O primeiro jogo fora do SC Braga, o primeiro desaire. Não é o fim do mundo, porque como disse o treinador Paulo Fonseca na antevisão deste jogo em casa do Rio Ave, o Braga só por uma vez venceu nos Arcos em dez anos, curiosamente, na temporada passada. Na mesma temporada transacta, o Braga só conseguira o primeiro triunfo fora de portas na segunda metade da primeira volta do campeonato, mas isso também não o impediu de conseguir o objectivo a que se tinha proposto.
Na segunda ronda da Liga 2015/2016, o Braga realizou uma exibição medíocre e mesmo jogando em superioridade numérica a partir do minuto 55, não foi capaz de inverter a desvantagem provocada pelo golo dos vila-condenses, perto do intervalo, através de um livre cobrado de forma soberba por Bressan, ao qual correspondeu o artilheiro egípcio Hassan com um excelente cabeceamento.
Até à obtenção desse golo, nem Rio Ave, nem SC Braga haviam feito grande coisa para justificarem alguma vantagem no marcador. Com ambas as equipas encaixadas em dois sistemas de 4-4-2, os primeiros 45 minutos foram mal jogados, com poucos lances de perigo, muitas bolas pelo ar e passes errados.
A direcção do vento costuma ser uma variável a influenciar o decorrer das partidas disputadas no Estádio dos Arcos. Ontem não foi uma noite particularmente ventosa, mas ainda assim o suficiente para condicionar o jogo. O Braga jogou a favor do vento durante a primeira parte, mas não soube aproveitar essa vantagem. Os seus jogadores não tentaram um único remate de meia-distância e a cobrança dos cantos em nada resultava, porque o marcador de serviço nunca soube calibrar a mira. Os passes em profundidade, que tão bem resultaram no jogo diante do Nacional, acabavam invariavelmente nas mãos de Cássio ou para além da linha de fundo. Como o Braga continua a apresentar grandes dificuldades em sair para o ataque em jogo apoiado, as únicas ocasiões de perigo criadas foram através das iniciativas individuais de Djavan, o melhor em campo dos bracarenses nesta partida.
Perante o deserto de ideias que foi a primeira parte e a necessidade de mudar algo para tentar dar a volta a um resultado adverso, Paulo Fonseca viu-se forçado a efectuar mexidas ao intervalo. Em termos de substituições, lançou Stojlikovic para o lugar de um ausente Rodrigo Pinho. Aliás, ainda durante a primeira parte, aquando de uma paragem no jogo, o treinador chamou o avançado brasileiro ao banco para lhe dar instruções e até, quem sabe, um puxão de orelhas, que de nada adiantou. A outra alteração, em termos posicionais, foi a alternância dos médios-centro, tendo Vukcevic recebido ordens para ser ele a carregar o jogo para o ataque, ao passo que Luiz Carlos recuou para tarefas de marcação e recuperação de bola.
Logo aos 55 minutos, o Braga começou a jogar em superioridade numérica, em virtude da expulsão de Nelson Monte. A partir de aí, passou a dominar o jogo e a jogar permanentemente no terreno adversário. Na segunda parte, o Rio Ave abdicou do ataque e defendeu a vantagem mínima com unhas e dentes. O Braga atacou, mas fê-lo sempre sem critério e com pouco acerto, com muitos passes errados e uma evidente incapacidade em construir jogadas com princípio, meio e fim. Os avançados Crislan e Stojlikovic quase nunca foram solicitados pelos companheiros para situações de finalização.
No entanto, houve duas flagrantes ocasiões de golo do lado dos arsenalistas, mas ambas na sequência de iniciativas individuais. A primeira por Baiano, num remate cruzado que embateu com estrondo no poste esquerdo da baliza de Cássio. A segunda por Román, lançado no segundo tempo por Paulo Fonseca, na esperança de poder romper a muralha defensiva adversária, tal como o tinha feito do Domingo anterior diante do Nacional. O criativo espanhol esteve muito perto de voltar a marcar, mas o forte remate que desferiu da meia-esquerda acabou por ser desviado por Cássio, levando a bola a embater nos ferros pela segunda vez.
Registe-se ainda o facto do Braga ter beneficiado de sete pontapés de canto na segunda parte, contra nenhum do adversário e de uma opção muito discutível do treinador arsenalista: quando faltavam pouco mais de dez minutos para o final do encontro, lançou em campo Mauro, quando tinha no banco Alan com características mais ofensivas. A entrada de Mauro só traria o benefício da entrada de um jogador fresco fisicamente, já que o brasileiro nada acrescentou em termos atacantes.
Refira-se também que Pedro Tiba, apesar de estar convocado para o jogo, não foi sequer opçã o para o banco de suplentes, ele que é um jogador com as características que faltaram ontem: progressão com bola, jogo de área-a-área e capacidade de remate a meia-distância.
Após o apito final do árbitro João Capela, os jogadores do SC Braga foram saudar os muitos adeptos que mais uma vez se deslocaram a Vila do Conde para apoiar a sua equipa, tendo sido brindados com algumas palmas e muitos protestos. Obviamente que o resultado, mas sobretudo a exibição, não deixaram ninguém contente e ficou mais uma vez patente o imenso trabalho que Paulo Fonseca tem ainda para fazer até tornar esta equipa numa das mais fortes da Liga.
Neste momento, o sector defensivo continua a ser o mais consistente, pelo que será importante a continuidade de todos elementos, muito embora haja cobiça de outros emblemas, em particular nos centrais Aderlan Santos e André Pinto. O mercado estará aberto até ao final do mês e espera-se que no Braga possam haver apenas entradas, mas de jogadores que façam a diferença, pois do meio-campo para a frente há ainda muito para melhorar.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Na segunda ronda da Liga 2015/2016, o Braga realizou uma exibição medíocre e mesmo jogando em superioridade numérica a partir do minuto 55, não foi capaz de inverter a desvantagem provocada pelo golo dos vila-condenses, perto do intervalo, através de um livre cobrado de forma soberba por Bressan, ao qual correspondeu o artilheiro egípcio Hassan com um excelente cabeceamento.
Até à obtenção desse golo, nem Rio Ave, nem SC Braga haviam feito grande coisa para justificarem alguma vantagem no marcador. Com ambas as equipas encaixadas em dois sistemas de 4-4-2, os primeiros 45 minutos foram mal jogados, com poucos lances de perigo, muitas bolas pelo ar e passes errados.
A direcção do vento costuma ser uma variável a influenciar o decorrer das partidas disputadas no Estádio dos Arcos. Ontem não foi uma noite particularmente ventosa, mas ainda assim o suficiente para condicionar o jogo. O Braga jogou a favor do vento durante a primeira parte, mas não soube aproveitar essa vantagem. Os seus jogadores não tentaram um único remate de meia-distância e a cobrança dos cantos em nada resultava, porque o marcador de serviço nunca soube calibrar a mira. Os passes em profundidade, que tão bem resultaram no jogo diante do Nacional, acabavam invariavelmente nas mãos de Cássio ou para além da linha de fundo. Como o Braga continua a apresentar grandes dificuldades em sair para o ataque em jogo apoiado, as únicas ocasiões de perigo criadas foram através das iniciativas individuais de Djavan, o melhor em campo dos bracarenses nesta partida.
Perante o deserto de ideias que foi a primeira parte e a necessidade de mudar algo para tentar dar a volta a um resultado adverso, Paulo Fonseca viu-se forçado a efectuar mexidas ao intervalo. Em termos de substituições, lançou Stojlikovic para o lugar de um ausente Rodrigo Pinho. Aliás, ainda durante a primeira parte, aquando de uma paragem no jogo, o treinador chamou o avançado brasileiro ao banco para lhe dar instruções e até, quem sabe, um puxão de orelhas, que de nada adiantou. A outra alteração, em termos posicionais, foi a alternância dos médios-centro, tendo Vukcevic recebido ordens para ser ele a carregar o jogo para o ataque, ao passo que Luiz Carlos recuou para tarefas de marcação e recuperação de bola.
Logo aos 55 minutos, o Braga começou a jogar em superioridade numérica, em virtude da expulsão de Nelson Monte. A partir de aí, passou a dominar o jogo e a jogar permanentemente no terreno adversário. Na segunda parte, o Rio Ave abdicou do ataque e defendeu a vantagem mínima com unhas e dentes. O Braga atacou, mas fê-lo sempre sem critério e com pouco acerto, com muitos passes errados e uma evidente incapacidade em construir jogadas com princípio, meio e fim. Os avançados Crislan e Stojlikovic quase nunca foram solicitados pelos companheiros para situações de finalização.
No entanto, houve duas flagrantes ocasiões de golo do lado dos arsenalistas, mas ambas na sequência de iniciativas individuais. A primeira por Baiano, num remate cruzado que embateu com estrondo no poste esquerdo da baliza de Cássio. A segunda por Román, lançado no segundo tempo por Paulo Fonseca, na esperança de poder romper a muralha defensiva adversária, tal como o tinha feito do Domingo anterior diante do Nacional. O criativo espanhol esteve muito perto de voltar a marcar, mas o forte remate que desferiu da meia-esquerda acabou por ser desviado por Cássio, levando a bola a embater nos ferros pela segunda vez.
Registe-se ainda o facto do Braga ter beneficiado de sete pontapés de canto na segunda parte, contra nenhum do adversário e de uma opção muito discutível do treinador arsenalista: quando faltavam pouco mais de dez minutos para o final do encontro, lançou em campo Mauro, quando tinha no banco Alan com características mais ofensivas. A entrada de Mauro só traria o benefício da entrada de um jogador fresco fisicamente, já que o brasileiro nada acrescentou em termos atacantes.
Refira-se também que Pedro Tiba, apesar de estar convocado para o jogo, não foi sequer opçã o para o banco de suplentes, ele que é um jogador com as características que faltaram ontem: progressão com bola, jogo de área-a-área e capacidade de remate a meia-distância.
Após o apito final do árbitro João Capela, os jogadores do SC Braga foram saudar os muitos adeptos que mais uma vez se deslocaram a Vila do Conde para apoiar a sua equipa, tendo sido brindados com algumas palmas e muitos protestos. Obviamente que o resultado, mas sobretudo a exibição, não deixaram ninguém contente e ficou mais uma vez patente o imenso trabalho que Paulo Fonseca tem ainda para fazer até tornar esta equipa numa das mais fortes da Liga.
Neste momento, o sector defensivo continua a ser o mais consistente, pelo que será importante a continuidade de todos elementos, muito embora haja cobiça de outros emblemas, em particular nos centrais Aderlan Santos e André Pinto. O mercado estará aberto até ao final do mês e espera-se que no Braga possam haver apenas entradas, mas de jogadores que façam a diferença, pois do meio-campo para a frente há ainda muito para melhorar.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)