defrontado dois dos três candidatos ao título e, ainda, os “europeus” Estoril, Nacional e Rio Ave. Os adeptos braguistas saíram, obviamente, satisfeitos do estádio ontem, mas exigem à sua equipa melhores desempenhos nos jogos fora, onde ainda não logrou qualquer vitória.
Quanto ao Benfica, apesar desta primeira derrota na Liga, mantém-se na liderança, embora tenha os adversários directos mais próximos. Jorge Jesus tem um problema sério no seu plantel: a falta de opções. No jogo de ontem, o técnico dos encarnados apenas realizou uma substituição (Jonas por Samaris), deixando no banco jogadores como Pizzi, Jara, Cristante ou André Almeida. Quando era visível o enorme desgaste de alguns dos seus jogadores, J.J. preferiu manter os seus elementos titulares até final, ao invés de utilizar as duas substituições de que ainda dispunha.
Para concluir, dizer também que o árbitro madeirense Marco Ferreira não esteve bem nesta partida, pois, não marcou penaltis que deveria ter marcado. Em diversas ocasiões, exibiu cartões amarelos quando não devia, deixando-os no bolso noutras em que deveria tê-los mostrado.
Ricardo Jorge
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Agora falando do jogo nas quatro linhas, foi uma partida emocionante, com momentos distintos, golos e incerteza no resultado até final, condimentos muito apreciados pelo adepto de futebol.
Desde que Jorge Jesus trocou a Pedreira pela Luz, os cinco jogos entre SC Braga e SL Benficadisputados na capital do Minho durante esse período foram pautados pelo equilíbrio: duas vitórias para cada lado e um empate pelo meio. Exceptuando o triunfo dos bracarenses em 2009/10 por duas bolas a zero, as restantes partidas foram vencidas, por um ou outro emblema, pela margem mínima.
Esta temporada manteve-se a tendência, só que desta feita os arsenalistas levaram a melhor, repetindo a última vitória por 2-1, alcançada em 2010/11, e novamente através de uma reviravolta no marcador.
A análise desta partida começa logo na estratégia dos treinadores. Jorge Jesus sabia bem ao que vinha. O equilíbrio das forças elevou-se em relação à época passada, na qual os encarnados seguiam em velocidade de cruzeiro rumo ao triplete, ao passo que os arsenalistas definhavam na sua pior temporada da era António Salvador. Esta época o Braga está claramente mais forte. Em relação ao Benfica, não diria que esteja pior, mas certamente com um leque de opções mais reduzido, tendo este aspecto tomado carácter decisivo neste jogo.
Jesus jogou também com o momento das equipas. O Benfica vinha de um desgastante jogo europeu diante do Mónaco a meio da semana, no qual alinhou longos minutos com inferioridade numérica. Do outro lado, o Braga estivera quase três semanas sem competir a alto nível, por conta da paragem do campeonato para jogos da selecção e, depois, um jogo da Taça de Portugal diante do modesto Alcains.
Assim, o técnico benfiquista apostou todas as suas fichas num início de jogo electrizante, tentando sufocar o adversário desde o apito inicial e chegar à vantagem no marcador logo cedo, para depois gerir a partida até final. A entrada do Benfica foi demolidora e logo no segundo minuto de jogo, através de um movimento recuado de Lima pelo flanco esquerdo, o ponta-de-lança brasileiro levou Santos e Baiano no engodo, endossando a bola para Gaitan que usando de mestria isolou Eliseu pelo flanco esquerdo. Este por sua vez, só teve de esperar pela chegada deTalisca, aparecendo à vontade no centro da área a empurrar a bola para o fundo da baliza.
O Benfica continuou a carregar nos primeiros vinte minutos, perante um bloco defensivo do Braga a sentir enormes dificuldades para suster as permanentes investidas de Gaitan, Sálvio e Talisca. Nas acções de meio-campo, Enzo Pérez e o grego Samaris foram reis e senhores até meio da primeira parte, quando o bloco bracarense constituído por Danilo, Tiba e Micael conseguiu equilibrar as operações e sacudir a pressão sobre o último reduto, no qual André Pinto desempenhou uma vez mais papel preponderante. Em simultâneo, a equipa bracarense foi capaz de se estender no campo, com Rafa, Pardo e Ederzito a aparecerem.
Mas foi num lance perfeito de contra-ataque que os da casa chegaram à igualdade, à passagem da meia hora. Após um alívio a meio do seu meio-campo, Ruben Micael desmarcou Pardo pela direita e este cruzou rasteiro para o centro da área, onde apareceu Éderzito a empurrar para o fundo das redes de Artur. Desta feita, mérito também para Sérgio Conceição que soube explorar da melhor forma o calcanhar de Aquiles da defesa benfiquista, onde Eliseu não chega para as encomendas e Gaitan ajuda pouco nas tarefas defensivas.
Na segunda parte o Braga foi superior. Com um bloco defensivo coeso e mantendo os mesmos níveis de intensidade e concentração já anteriormente vistos no Dragão, os bracarenses não mais permitiram veleidades ao adversário. A somar a isto, a menor disponibilidade física não permitiu aos jogadores do Benfica repetirem a entrada vigorosa da primeira parte. Desta feita, era o Braga que encostava o adversário às cordas.
O treinador do Benfica tentou inverter esta tendência, ao lançar o avançado Jonas por volta do minuto 60, tirando Samaris. Jesus voltava a arriscar, abdicando de um jogador de controlo de meio-campo e deixando essa responsabilidade entregue ao cada vez mais desgastado Enzo. O Benfica ressurgiu na partida, mas ao minuto 80 foi o Braga a estar perto de fazer o segundo golo. Novamente pelo flanco mais débil do adversário, Pardo a cruzar muito bem da direita, rasteiro, só que desta feita Éderzito rematou ao lado.
Este foi o prenúncio para o que veio a acontecer um minuto depois. Desta vez o protagonista foiSalvador Agra, lançado na segunda parte. O extremo bracarense, pelo lado esquerdo, ganhou no um-contra-um a Maxi Pereira e disparou um potente remate rasteiro junto ao primeiro poste, apontando assim o segundo golo.
Até final, o Benfica bem tentou chegar à igualdade, mas teve pela frente um gigante chamadoMatheus. O guarda-redes brasileiro do Braga foi, inclusive, considerado o elemento mais valioso em campo por parte de alguma imprensa. Na última jogada da partida, por duas vezes, negou o golo a Maxi Pereira à boca da baliza, garantindo assim uma vitória importantíssima para a sua equipa.
Ainda antes do apito final, uma grande confusão entre os jogadores e respectivos bancos. Os bracarenses protestaram veementemente pelo facto dos benfiquistas não terem jogado a bola fora aquando de uma lesão de Pedro Tiba. Mais uma vez, o treinador-adjunto do Benfica Raúl José a ser protagonista pela negativa, ao envolver-se numa troca de mimos com Sérgio Conceição. O árbitro da partida teve grande dificuldade em conter os ânimos exaltados, acabando por admoestar Enzo Pérez com o cartão amarelo e expulsando Danilo, por acumulação de amarelos. Também o técnico arsenalista recebeu ordem de expulsão.
Com esta vitória, o Braga continua 100% vitorioso em casa, voltando a fazer da Pedreira a sua fortaleza. Os arsenalistas seguem seguros na luta pelos lugares europeus, tendo já defrontado dois dos três candidatos ao título e, ainda, os “europeus” Estoril, Nacional e Rio Ave. Os adeptos braguistas saíram, obviamente, satisfeitos do estádio ontem, mas exigem à sua equipa melhores desempenhos nos jogos fora, onde ainda não logrou qualquer vitória.
Quanto ao Benfica, apesar desta primeira derrota na Liga, mantém-se na liderança, embora tenha os adversários directos mais próximos. Jorge Jesus tem um problema sério no seu plantel: a falta de opções. No jogo de ontem, o técnico dos encarnados apenas realizou uma substituição (Jonas por Samaris), deixando no banco jogadores como Pizzi, Jara, Cristante ou André Almeida. Quando era visível o enorme desgaste de alguns dos seus jogadores, J.J. preferiu manter os seus elementos titulares até final, ao invés de utilizar as duas substituições de que ainda dispunha.
Para concluir, dizer também que o árbitro madeirense Marco Ferreira não esteve bem nesta partida, pois, não marcou penaltis que deveria ter marcado. Em diversas ocasiões, exibiu cartões amarelos quando não devia, deixando-os no bolso noutras em que deveria tê-los mostrado.
Ricardo Jorge
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)