Os confrontos entre SC Braga e Vitória SC são sempre duelos muito apetecidos, mas poucos tiveram tantos motivos de interesse como este último realizado, a contar para a 4.ª eliminatória da Taça de Portugal 2014/15. Independentemente do momento de uma e outra formação, o factor casa é o principal critério que determina o favoritismo à vitória. Portanto, os da casa transportavam nos ombros esse favoritismo, aliado ao facto de estarem a realizar uma campanha sensacional na liga. Os vimaranenses seguem no segundo lugar da classificação, a dois pontos do líder, e vão passeando classe pelos relvados de Portugal, com um plantel construído tendo por base a equipa B e os escalões de formação do clube. Motivos de sobra para as gentes de Guimarães terem encarado esta eliminatória, diante do eterno rival, com entusiasmo e confiança, sonhando repetir a brilhante conquista no Jamor de 2013.
Do outro lado estava igualmente uma equipa em bom momento, pese embora uma maior irregularidade em termos de resultados e exibições, que para já só lhe permite estar no 5.º lugar da liga. Ao passo que os comandados de Rui Vitória permaneciam invictos no seu estádio, os homens de Sérgio Conceição ainda não tinham vencido nenhum jogo oficial fora de portas nesta época.
Em vésperas da partida, embora respeitando sempre o adversário, o treinador arsenalista jogou ao ataque dizendo que a primeira vitória fora estava reservada para Guimarães. Mas foi só no jogo de palavras, porque o técnico do Braga sabia perfeitamente que não poderia seguir essa estratégia de jogar ao ataque se quisesse sair vitorioso do estádio D. Afonso Henriques.
E assim foi. O Braga optou por jogar com as suas linhas mais recuadas, entregando a iniciativa ao adversário. No entanto, a primeira ocasião de golo pertenceu aos visitantes, numa jogada pela direita começada por Rafa, depois aproveitada por Pardo que cruzou para a área, surgindo Éder a cabecear, mas o defesa vitoriano Bruno Gaspar salvou em cima da linha de golo. O Vitória assumia as despesas do jogo, contando com a consistência de André André, a criatividade de Bernard e a espontaneidade de Hernâni, o melhor em campo dos vimaranenses. Porém, só através de lances de bola parada chegava perigo à baliza do russo Kritciuk, ontem titular e a corresponder à confiança do treinador com uma exibição muito segura.
O jogo disputava-se a bom ritmo, com boas jogadas de entendimento entre os artistas e muita entrega na disputa das jogadas. Mas, como não há bela sem senão, haveria de surgir um protagonista pela negativa: o árbitro Duarte Gomes. Nomeado para apitar o jogo de cartaz da 4.ª eliminatória, o juiz lisboeta revelou não estar à altura do elevado nível das duas equipas, acumulando erros técnicos e disciplinares.
Logo aos 12 minutos, enganou-se na exibição do cartão a punir uma falta de Éder, mostrando o cartão vermelho, corrigindo depois exibindo o amarelo.
Por volta do minuto 20, há um derrube claro de Rúben Micael pelas costas na área vitoriana, o árbitro nada assinalou.
Entretanto, a toada do jogo mantinha-se. O Vitória com domínio territorial, conquistava vários cantos e livres perto da área, os jogadores do Braga sempre com grande intensidade na abordagem das jogadas, sacudiam a pressão e aos 32 minutos, no seguimento de uma boa desmarcação de Danilo, Éder arrancou pela direita e disparou um remate forte, rasteiro, que passou muito perto do poste direito da baliza de Assis. Só que os forasteiros não se livravam dos sucessivos cartões exibidos pelo árbitro. Aliás, quem for consultar a ficha disciplinar do jogo, há-de julgar ter-se tratado de uma batalha campal. Nem pouco mais ou menos.
Aos 39, começa o primeiro de três minutos decisivos para a história do jogo. Numa confusa disputa de bola à entrada da área vimaranense, Rafa surge de rompante a aproveitar um ressalto, faz um primeiro balão sobre a cabeça de Bruno Gaspar, ganha depois posição já dentro da área e sem deixar a bola cair no solo, desfere um magistral chapéu a Assis, levando o esférico ao ângulo superior da baliza. Estava inaugurado o marcador através de uma execução de antologia do jovem extremo bracarense.
Mal refeitos do impacto deste primeiro golo, os jogadores da casa tentam responder de imediato. Mas aos 41 minutos, novamente na sequência de um mau alívio defensivo, desta vez na linha média, a bola vai sobrar para Pardo. O colombiano enceta uma cavalgada em direcção à baliza e, pleno de confiança, consegue fintar um oponente e disparar para o fundo das redes de um desamparado Assis.
Rui Vitória não queria acreditar no que lhe estava a acontecer. Numa primeira parte em que viu a sua equipa a jogar bem e a ter o controlo das operações, sai para as cabines com uma desvantagem de dois golos, produzidos através de uma terrível eficácia do adversário.
Ao intervalo, o técnico vitoriano terá tentado reavivar o estado anímico dos seus pupilos. Quiçá, aconselhando-os a não pensarem logo na remontada (tarefa hercúlea). A invés, para se concentrarem em fazer o 1-2, pois isso galvanizaria a equipa, o entusiasmo do público eclodiria, em sentido inverso a força anímica do adversário cairia, e depois acabariam por chegar ao 2-2 que os levaria ao prolongamento com maior arcaboiço mental que o adversário.
Mas Rui Vitória sabia também de quão venenoso é o contra-ataque adversário. E assim, caso optasse por iniciar a segunda parte deliberadamente ao ataque, arriscava demasiados desequilíbrios defensivos que poderiam permitir ao adversário chegar ao terceiro golo e matar definitivamente o jogo.
Por isso, no reatamento entraram os mesmos 11 de um e outro conjunto. A segunda parte iniciou-se de forma menos intensa que a primeira. Muito por culpa da estratégia delineada por Sérgio Conceição, que consistia em baixar a velocidade do jogo, manter as linhas recuadas com os sectores próximos e preferir a posse de bola aos lançamentos rápidos para o ataque.
Vendo o rame-rame que a partida estava a tomar, aos 55 minutos Rui Vitória decide-se a arriscar, retirando o lateral-esquerdo e lançando o avançado Alvarez para o centro do ataque.
Ao minuto 60, novo erro de Duarte Gomes. André Pinto, uma vez mais o grande esteio da defesa bracarense, ao cortar uma bola de carrinho, não consegue evitar de a jogar com o braço no ressalto. Grande penalidade a favor do Vitória não assinalada.
Cinco minutos depois, novamente o Braga a sair em transições, Rafa surge isolado na cara de Assis, mas o brasileiro sai bem à bola e com uma mancha impede o jovem internacional português de bisar na partida.
Pouco tempo depois, na outra área, o irrequieto Hernâni escapa-se a Marcelo Goiano, lateral-esquerdo de serviço ontem, e este rasteira o jovem extremo fora da área. O árbitro sanciona a falta, exibe o segundo amarelo ao brasileiro e consequente expulsão. Mas volta a errar rotundamente, ao assinalar grande penalidade. Chamado à conversão, o “maestro” André André não vacilou e reduziu a contenda aos 71 minutos.
A partir daqui, o jogo tornou-se de sentido único. Em face da desvantagem de golos reduzida e da vantagem numérica resultante da expulsão de Goiano, os vitorianos carregaram sobre o adversário na tentativa de chegar à igualdade. A muralha bracarense dava sinais de ruir e só uma exibição de grande concentração, rigor e eficácia defensiva evitou males maiores para a baliza do russo Kritciuk, que também colaborou com os companheiros oferecendo segurança e atenção nas suas intervenções.
Sérgio Conceição, que antes do golo se preparava para lançar Custódio na tentativa de adicionar mais consistência defensiva ao seu meio campo, viu-se obrigado a recolocar as peças do seu xadrez. Lançou em simultâneo Salvador Agra e Pedro Santos, dois elementos rápidos capazes de defender e atacar, mas com disponibilidade física para compensar o natural desgaste dos restantes companheiros. Tal como Goiano, também Pedro Santos se viu e desejou para tentar travar o fulminante Hernâni. Então, Sérgio Conceição decidiu abdicar do ponta-de-lança Éder, colocando em campo Sasso na lateral esquerda da defesa.
Por seu turno, Rui Vitória tentou também jogar com o banco, mas nesta partida foi visível alguma falta de soluções do técnico dos vimaranenses.
Até final, não obstante o incessante “chuveirinho” para a área bracarense, a oportunidade mais flagrante de golo esteve nos pés de Salvador Agra ao terceiro minuto dos descontos. No entanto, o vila-condense não teve arte nem engenho de desfeitear o guardião adversário.
Um minuto depois, o apito final.
Os Guerreiros saem com glória do estádio do Rei e passam para a fase seguinte.
Os Conquistadores saem com honra e de cabeça erguida, mas impossibilitados de repetir o feito de 2013.
Um excelente espectáculo de futebol proporcionando por duas excelentes formações, pena que a equipa de arbitragem, em especial o respectivo líder, não tivesse correspondido.
Na próxima quinta-feira há novo sorteio na sede da Federação Portuguesa de Futebol, com vários clubes minhotos ainda em prova. Ao SC Braga sairá em sorte um destes possíveis adversários:
Ricardo Jorge
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Do outro lado estava igualmente uma equipa em bom momento, pese embora uma maior irregularidade em termos de resultados e exibições, que para já só lhe permite estar no 5.º lugar da liga. Ao passo que os comandados de Rui Vitória permaneciam invictos no seu estádio, os homens de Sérgio Conceição ainda não tinham vencido nenhum jogo oficial fora de portas nesta época.
Em vésperas da partida, embora respeitando sempre o adversário, o treinador arsenalista jogou ao ataque dizendo que a primeira vitória fora estava reservada para Guimarães. Mas foi só no jogo de palavras, porque o técnico do Braga sabia perfeitamente que não poderia seguir essa estratégia de jogar ao ataque se quisesse sair vitorioso do estádio D. Afonso Henriques.
E assim foi. O Braga optou por jogar com as suas linhas mais recuadas, entregando a iniciativa ao adversário. No entanto, a primeira ocasião de golo pertenceu aos visitantes, numa jogada pela direita começada por Rafa, depois aproveitada por Pardo que cruzou para a área, surgindo Éder a cabecear, mas o defesa vitoriano Bruno Gaspar salvou em cima da linha de golo. O Vitória assumia as despesas do jogo, contando com a consistência de André André, a criatividade de Bernard e a espontaneidade de Hernâni, o melhor em campo dos vimaranenses. Porém, só através de lances de bola parada chegava perigo à baliza do russo Kritciuk, ontem titular e a corresponder à confiança do treinador com uma exibição muito segura.
O jogo disputava-se a bom ritmo, com boas jogadas de entendimento entre os artistas e muita entrega na disputa das jogadas. Mas, como não há bela sem senão, haveria de surgir um protagonista pela negativa: o árbitro Duarte Gomes. Nomeado para apitar o jogo de cartaz da 4.ª eliminatória, o juiz lisboeta revelou não estar à altura do elevado nível das duas equipas, acumulando erros técnicos e disciplinares.
Logo aos 12 minutos, enganou-se na exibição do cartão a punir uma falta de Éder, mostrando o cartão vermelho, corrigindo depois exibindo o amarelo.
Por volta do minuto 20, há um derrube claro de Rúben Micael pelas costas na área vitoriana, o árbitro nada assinalou.
Entretanto, a toada do jogo mantinha-se. O Vitória com domínio territorial, conquistava vários cantos e livres perto da área, os jogadores do Braga sempre com grande intensidade na abordagem das jogadas, sacudiam a pressão e aos 32 minutos, no seguimento de uma boa desmarcação de Danilo, Éder arrancou pela direita e disparou um remate forte, rasteiro, que passou muito perto do poste direito da baliza de Assis. Só que os forasteiros não se livravam dos sucessivos cartões exibidos pelo árbitro. Aliás, quem for consultar a ficha disciplinar do jogo, há-de julgar ter-se tratado de uma batalha campal. Nem pouco mais ou menos.
Aos 39, começa o primeiro de três minutos decisivos para a história do jogo. Numa confusa disputa de bola à entrada da área vimaranense, Rafa surge de rompante a aproveitar um ressalto, faz um primeiro balão sobre a cabeça de Bruno Gaspar, ganha depois posição já dentro da área e sem deixar a bola cair no solo, desfere um magistral chapéu a Assis, levando o esférico ao ângulo superior da baliza. Estava inaugurado o marcador através de uma execução de antologia do jovem extremo bracarense.
Mal refeitos do impacto deste primeiro golo, os jogadores da casa tentam responder de imediato. Mas aos 41 minutos, novamente na sequência de um mau alívio defensivo, desta vez na linha média, a bola vai sobrar para Pardo. O colombiano enceta uma cavalgada em direcção à baliza e, pleno de confiança, consegue fintar um oponente e disparar para o fundo das redes de um desamparado Assis.
Rui Vitória não queria acreditar no que lhe estava a acontecer. Numa primeira parte em que viu a sua equipa a jogar bem e a ter o controlo das operações, sai para as cabines com uma desvantagem de dois golos, produzidos através de uma terrível eficácia do adversário.
Ao intervalo, o técnico vitoriano terá tentado reavivar o estado anímico dos seus pupilos. Quiçá, aconselhando-os a não pensarem logo na remontada (tarefa hercúlea). A invés, para se concentrarem em fazer o 1-2, pois isso galvanizaria a equipa, o entusiasmo do público eclodiria, em sentido inverso a força anímica do adversário cairia, e depois acabariam por chegar ao 2-2 que os levaria ao prolongamento com maior arcaboiço mental que o adversário.
Mas Rui Vitória sabia também de quão venenoso é o contra-ataque adversário. E assim, caso optasse por iniciar a segunda parte deliberadamente ao ataque, arriscava demasiados desequilíbrios defensivos que poderiam permitir ao adversário chegar ao terceiro golo e matar definitivamente o jogo.
Por isso, no reatamento entraram os mesmos 11 de um e outro conjunto. A segunda parte iniciou-se de forma menos intensa que a primeira. Muito por culpa da estratégia delineada por Sérgio Conceição, que consistia em baixar a velocidade do jogo, manter as linhas recuadas com os sectores próximos e preferir a posse de bola aos lançamentos rápidos para o ataque.
Vendo o rame-rame que a partida estava a tomar, aos 55 minutos Rui Vitória decide-se a arriscar, retirando o lateral-esquerdo e lançando o avançado Alvarez para o centro do ataque.
Ao minuto 60, novo erro de Duarte Gomes. André Pinto, uma vez mais o grande esteio da defesa bracarense, ao cortar uma bola de carrinho, não consegue evitar de a jogar com o braço no ressalto. Grande penalidade a favor do Vitória não assinalada.
Cinco minutos depois, novamente o Braga a sair em transições, Rafa surge isolado na cara de Assis, mas o brasileiro sai bem à bola e com uma mancha impede o jovem internacional português de bisar na partida.
Pouco tempo depois, na outra área, o irrequieto Hernâni escapa-se a Marcelo Goiano, lateral-esquerdo de serviço ontem, e este rasteira o jovem extremo fora da área. O árbitro sanciona a falta, exibe o segundo amarelo ao brasileiro e consequente expulsão. Mas volta a errar rotundamente, ao assinalar grande penalidade. Chamado à conversão, o “maestro” André André não vacilou e reduziu a contenda aos 71 minutos.
A partir daqui, o jogo tornou-se de sentido único. Em face da desvantagem de golos reduzida e da vantagem numérica resultante da expulsão de Goiano, os vitorianos carregaram sobre o adversário na tentativa de chegar à igualdade. A muralha bracarense dava sinais de ruir e só uma exibição de grande concentração, rigor e eficácia defensiva evitou males maiores para a baliza do russo Kritciuk, que também colaborou com os companheiros oferecendo segurança e atenção nas suas intervenções.
Sérgio Conceição, que antes do golo se preparava para lançar Custódio na tentativa de adicionar mais consistência defensiva ao seu meio campo, viu-se obrigado a recolocar as peças do seu xadrez. Lançou em simultâneo Salvador Agra e Pedro Santos, dois elementos rápidos capazes de defender e atacar, mas com disponibilidade física para compensar o natural desgaste dos restantes companheiros. Tal como Goiano, também Pedro Santos se viu e desejou para tentar travar o fulminante Hernâni. Então, Sérgio Conceição decidiu abdicar do ponta-de-lança Éder, colocando em campo Sasso na lateral esquerda da defesa.
Por seu turno, Rui Vitória tentou também jogar com o banco, mas nesta partida foi visível alguma falta de soluções do técnico dos vimaranenses.
Até final, não obstante o incessante “chuveirinho” para a área bracarense, a oportunidade mais flagrante de golo esteve nos pés de Salvador Agra ao terceiro minuto dos descontos. No entanto, o vila-condense não teve arte nem engenho de desfeitear o guardião adversário.
Um minuto depois, o apito final.
Os Guerreiros saem com glória do estádio do Rei e passam para a fase seguinte.
Os Conquistadores saem com honra e de cabeça erguida, mas impossibilitados de repetir o feito de 2013.
Um excelente espectáculo de futebol proporcionando por duas excelentes formações, pena que a equipa de arbitragem, em especial o respectivo líder, não tivesse correspondido.
Na próxima quinta-feira há novo sorteio na sede da Federação Portuguesa de Futebol, com vários clubes minhotos ainda em prova. Ao SC Braga sairá em sorte um destes possíveis adversários:
- Belenenses
- Benfica
- Chaves
- Sporting
- Famalicão
- Freamunde
- Gil Vicente
- Marítimo
- Nacional
- Rio Ave
- Paços de Ferreira
- Penafiel
- Oriental
- Santa Maria
- Vizela
Ricardo Jorge
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Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)