O percurso desportivo de Custódio é um bom exemplo de como a carreira de um futebolista se pode assemelhar a uma montanha russa, isto é, cheia de altos e baixo. Esta crónica não pretende assinalar o termo da carreira deste jogador, nascido em Brito, concelho de Guimarães, há 31 anos. Deseja-se até que esta possa continuar por mais alguns anos, assim as pernas o permitam.
No entanto, hoje encerra-se um dos capítulos mais importantes da vida futebolística do jogador, pois há momentos acabamos de tomar conhecimento da sua saída do SC Braga.
E sai da mesma forma que entrou, serenamente, sem grandes alaridos e com a época a decorrer. Numa entrevista ao site do clube, o jogador fez uma retrospectiva da sua passagem pela Pedreira, dos momentos mais marcantes, da responsabilidade que foi envergar a braçadeira de capitão e do orgulho que isso representou. Agradeceu a toda a gente, desde o presidente até ao roupeiro, sem esquecer os adeptos. Deixa ainda uma frase forte na despedida: “Este passou a ser o meu clube”.
Custódio iniciou o seu percurso nas camadas jovens do Vitória SC, mas cedo os olheiros de Alvalade lhe colocaram a vista em cima. Ainda muito jovem, ruma a Lisboa na época 1999/2000, com apenas 16 anos. Passou onze temporadas de leão ao peito, estreando-se na equipa principal do Sporting na época 2001/2002, pela mão de Lazlo Boloni. Nessa mesma época, conquista os títulos de Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal.
Na época 2004/2005, com José Peseiro, chega à primeira das finais europeias em que participou, nessa célebre partida disputada no novo estádio de Alvalade, tendo o anfitrião Sporting perdido para os russos do CSKA de Moscovo. Na época 2006/2007, com Paulo Bento, vence a segunda Taça de Portugal.
Contudo, na época seguinte a sua carreira dá a primeira cambalhota, ao transferir-se para os russos do Dynamo de Moscovo, juntamente com outros compatriotas portugueses. Esteve apenas duas épocas na Rússia, onde não se conseguiu adaptar, regressando ao Vitória de Guimarães em 2008/2009.
O anúncio da sua transferência de Guimarães para Braga em 2010, com a época já em curso, deixou meio mundo de boca aberta. O Braga vivia a euforia da primeira participação na Liga dos Campeões, depois de na época anterior ter disputado o título até à última jornada. Apesar da sua qualidade reconhecida e experiência acumulada, muitos duvidaram da sua capacidade de se afirmar nos arsenalistas, num momento em que até nem era primeira escolha no clube vimaranense.
Mas o internacional português não se deu por vencido e aos poucos começou a afirmar-se no conjunto titular, à data orientado por Domingos Paciência. E assim, acabou por se tornar num dos grandes obreiros dessa caminhada gloriosa do SC Braga até à histórica final de Dublin, ao marcar o golo decisivo diante do Benfica na segunda mão das meias-finais.
A época seguinte, com a orientação de Leonardo Jardim, confirmou-o como um dos grandes esteios dos Guerreiros do Minho, apesar de uma apoquentadora lesão que o impediu de dar o contributo à equipa até Janeiro. Ainda assim, vai muito a tempo de ajudar a equipa a conquistar o 3.º lugar e é dos seus pés que sai o golo, na última jornada frente ao Beira-mar, que carimba novo apuramento do clube para a Liga dos Campeões. Mas o melhor ainda estava para vir… com a inclusão nos vinte e três convocados de Paulo Bento para o Campeonato da Europa disputado na Polónia e Ucrânia. Custódio chegou a actuar em algumas partidas, embora iniciando como suplente, mas exibindo-se a bom nível. Não fora aquela meia-final dramática perdida para a Espanha nas grandes penalidades, quiçá teria juntado também um título às internacionalizações com a camisola das Quinas.
Em 2012/13, regressa com o Braga à Champions e junta mais um título ao seu palmarés, com a conquista da Taça da Liga em Coimbra diante do FC Porto.
A temporada transacta acaba por ser de má memória, não tanto pelo desempenho individual do jogador, mas mais pela desilusão que foi o Braga 2013/2014. Ainda assim, enquanto capitão de equipa sempre deu a cara, à semelhança de Alan e outros, assumindo as responsabilidades pela época nefasta.
Esta época, com a chegada de Sérgio Conceição, cedo se percebeu que o médio defensivo teria dificuldades em conquistar o seu espaço e impor a influência de outras épocas. O modelo de jogo do novo técnico arsenalista requer uma maior exigência física, da qual Custódio já não goza como em épocas anteriores. Além disso, as excelentes prestações de Danilo e Pedro Tiba acabaram por relegá-lo em definitivo para o banco de suplentes. Ainda assim, continuou a ser útil ao seu treinador quando lançado do banco, sobretudo em momentos de aflição que exigiam a presença de jogadores calejados e com capacidade de liderança. E nessas alturas Custódio foi capaz de cumprir, como no recente triunfo diante do Benfica no Estádio da Luz.
Assim, os adeptos do SC Braga já começarão a sentir saudades deste jogador que tanto contribuiu para o sucesso recente do clube. Mas acima de tudo, pela forma como se identificou com o clube e assimilou a sua mística, bem visível na forma vibrante como festejava os golos.
Da memória colectiva braguista certamente não se irá apagar tão cedo este momento mágico.
Obrigado, Custódio!
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
No entanto, hoje encerra-se um dos capítulos mais importantes da vida futebolística do jogador, pois há momentos acabamos de tomar conhecimento da sua saída do SC Braga.
E sai da mesma forma que entrou, serenamente, sem grandes alaridos e com a época a decorrer. Numa entrevista ao site do clube, o jogador fez uma retrospectiva da sua passagem pela Pedreira, dos momentos mais marcantes, da responsabilidade que foi envergar a braçadeira de capitão e do orgulho que isso representou. Agradeceu a toda a gente, desde o presidente até ao roupeiro, sem esquecer os adeptos. Deixa ainda uma frase forte na despedida: “Este passou a ser o meu clube”.
Custódio iniciou o seu percurso nas camadas jovens do Vitória SC, mas cedo os olheiros de Alvalade lhe colocaram a vista em cima. Ainda muito jovem, ruma a Lisboa na época 1999/2000, com apenas 16 anos. Passou onze temporadas de leão ao peito, estreando-se na equipa principal do Sporting na época 2001/2002, pela mão de Lazlo Boloni. Nessa mesma época, conquista os títulos de Campeão Nacional e vencedor da Taça de Portugal.
Na época 2004/2005, com José Peseiro, chega à primeira das finais europeias em que participou, nessa célebre partida disputada no novo estádio de Alvalade, tendo o anfitrião Sporting perdido para os russos do CSKA de Moscovo. Na época 2006/2007, com Paulo Bento, vence a segunda Taça de Portugal.
Contudo, na época seguinte a sua carreira dá a primeira cambalhota, ao transferir-se para os russos do Dynamo de Moscovo, juntamente com outros compatriotas portugueses. Esteve apenas duas épocas na Rússia, onde não se conseguiu adaptar, regressando ao Vitória de Guimarães em 2008/2009.
O anúncio da sua transferência de Guimarães para Braga em 2010, com a época já em curso, deixou meio mundo de boca aberta. O Braga vivia a euforia da primeira participação na Liga dos Campeões, depois de na época anterior ter disputado o título até à última jornada. Apesar da sua qualidade reconhecida e experiência acumulada, muitos duvidaram da sua capacidade de se afirmar nos arsenalistas, num momento em que até nem era primeira escolha no clube vimaranense.
Mas o internacional português não se deu por vencido e aos poucos começou a afirmar-se no conjunto titular, à data orientado por Domingos Paciência. E assim, acabou por se tornar num dos grandes obreiros dessa caminhada gloriosa do SC Braga até à histórica final de Dublin, ao marcar o golo decisivo diante do Benfica na segunda mão das meias-finais.
A época seguinte, com a orientação de Leonardo Jardim, confirmou-o como um dos grandes esteios dos Guerreiros do Minho, apesar de uma apoquentadora lesão que o impediu de dar o contributo à equipa até Janeiro. Ainda assim, vai muito a tempo de ajudar a equipa a conquistar o 3.º lugar e é dos seus pés que sai o golo, na última jornada frente ao Beira-mar, que carimba novo apuramento do clube para a Liga dos Campeões. Mas o melhor ainda estava para vir… com a inclusão nos vinte e três convocados de Paulo Bento para o Campeonato da Europa disputado na Polónia e Ucrânia. Custódio chegou a actuar em algumas partidas, embora iniciando como suplente, mas exibindo-se a bom nível. Não fora aquela meia-final dramática perdida para a Espanha nas grandes penalidades, quiçá teria juntado também um título às internacionalizações com a camisola das Quinas.
Em 2012/13, regressa com o Braga à Champions e junta mais um título ao seu palmarés, com a conquista da Taça da Liga em Coimbra diante do FC Porto.
A temporada transacta acaba por ser de má memória, não tanto pelo desempenho individual do jogador, mas mais pela desilusão que foi o Braga 2013/2014. Ainda assim, enquanto capitão de equipa sempre deu a cara, à semelhança de Alan e outros, assumindo as responsabilidades pela época nefasta.
Esta época, com a chegada de Sérgio Conceição, cedo se percebeu que o médio defensivo teria dificuldades em conquistar o seu espaço e impor a influência de outras épocas. O modelo de jogo do novo técnico arsenalista requer uma maior exigência física, da qual Custódio já não goza como em épocas anteriores. Além disso, as excelentes prestações de Danilo e Pedro Tiba acabaram por relegá-lo em definitivo para o banco de suplentes. Ainda assim, continuou a ser útil ao seu treinador quando lançado do banco, sobretudo em momentos de aflição que exigiam a presença de jogadores calejados e com capacidade de liderança. E nessas alturas Custódio foi capaz de cumprir, como no recente triunfo diante do Benfica no Estádio da Luz.
Assim, os adeptos do SC Braga já começarão a sentir saudades deste jogador que tanto contribuiu para o sucesso recente do clube. Mas acima de tudo, pela forma como se identificou com o clube e assimilou a sua mística, bem visível na forma vibrante como festejava os golos.
Da memória colectiva braguista certamente não se irá apagar tão cedo este momento mágico.
Obrigado, Custódio!
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)