Depois de terem conseguido uma importante vitória na República Checa, diante do Slovan Liberec, num jogo relativo à fase de grupos da Liga Europa, o 100.º na história do clube, os Guerreiros do Minho apresentavam-se confiantes, mas ao mesmo tempo cautelosos, aquando da visita do Marítimo. Pois, na temporada passada, os insulares haviam vencido na Pedreira por concludentes 1-3, naquela que foi provavelmente uma das piores exibições da equipa bracarense no seu estádio.
Por força das suspensões de Mauro e Boly, acrescido das lesões de Crislán, Román e Hassan, o treinador Paulo Fonseca teria obrigatoriamente de fazer alterações na constituição inicial. Mas o timoneiro bracarense foi mais longe. Para o lugar de Boly no eixo da defesa entrou Ricardo Ferreira, que fez a sua estreia a titular e não comprometeu, tendo encaixado sem dificuldade num quarteto há muito rotinado, onde pontificam André Pinto, Baiano e Djavan. Para a linha-média, regressou Luiz Carlos. O trinco brasileiro, bem conhecido do treinador desde os tempos de Paços de Ferreira, continua a ser primeira opção em detrimento do recente reforço Felipe Augusto. Para as alas, a opção voltou a recair na dupla Rafa e Pedro Santos. Depois de dois jogos a titular, no Estoril e em Liberec, o capitão Alan regressou ao banco. Já Rui Fonte, que tal como Alan fora titular nos dois últimos encontros, manteve o lugar no onze.
Mas os grandes protagonistas deste jogo foram os homens dos balcãs. No centro do terreno, Vukcevic tem-se revelado um gigante. Aquele que esteve com um pé fora do clube, agarrou com unhas e dentes a oportunidade que Paulo Fonseca lhe concedeu. A cada jogo que passa, a sua influência na manobra da equipa vai crescendo. Ontem, dos seus pés saíram passes para dois golos da equipa. E já não são apenas os adeptos do Braga a ficarem bem impressionados pelas suas boas prestações, pois, nas redes sociais o jornalista Carlos Daniel apelidou-o de “pequeno Matic”.
A outra figura do encontro, também ele dos balcãs e com um nome quase impronunciável, foi o avançado Stojilikovic, ele que também se estreou a titular no lugar do lesionado Crislán, não o fez por menos e apontou dois importantes golos nesta sua primeira aparição no onze. Se o primeiro golo, que abriu o caminho para a goleada de mão-cheia, foi um portentoso remate de pé esquerdo que surpreendeu toda a gente, o segundo foi uma demonstração de classe e frieza no momento de finalizar. Mas para além dos golos, o sérvio demonstrou capacidade de luta, de retenção de bola e combinação com os companheiros do ataque. Em suma, uma boa “dor-de-cabeça” para Paulo Fonseca, que vê assim alargado o leque de escolhas para a frente de ataque, onde se mantém fiel ao 4-4-2 que obriga a alinhar com dois elementos no eixo ofensivo.
O resultado final de 5-1 não espelha a diferença real entre as equipas, porque o Marítimo na primeira parte demonstrou ser uma das equipas mais competitivas do campeonato. Porém, tal como admitiu o treinador Ivo Vieira no final do encontro, os madeirenses não foram emocionalmente fortes. E assim, não souberam reagir às adversidades provocadas pelo adversário nem às condicionantes do decorrer do jogo. Apesar de tudo, nos primeiros quarenta e cinco minutos exerceram uma pressão-alta constante, tentando dificultar a saída de bola dos bracarenses. Mas os homens de casa souberam contrariar essa pressão através de saídas rápidas e lançamentos longos. Aqui, valeram a acção de Rafa e Pedro Santos, sempre buliçosos nas alas, a constante movimentação de Rui Fonte na frente, que dificultava o acerto das marcações, e ainda a capacidade de luta de Stojilikovic. Julgo que a defesa maritimista nunca se conseguiu adaptar à forma de jogar do Braga, onde o posicionamento atacante dos jogadores varia constantemente. Além disso, talvez fruto da pressão alta logo à entrada da área bracarense, o quarteto defensivo era obrigado a subir no terreno e muitas vezes foram surpreendidos pelos lançamentos longos para as suas costas.
Como já referido, o golo soberbo de Stojilikovic aos 7 minutos funcionou como uma espécie de “abre-latas”. Apesar da partida até ter estado equilibrada em termos de domínio de jogo e posse de bola, os da casa foram sempre mais perigosos e à passagem da meia-hora chegaram ao segundo golo, novamente pelo avançado sérvio.
Mas o Marítimo relançou a partida logo a seguir, através de Dyego Sousa, na sequência de um lance de desconcentração da defesa bracarense. Talvez o único erro defensivo nesta partida dos pupilos de Paulo Fonseca.
Ao intervalo, o treinador do Marítimo fez duas alterações, sendo uma delas forçada, já que teve de retirar de campo o único ponta-de-lança de que dispunha e que marcara o golo da equipa, adaptando o arménio Ghazaryan a avançado de centro e lançando a jogo Tiago Rodrigues para a posição de construtor de jogo. A outra alteração consistiu no recuar de João Diogo para lateral-direito, lançando a jogo o extremo Xavier.
Estas mexidas de Ivo Vieira pioraram o rendimento da equipa, pois, nunca mais os seus jogadores se encontraram e, perante um adversário que se tem revelado forte em casa, o desastre tornou-se irreversível. Foram precisos apenas 15 minutos para que o Braga voltasse a marcar, desta vez por Rafa depois de nova assistência com classe de Vukcevic. Ao jovem extremo parece ter feito bem a terapia de banco, pois já leva dois golos em dois jogos consecutivos e acumula também boas exibições. Mas ainda assim, Paulo Fonseca preferiu gerir-lhe o esforço ao invés de lhe dar mais minutos de jogo, tendo lançado Alan na partida. O veterano capitão arsenalista, também entrou disposto a continuar a dar ares da sua graça, como que a querer provar que ainda tem muito futebol para dar.
Na sua primeira intervenção, permitiu a Stojilikovic isolar-se, mas, quando o sérvio se preparava para fazer o hat-trick, foi puxado por João Diogo, tendo este provocado penalti e a sua expulsão. Alan que seria inicialmente chamado a converter o castigo máximo, permitiu ao colega Rui Fonte a marcação, mas o jovem avançado rematou fraco e denunciado para a defesa de Salin. Minutos mais tarde, novamente Alan numa incursão pela direita conseguiu arrancar nova grande penalidade, que desta vez o próprio converteu através de remate ao estilo de “paradinha”. Haveria ainda tempo para o Marítimo ficar reduzido a nove elementos, com a expulsão do central Raul por acumulação de amarelos. E antes de acabar, Rui Fonte que estivera muito activo, mas igualmente perdulário, lá teria também oportunidade de se estrear a marcar e sentenciar a partida no 5-1 final.
Em suma, o Braga consegue o pleno de vitórias em casa, tendo marcado onze golos nos três jogos disputados, ascendendo novamente ao 4.º lugar da classificação em igualdade pontual com o Benfica. Na próxima jornada, os Guerreiros do Minho vão tentar inverter a tendência negativa nos jogos fora-de-casa a contar para o campeonato, onde ainda não pontuaram e nem sequer conseguiram marcar qualquer golo.
Só que o próximo jogo, para além de se adivinhar muito complicado, será também especial! Não só porque se disputa o primeiro round do dérbi mais apetecido do campeonato, no estádio Dom Afonso Henriques em Guimarães, mas porque os vimaranenses vão estrear um novo treinador. E esse treinador é: (pasmem-se!) Sérgio Conceição. O técnico conimbricense está de regresso e no seu jogo de estreia no banco do Vitória irá defrontar o seu antigo clube, de onde saiu após um divórcio nada amistoso.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Por força das suspensões de Mauro e Boly, acrescido das lesões de Crislán, Román e Hassan, o treinador Paulo Fonseca teria obrigatoriamente de fazer alterações na constituição inicial. Mas o timoneiro bracarense foi mais longe. Para o lugar de Boly no eixo da defesa entrou Ricardo Ferreira, que fez a sua estreia a titular e não comprometeu, tendo encaixado sem dificuldade num quarteto há muito rotinado, onde pontificam André Pinto, Baiano e Djavan. Para a linha-média, regressou Luiz Carlos. O trinco brasileiro, bem conhecido do treinador desde os tempos de Paços de Ferreira, continua a ser primeira opção em detrimento do recente reforço Felipe Augusto. Para as alas, a opção voltou a recair na dupla Rafa e Pedro Santos. Depois de dois jogos a titular, no Estoril e em Liberec, o capitão Alan regressou ao banco. Já Rui Fonte, que tal como Alan fora titular nos dois últimos encontros, manteve o lugar no onze.
Mas os grandes protagonistas deste jogo foram os homens dos balcãs. No centro do terreno, Vukcevic tem-se revelado um gigante. Aquele que esteve com um pé fora do clube, agarrou com unhas e dentes a oportunidade que Paulo Fonseca lhe concedeu. A cada jogo que passa, a sua influência na manobra da equipa vai crescendo. Ontem, dos seus pés saíram passes para dois golos da equipa. E já não são apenas os adeptos do Braga a ficarem bem impressionados pelas suas boas prestações, pois, nas redes sociais o jornalista Carlos Daniel apelidou-o de “pequeno Matic”.
A outra figura do encontro, também ele dos balcãs e com um nome quase impronunciável, foi o avançado Stojilikovic, ele que também se estreou a titular no lugar do lesionado Crislán, não o fez por menos e apontou dois importantes golos nesta sua primeira aparição no onze. Se o primeiro golo, que abriu o caminho para a goleada de mão-cheia, foi um portentoso remate de pé esquerdo que surpreendeu toda a gente, o segundo foi uma demonstração de classe e frieza no momento de finalizar. Mas para além dos golos, o sérvio demonstrou capacidade de luta, de retenção de bola e combinação com os companheiros do ataque. Em suma, uma boa “dor-de-cabeça” para Paulo Fonseca, que vê assim alargado o leque de escolhas para a frente de ataque, onde se mantém fiel ao 4-4-2 que obriga a alinhar com dois elementos no eixo ofensivo.
O resultado final de 5-1 não espelha a diferença real entre as equipas, porque o Marítimo na primeira parte demonstrou ser uma das equipas mais competitivas do campeonato. Porém, tal como admitiu o treinador Ivo Vieira no final do encontro, os madeirenses não foram emocionalmente fortes. E assim, não souberam reagir às adversidades provocadas pelo adversário nem às condicionantes do decorrer do jogo. Apesar de tudo, nos primeiros quarenta e cinco minutos exerceram uma pressão-alta constante, tentando dificultar a saída de bola dos bracarenses. Mas os homens de casa souberam contrariar essa pressão através de saídas rápidas e lançamentos longos. Aqui, valeram a acção de Rafa e Pedro Santos, sempre buliçosos nas alas, a constante movimentação de Rui Fonte na frente, que dificultava o acerto das marcações, e ainda a capacidade de luta de Stojilikovic. Julgo que a defesa maritimista nunca se conseguiu adaptar à forma de jogar do Braga, onde o posicionamento atacante dos jogadores varia constantemente. Além disso, talvez fruto da pressão alta logo à entrada da área bracarense, o quarteto defensivo era obrigado a subir no terreno e muitas vezes foram surpreendidos pelos lançamentos longos para as suas costas.
Como já referido, o golo soberbo de Stojilikovic aos 7 minutos funcionou como uma espécie de “abre-latas”. Apesar da partida até ter estado equilibrada em termos de domínio de jogo e posse de bola, os da casa foram sempre mais perigosos e à passagem da meia-hora chegaram ao segundo golo, novamente pelo avançado sérvio.
Mas o Marítimo relançou a partida logo a seguir, através de Dyego Sousa, na sequência de um lance de desconcentração da defesa bracarense. Talvez o único erro defensivo nesta partida dos pupilos de Paulo Fonseca.
Ao intervalo, o treinador do Marítimo fez duas alterações, sendo uma delas forçada, já que teve de retirar de campo o único ponta-de-lança de que dispunha e que marcara o golo da equipa, adaptando o arménio Ghazaryan a avançado de centro e lançando a jogo Tiago Rodrigues para a posição de construtor de jogo. A outra alteração consistiu no recuar de João Diogo para lateral-direito, lançando a jogo o extremo Xavier.
Estas mexidas de Ivo Vieira pioraram o rendimento da equipa, pois, nunca mais os seus jogadores se encontraram e, perante um adversário que se tem revelado forte em casa, o desastre tornou-se irreversível. Foram precisos apenas 15 minutos para que o Braga voltasse a marcar, desta vez por Rafa depois de nova assistência com classe de Vukcevic. Ao jovem extremo parece ter feito bem a terapia de banco, pois já leva dois golos em dois jogos consecutivos e acumula também boas exibições. Mas ainda assim, Paulo Fonseca preferiu gerir-lhe o esforço ao invés de lhe dar mais minutos de jogo, tendo lançado Alan na partida. O veterano capitão arsenalista, também entrou disposto a continuar a dar ares da sua graça, como que a querer provar que ainda tem muito futebol para dar.
Na sua primeira intervenção, permitiu a Stojilikovic isolar-se, mas, quando o sérvio se preparava para fazer o hat-trick, foi puxado por João Diogo, tendo este provocado penalti e a sua expulsão. Alan que seria inicialmente chamado a converter o castigo máximo, permitiu ao colega Rui Fonte a marcação, mas o jovem avançado rematou fraco e denunciado para a defesa de Salin. Minutos mais tarde, novamente Alan numa incursão pela direita conseguiu arrancar nova grande penalidade, que desta vez o próprio converteu através de remate ao estilo de “paradinha”. Haveria ainda tempo para o Marítimo ficar reduzido a nove elementos, com a expulsão do central Raul por acumulação de amarelos. E antes de acabar, Rui Fonte que estivera muito activo, mas igualmente perdulário, lá teria também oportunidade de se estrear a marcar e sentenciar a partida no 5-1 final.
Em suma, o Braga consegue o pleno de vitórias em casa, tendo marcado onze golos nos três jogos disputados, ascendendo novamente ao 4.º lugar da classificação em igualdade pontual com o Benfica. Na próxima jornada, os Guerreiros do Minho vão tentar inverter a tendência negativa nos jogos fora-de-casa a contar para o campeonato, onde ainda não pontuaram e nem sequer conseguiram marcar qualquer golo.
Só que o próximo jogo, para além de se adivinhar muito complicado, será também especial! Não só porque se disputa o primeiro round do dérbi mais apetecido do campeonato, no estádio Dom Afonso Henriques em Guimarães, mas porque os vimaranenses vão estrear um novo treinador. E esse treinador é: (pasmem-se!) Sérgio Conceição. O técnico conimbricense está de regresso e no seu jogo de estreia no banco do Vitória irá defrontar o seu antigo clube, de onde saiu após um divórcio nada amistoso.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)