Este defeso ficou marcado por algumas contratações surpreendentes, por decisões inusitadas e por duas boas participações lusas, nas suas camadas mais jovens, em provas internacionais. E é neste último ponto, que nos vamos centrar.
É certo que os resultados poderiam (deveriam) ter sido outros, é bem verdade que ser derrotados, nas duas competições (Campeonato do Mundo de SUB-20 e Campeonato da Europa de SUB-21), após a marcação de grandes penalidades deve merecer, da parte de quem comanda, a melhor das atenções, até porque tem sido quase sempre regra a derrota, e excepção a vitória, deve-se inverter este desígnio para nos aproximarmos do sucesso, contudo, o trabalho que se faz hoje nos escalões de formação da equipa das quinas, está a dar os seus frutos.
Convém dizer, aqui chegados e ao contrário daquilo que muitos pensam, que há neste sucesso agora obtido, muito mérito de Carlos Queiroz. Pode não se gostar da pessoa, do feitio, do estilo e pode até não se achar que o actual seleccionador do Irão seja um bom técnico, mas os escalões de formação de Portugal, se estão no patamar que estão, na minha opinião, devem-no à sua excepcional visão em relação ao trabalho com os mais jovens. Não será obra do acaso que os únicos sucessos obtidos em campeonatos do mundo de SUB-20 tenham o seu cunho e que este renascimento das selecções mais jovens surja após a sua segunda passagem pela FPF. Poderá dizer-se, que depois do baptizado feito, não faltarão padrinhos, é verdade, mas julgo, olhando para o desenrolar dos anos, que a mão de Queiroz tem muito a ver com estes resultados.
Infelizmente assistiu-se durante muito tempo (coincidiu com o período imediatamente a seguir à primeira passagem de Carlos Queiroz pela selecção A) a uma total ausência de coordenação do trabalho nas selecções jovens, ausência essa que atingiu o expoente máximo com Luiz Felipe Scolari, que tinha muito jeito para motivar as tropas, que era excelente a vender ilusões, um mestre na arte de comunicar, pago a preço de ouro mas que na formação, onde o seu trabalho também deveria incidir, fez zero. Nada. Uma total estagnação. Arrepiado este caminho, Queiroz surgiu com uma nova ideia do futebol de formação e assistimos, pelo menos para já, a uma continuidade que nos faz prever, fruto das boas condições que parecem agora existir dentro da estrutura da FPF, um futuro mais risonho em relação aos diversos escalões do futebol português. Oxalá os sucessos apareçam e que a continuidade se faça com um fio condutor, mesmo quando o insucesso surgir (como foi o caso), porque esse também faz parte do processo de evolução. Não se pode é tornar um triste hábito.
Obviamente que há mais factores que contribuíram e contribuem para esta melhoria, destaco dois:
1. Criação das equipas B, quando devidamente aproveitadas permitem aos jogadores estar em graus competitivos mais elevados, isso fá-los crescer de forma mais consistente e com maior dose de acerto; dá também aos clubes, a possibilidade de assistirem à evolução dos seus jogadores “dentro de portas”;
2. Crise económica, neste caso, há males que vêm por bem, as dificuldades que os clubes atravessam, obrigam a refrear o investimento no estrangeiro e isso fá-los darem mais crédito ao produto nacional e simultaneamente se invista mais, na chamada “prata da casa”;
Também se deve destacar, porque nada funciona ao acaso, a escolha dos timoneiros, são homens que orientam e ajudam a formar estes jogadores. Sobre Rui Jorge e Hélio Sousa, pouco haverá a dizer, indivíduos com formação, que foram exemplos de uma geração, que passaram pelas selecções e que são modelos para os jogadores. Olha-se para eles e tanto um como o outro, transmitem, mesmo nos piores momentos, como foi o caso das grandes penalidades, uma calma e um saber estar que nos faz confiar. Sem dúvida, os homens certos, nos lugares certos.
Importa agora pensar que ainda há muito para fazer, que estas participações, sendo boas, podem e devem ser melhoradas. Há matéria humana para começar a ganhar, nomes como: José Sá, Paulo Oliveira, Tiago Ilori, William Carvalho, Sérgio Oliveira, Bernardo Silva, Rony Lopes, Gelson Martins, Tomás Podstawski, Raphael Guzzo, André Silva e Gonçalo Guedes, dão-nos esperança para que no futuro se crie o hábito da vitória, para se conquistarem troféus e, acima de tudo, porque o próximo ano terá duas competições importantes (EURO2016 e JOGOS OLÍMPICOS RIO2016), se comece a dar oportunidade a estes jovens para se mostrarem na selecção principal, para que haja continuidade do seu percurso nas selecções e a tão propalada renovação na selecção A. Estas podem não ser gerações de ouro, mas andam lá perto.
E já agora, porque é importante, treinem os penaltis.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).
É certo que os resultados poderiam (deveriam) ter sido outros, é bem verdade que ser derrotados, nas duas competições (Campeonato do Mundo de SUB-20 e Campeonato da Europa de SUB-21), após a marcação de grandes penalidades deve merecer, da parte de quem comanda, a melhor das atenções, até porque tem sido quase sempre regra a derrota, e excepção a vitória, deve-se inverter este desígnio para nos aproximarmos do sucesso, contudo, o trabalho que se faz hoje nos escalões de formação da equipa das quinas, está a dar os seus frutos.
Convém dizer, aqui chegados e ao contrário daquilo que muitos pensam, que há neste sucesso agora obtido, muito mérito de Carlos Queiroz. Pode não se gostar da pessoa, do feitio, do estilo e pode até não se achar que o actual seleccionador do Irão seja um bom técnico, mas os escalões de formação de Portugal, se estão no patamar que estão, na minha opinião, devem-no à sua excepcional visão em relação ao trabalho com os mais jovens. Não será obra do acaso que os únicos sucessos obtidos em campeonatos do mundo de SUB-20 tenham o seu cunho e que este renascimento das selecções mais jovens surja após a sua segunda passagem pela FPF. Poderá dizer-se, que depois do baptizado feito, não faltarão padrinhos, é verdade, mas julgo, olhando para o desenrolar dos anos, que a mão de Queiroz tem muito a ver com estes resultados.
Infelizmente assistiu-se durante muito tempo (coincidiu com o período imediatamente a seguir à primeira passagem de Carlos Queiroz pela selecção A) a uma total ausência de coordenação do trabalho nas selecções jovens, ausência essa que atingiu o expoente máximo com Luiz Felipe Scolari, que tinha muito jeito para motivar as tropas, que era excelente a vender ilusões, um mestre na arte de comunicar, pago a preço de ouro mas que na formação, onde o seu trabalho também deveria incidir, fez zero. Nada. Uma total estagnação. Arrepiado este caminho, Queiroz surgiu com uma nova ideia do futebol de formação e assistimos, pelo menos para já, a uma continuidade que nos faz prever, fruto das boas condições que parecem agora existir dentro da estrutura da FPF, um futuro mais risonho em relação aos diversos escalões do futebol português. Oxalá os sucessos apareçam e que a continuidade se faça com um fio condutor, mesmo quando o insucesso surgir (como foi o caso), porque esse também faz parte do processo de evolução. Não se pode é tornar um triste hábito.
Obviamente que há mais factores que contribuíram e contribuem para esta melhoria, destaco dois:
1. Criação das equipas B, quando devidamente aproveitadas permitem aos jogadores estar em graus competitivos mais elevados, isso fá-los crescer de forma mais consistente e com maior dose de acerto; dá também aos clubes, a possibilidade de assistirem à evolução dos seus jogadores “dentro de portas”;
2. Crise económica, neste caso, há males que vêm por bem, as dificuldades que os clubes atravessam, obrigam a refrear o investimento no estrangeiro e isso fá-los darem mais crédito ao produto nacional e simultaneamente se invista mais, na chamada “prata da casa”;
Também se deve destacar, porque nada funciona ao acaso, a escolha dos timoneiros, são homens que orientam e ajudam a formar estes jogadores. Sobre Rui Jorge e Hélio Sousa, pouco haverá a dizer, indivíduos com formação, que foram exemplos de uma geração, que passaram pelas selecções e que são modelos para os jogadores. Olha-se para eles e tanto um como o outro, transmitem, mesmo nos piores momentos, como foi o caso das grandes penalidades, uma calma e um saber estar que nos faz confiar. Sem dúvida, os homens certos, nos lugares certos.
Importa agora pensar que ainda há muito para fazer, que estas participações, sendo boas, podem e devem ser melhoradas. Há matéria humana para começar a ganhar, nomes como: José Sá, Paulo Oliveira, Tiago Ilori, William Carvalho, Sérgio Oliveira, Bernardo Silva, Rony Lopes, Gelson Martins, Tomás Podstawski, Raphael Guzzo, André Silva e Gonçalo Guedes, dão-nos esperança para que no futuro se crie o hábito da vitória, para se conquistarem troféus e, acima de tudo, porque o próximo ano terá duas competições importantes (EURO2016 e JOGOS OLÍMPICOS RIO2016), se comece a dar oportunidade a estes jovens para se mostrarem na selecção principal, para que haja continuidade do seu percurso nas selecções e a tão propalada renovação na selecção A. Estas podem não ser gerações de ouro, mas andam lá perto.
E já agora, porque é importante, treinem os penaltis.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).