Por estes dias, Duarte Gomes, árbitro do futebol português, entendeu que devia colocar o mundo da bola cá do burgo, a pensar com um sempre e muito filosófico: e se de repente…
Quis ele, com a pomposidade que as palavras dão, mas que os actos practicados, infelizmente para o árbitro madeirense, não lhe conferem, dar um ar que ser árbitro, escolha própria e não imposta, é uma ciência que só apenas os iluminados e puros de coração conseguem alcançar.
O texto, escrito pelo árbitro na sua página do facebook (mais um que aderiu à moda das redes sociais), não haja dúvidas, leva-nos a um patamar de profunda meditação que, se não estivermos atentos, às páginas tantas, somos levados acreditar que tudo o que Duarte Gomes escreve é a mais pura das realidades, mas não é.
Nesta missiva, pretende que o adepto que lê o texto se transforme em Duarte Gomes, ou seja, em árbitro, ocupando ele, Duarte Gomes, o lugar de adepto, como se nunca o tivesse feito. Eis aqui um grande erro, Duarte Gomes é árbitro porque quer ser árbitro, porque escolheu ser árbitro, porque isso lhe dá status, porque isso lhe confere um (bom) rendimento extra e porque isso lhe dá o poder de decidir. Que se saiba, ninguém apontou uma pistola à cabeça de Duarte Gomes obrigando-o a ser árbitro, por isso, sugerir, de forma leviana, que um adepto seja árbitro, é como querer que o rio Douro vá desaguar à Serra do Urbião, o que não faz sentido.
Todos sabemos que nem todos podem ser árbitros, mas também todos sabemos que alguns são, mas também não o deveriam ser.
Duarte Gomes tem todo o direito de se defender, de querer que a sua honra não seja beliscada, tem toda a legitimidade de não gostar de ser insultado, nem de ver insultada a sua família, ninguém gosta, mas daí, a presumir, que se os papéis forem invertidos o problema poderá ficar resolvido, é um erro de palmatória que revela a pequenez da análise feita. Nesta análise, Duarte Gomes, quer que cada um se coloque no seu lugar e com isso, possamos perceber o que um árbitro passa durante jogo, só faltou a Duarte Gomes analisar uma pequena questão, que, convenientemente, decidiu escamotear, a da competência, ou falta dela, no texto que escreveu e por aquilo que se lê, na sua óptica, os árbitros são todos bons, nenhum deles erra por querer (às vezes parece), nunca, em momento algum, Duarte Gomes assume que há erros de arbitragem que revelam a tal falta de competência e preparação e é isso que mais se condena nesta abordagem, para Duarte Gomes, errar é uma infelicidade, é uma falha que pode ser de visão, de análise do momento, de uma variada conjugação de factores, nela não entra, em momento algum, a incompetência, mas há árbitros incompetentes e colocar-lhes um apito na boca, não é crime, mas quase. Existem árbitros que não servem para o serviço e outros que devido à importância que julgam ter, no momento da verdade, borram a pintura toda e é isto que toda a classe dos árbitros ignora, pura e simplesmente por conveniência.
Enquanto os árbitros andarem a brincar ao “…e se de repente” as coisas vão ficar na mesma e não se vão resolver nenhum dos problemas que a classe enfrenta e que são muitos, porque, como fez Duarte Gomes, o melhor é colocar os outros a pensar em vez de se fazer uma análise profunda ao que realmente vai mal na arbitragem, é sempre mais conveniente fazer com que os outros passem por nós, como se isso fosse solução para os problemas. Como não é, esta narrativa, pode até obter os “likes” do facebook, ter imensas partilhas dos paladinos da verdade, mas é oca no conteúdo, porque jogar ao faz de conta, é brincadeira de miúdos.
É fácil ser árbitro? Não, não é, como tudo na vida, não é fácil ser polícia, nem médico, nem professor e etc… ficaríamos aqui a descrever profissões difíceis sem fim, porquê? Porque todas têm o seu grau de dificuldade. O que parece impossível, é com a idade que tem, Duarte Gomes não compreenda que não existem coisas fáceis, nós, a cada momento, é que temos de ser inteligentes o suficiente para as sabermos tornar fáceis e há árbitros, que por natureza não gostam de facilidades, acham que quanto mais complicarem melhor, só a título de exemplo, quem não se recorda do episódio que teve como protagonistas este mesmo árbitro, Duarte Gomes, e Ricardo Peres, na altura, treinador adjunto do Sporting. Fica a pergunta: e se de repente Ricardo Peres fosse Duarte Gomes? Era bem capaz de se ter evitado uma chatice, mas estejam descansados, afinal Duarte Gomes apenas era o árbitro dessa partida e ao que tudo indica, vai continuar apitar.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).
Quis ele, com a pomposidade que as palavras dão, mas que os actos practicados, infelizmente para o árbitro madeirense, não lhe conferem, dar um ar que ser árbitro, escolha própria e não imposta, é uma ciência que só apenas os iluminados e puros de coração conseguem alcançar.
O texto, escrito pelo árbitro na sua página do facebook (mais um que aderiu à moda das redes sociais), não haja dúvidas, leva-nos a um patamar de profunda meditação que, se não estivermos atentos, às páginas tantas, somos levados acreditar que tudo o que Duarte Gomes escreve é a mais pura das realidades, mas não é.
Nesta missiva, pretende que o adepto que lê o texto se transforme em Duarte Gomes, ou seja, em árbitro, ocupando ele, Duarte Gomes, o lugar de adepto, como se nunca o tivesse feito. Eis aqui um grande erro, Duarte Gomes é árbitro porque quer ser árbitro, porque escolheu ser árbitro, porque isso lhe dá status, porque isso lhe confere um (bom) rendimento extra e porque isso lhe dá o poder de decidir. Que se saiba, ninguém apontou uma pistola à cabeça de Duarte Gomes obrigando-o a ser árbitro, por isso, sugerir, de forma leviana, que um adepto seja árbitro, é como querer que o rio Douro vá desaguar à Serra do Urbião, o que não faz sentido.
Todos sabemos que nem todos podem ser árbitros, mas também todos sabemos que alguns são, mas também não o deveriam ser.
Duarte Gomes tem todo o direito de se defender, de querer que a sua honra não seja beliscada, tem toda a legitimidade de não gostar de ser insultado, nem de ver insultada a sua família, ninguém gosta, mas daí, a presumir, que se os papéis forem invertidos o problema poderá ficar resolvido, é um erro de palmatória que revela a pequenez da análise feita. Nesta análise, Duarte Gomes, quer que cada um se coloque no seu lugar e com isso, possamos perceber o que um árbitro passa durante jogo, só faltou a Duarte Gomes analisar uma pequena questão, que, convenientemente, decidiu escamotear, a da competência, ou falta dela, no texto que escreveu e por aquilo que se lê, na sua óptica, os árbitros são todos bons, nenhum deles erra por querer (às vezes parece), nunca, em momento algum, Duarte Gomes assume que há erros de arbitragem que revelam a tal falta de competência e preparação e é isso que mais se condena nesta abordagem, para Duarte Gomes, errar é uma infelicidade, é uma falha que pode ser de visão, de análise do momento, de uma variada conjugação de factores, nela não entra, em momento algum, a incompetência, mas há árbitros incompetentes e colocar-lhes um apito na boca, não é crime, mas quase. Existem árbitros que não servem para o serviço e outros que devido à importância que julgam ter, no momento da verdade, borram a pintura toda e é isto que toda a classe dos árbitros ignora, pura e simplesmente por conveniência.
Enquanto os árbitros andarem a brincar ao “…e se de repente” as coisas vão ficar na mesma e não se vão resolver nenhum dos problemas que a classe enfrenta e que são muitos, porque, como fez Duarte Gomes, o melhor é colocar os outros a pensar em vez de se fazer uma análise profunda ao que realmente vai mal na arbitragem, é sempre mais conveniente fazer com que os outros passem por nós, como se isso fosse solução para os problemas. Como não é, esta narrativa, pode até obter os “likes” do facebook, ter imensas partilhas dos paladinos da verdade, mas é oca no conteúdo, porque jogar ao faz de conta, é brincadeira de miúdos.
É fácil ser árbitro? Não, não é, como tudo na vida, não é fácil ser polícia, nem médico, nem professor e etc… ficaríamos aqui a descrever profissões difíceis sem fim, porquê? Porque todas têm o seu grau de dificuldade. O que parece impossível, é com a idade que tem, Duarte Gomes não compreenda que não existem coisas fáceis, nós, a cada momento, é que temos de ser inteligentes o suficiente para as sabermos tornar fáceis e há árbitros, que por natureza não gostam de facilidades, acham que quanto mais complicarem melhor, só a título de exemplo, quem não se recorda do episódio que teve como protagonistas este mesmo árbitro, Duarte Gomes, e Ricardo Peres, na altura, treinador adjunto do Sporting. Fica a pergunta: e se de repente Ricardo Peres fosse Duarte Gomes? Era bem capaz de se ter evitado uma chatice, mas estejam descansados, afinal Duarte Gomes apenas era o árbitro dessa partida e ao que tudo indica, vai continuar apitar.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).