Faltavam estes dois jogos para fechar o ano futebolístico em Portugal. A Taça da Liga, prova que é tida como o parente pobre do futebol português (sobre este tema já o Ricardo Jorge fez uma boa abordagem na crónica do jogo entre o União da Madeira e o SC Braga), reservou os jogos do FC Porto e do Benfica para a penúltima noite de 2014. Diga-se que não sendo dois belos espectáculos, o do Estádio dos Arcos, entre o Rio Ave e o FC Porto, foi menos chato que o Benfica – Nacional do Estádio da Luz.
Ganharam, como era de prever, as formações mais cotadas, mas as dificuldades foram imensas e o frio também não ajudou à festa.
FC Porto: segundas linhas dão conta do recado
Em Vila do Conde, Julen Lopetegui, fez aquilo que durante algum tempo tentou fazer, sem sucesso, embora ele e mais alguns iluminados não o assumam e digam até que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mudar quase a equipa toda de um jogo para o outro, a chamada rotatividade no plantel. Neste embate com o Rio Ave, apenas Casemiro manteve o lugar de titular em relação ao último jogo, de resto, nenhum, dos últimos habituais titulares, surgiu de início.
O FC Porto pode este ano presumir de ter umas reservas de luxo, jogadores que possivelmente na maioria dos emblemas da primeira metade da tabela da primeira liga portuguesa, tinham lugar a titular, tem sido segundas escolhas para o timoneiro azul e branco, isto prova que a fartura colocada nas mãos do treinador basco é, sem margem para dúvidas, de inegável valia, fazendo deste Porto, ao nível do plantel (porque ter grandes jogadores não é sinónimo de ter um boa equipa), o conjunto mais bem apetrechado. Saudava-se também, neste jogo, o regresso de Helton às convocatórias, depois do longo calvário que o brasileiro enfrentou com a lesão no tendão de Aquiles.
Por seu turno, Pedro Martins, também fez algumas mexidas, não tantas como o seu homologo no outro lado da barricada, pois a fartura de soluções é bem mais escassa, mas apresentou de início jogadores que não fazem parte das escolhas habituais.
Estas mexidas, constituem só por si um risco, mas os treinadores também precisam perceber com quem podem contar, uma vez que ainda há um longo caminho até ao fim da época.
Neste mexe e remexe de soluções, foi o FC Porto quem melhor se apresentou na partida, com as características do seu jogo bem mais enraizadas, isto é trabalho de treinador, os dragões na primeira parte foram de um domínio avassalador. Com Quintero a assumir o papel da construção de jogo dos azuis e brancos. Estes eram senhores do jogo em toda a largura do campo, com boas movimentações e combinações, que procuravam desequilibrar os vila-condenses e colocar a bola na frente, onde Aboubakar dava muito trabalho a Roderick Miranda (neste jogo capitão de equipa), num duelo interessante de seguir durante toda a partida. O Rio Ave procurava responder a esta melhor prestação portista em jogadas de contra-ataque, mas o perigo junto da baliza, esta noite à guarda do espanhol Andrés Fernandez, nunca foi de real valor. O Intervalo chegaria com o nulo do placard, mas com nota mais para os portistas.
O recomeço foi igual aos primeiros 45 minutos, o FC Porto investido na pele de equipa que queria ganhar o jogo, o Rio Ave à espreita da oportunidade para facturar. Neste carrossel de pressão dos dragões, ao minuto 61, numa lance que Roderick Miranda, no fim do jogo considerou e bem, como caricato, Aboubabkar, conseguiu, com alguma sorte à mistura, na sequência de um pontapé de canto, ver a bola chegar ao fundo das redes de Ederson, que pouco depois, segurou com classe, uma tentativa de Ricardo Pereira.
Ao ver-se a perder, Pedro Martins, lançou dois dos seus melhores jogadores que esta noite estavam no banco: Ukra e Diego Lopes e estes vieram dar outra amplitude ao jogo dos rioavistas, construindo a melhor jogada de ataque da formação da casa, com o ex-portista a cruzar e o brasileiro no coração da área, a rematar de cabeça com estrondo, à barra da baliza portista. Estava dado o mote para Julen Lopetegui tirar de campo o esforçado mas pouco lúcido, Ricardo Quaresma, e meter Campaña, para segurar o meio e não permitir mais veleidades aos da casa.
Daqui para a frente o jogo voltou a equilibrar-se e na última jogada do encontro, o Rio Ave reclamou, com razão, um corte com a mão de Casemiro, que o árbitro portuense Rui Costa, bem colocado, não conseguiu descortinar.
Benfica: mais um jogo sem nota artística, mas com vitória
O Benfica, na ressaca do Natal e após a irrevogável venda de Enzo Pérez, apresentou-se perante o seu (pouco) público, com a necessidade de vencer para não criar mais burburinho à sua volta. Na verdade estamos a falar do líder do campeonato, com uma vantagem considerável, mas que neste momento apenas tem esta Taça e o campeonato como provas a conquistar, pelo que, de forma objectiva, esta será, sem dúvidas, uma competição que o Benfica vai querer ganhar. Os encarnados queriam também nesta penúltima noite de 2014, fechar em grande um ano que fica gravado a letras de ouro na história do emblema das águias.
Jorge Jesus, obrigado a mexer devido à onda de lesões que assola a Luz, apresentou um misto de jogadores habituais e menos usados, sendo que houve três jogadores dos habituais titulares (Júlio Cesar, Máxi e Jonas) e um, dos que habitualmente estão no banco (Cristante) que se destacaram com prestações muito positivas.
O Benfica surgiu como de resto é habitual esta temporada, como uma equipa que deixou de jogar bonito para ser eficaz, que deixou a tal nota artística para ser mais pragmática e que agora, com a falta de Enzo Pérez, que os encarnados aguentaram até quando puderam, nas opções, vai ter que saber viver sem o jogador que foi o pêndulo da formação encarnada nas últimas duas épocas.
Logo no começo se percebeu que a equipa da casa queria resolver a questão para evitar sufocos desnecessários, Máxi Pereira, neste jogo, pela ausência de Luisão, capitão de equipa, puxou dos galões e fez mais uma grande exibição, este uruguaio tem um pulmão do tamanho do Cristo Rei, corre, cruza, joga, remata, que até cansa só de o ver e foi na sequência de um cruzamento seu, após ganhar uma bola, em falta deve dizer-se, que o árbitro algarvio, Nuno Almeida não assinalou, que a bola chegou com conta, peso e medida para o matador Jonas, de cabeça, logos aos 11 minutos, com um belíssimo gesto técnico, abrir a contagem na partida. Este golo trouxe tranquilidade a mais a este jogo, pois com a obtenção deste tento, o Benfica acalmou demais o jogo, em vez de funcionar como golpe de reacção para as águias partirem para uma exibição bem mais convincente do que a alcançada. Nesta lentidão de processos que foi o jogo das águias, Pizzi e Ola John, estiveram, mais uma vez, uns furos abaixo dos restantes, o jogador português até saiu ao intervalo, cedendo o seu lugar a Gaitán, o holandês aguentou mais tempo, mas foi assobiado pelos seus adeptos e esses apupos aumentaram de intensidade consoante os minutos foram passando. Não será esta a melhor forma de apoiar um jogador que tem tido imensas dificuldades na sua afirmação.
Na segunda parte Gaitán funcionou como agitador do jogo das águias, mas neste segundo tempo, quem valeu ao Benfica foi o guardião brasileiro, Júlio César, que fez 3 ou 4 boas intervenções que negaram o empate ao Nacional, onde Manuel Machado viu Saleh Gomaa ser o seu jogador mais activo, até ser expulso ao minuto 86. Este Nacional foi o espelho daquilo que tem sido esta época, uma formação inconstante, a quem lhe falta maior incisão e decisão na condução da bola, maior verticalidade e objectividade na hora de atirar à baliza.
O Nacional foi a equipa com maior produção nos segundos 45 minutos, percebeu que este Benfica podia ser bloqueado em sua própria casa, com o público ajudar a este desiderato, pois não apoiou os seus numa altura em que estes mais precisavam e porque sentiu que a equipa de Jorge Jesus estava ansiosa à medida que os minutos iam passando, com a formação encarnada apenas acalmar com a entrada do grego Samaris e os últimos minutos, foram controlados de forma bem mais conseguida, pela turma da casa.
Pode dizer-se que neste jogo, o resultado foi melhor que a exibição, mas no final, não é isso mesmo que conta?
Nesta que é a minha última crónica deste ano 2014, faço votos para que todos tenham um excelente 2015. BOAS ENTRADAS
Até para o ano!
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Ganharam, como era de prever, as formações mais cotadas, mas as dificuldades foram imensas e o frio também não ajudou à festa.
FC Porto: segundas linhas dão conta do recado
Em Vila do Conde, Julen Lopetegui, fez aquilo que durante algum tempo tentou fazer, sem sucesso, embora ele e mais alguns iluminados não o assumam e digam até que uma coisa não tem nada a ver com a outra, mudar quase a equipa toda de um jogo para o outro, a chamada rotatividade no plantel. Neste embate com o Rio Ave, apenas Casemiro manteve o lugar de titular em relação ao último jogo, de resto, nenhum, dos últimos habituais titulares, surgiu de início.
O FC Porto pode este ano presumir de ter umas reservas de luxo, jogadores que possivelmente na maioria dos emblemas da primeira metade da tabela da primeira liga portuguesa, tinham lugar a titular, tem sido segundas escolhas para o timoneiro azul e branco, isto prova que a fartura colocada nas mãos do treinador basco é, sem margem para dúvidas, de inegável valia, fazendo deste Porto, ao nível do plantel (porque ter grandes jogadores não é sinónimo de ter um boa equipa), o conjunto mais bem apetrechado. Saudava-se também, neste jogo, o regresso de Helton às convocatórias, depois do longo calvário que o brasileiro enfrentou com a lesão no tendão de Aquiles.
Por seu turno, Pedro Martins, também fez algumas mexidas, não tantas como o seu homologo no outro lado da barricada, pois a fartura de soluções é bem mais escassa, mas apresentou de início jogadores que não fazem parte das escolhas habituais.
Estas mexidas, constituem só por si um risco, mas os treinadores também precisam perceber com quem podem contar, uma vez que ainda há um longo caminho até ao fim da época.
Neste mexe e remexe de soluções, foi o FC Porto quem melhor se apresentou na partida, com as características do seu jogo bem mais enraizadas, isto é trabalho de treinador, os dragões na primeira parte foram de um domínio avassalador. Com Quintero a assumir o papel da construção de jogo dos azuis e brancos. Estes eram senhores do jogo em toda a largura do campo, com boas movimentações e combinações, que procuravam desequilibrar os vila-condenses e colocar a bola na frente, onde Aboubakar dava muito trabalho a Roderick Miranda (neste jogo capitão de equipa), num duelo interessante de seguir durante toda a partida. O Rio Ave procurava responder a esta melhor prestação portista em jogadas de contra-ataque, mas o perigo junto da baliza, esta noite à guarda do espanhol Andrés Fernandez, nunca foi de real valor. O Intervalo chegaria com o nulo do placard, mas com nota mais para os portistas.
O recomeço foi igual aos primeiros 45 minutos, o FC Porto investido na pele de equipa que queria ganhar o jogo, o Rio Ave à espreita da oportunidade para facturar. Neste carrossel de pressão dos dragões, ao minuto 61, numa lance que Roderick Miranda, no fim do jogo considerou e bem, como caricato, Aboubabkar, conseguiu, com alguma sorte à mistura, na sequência de um pontapé de canto, ver a bola chegar ao fundo das redes de Ederson, que pouco depois, segurou com classe, uma tentativa de Ricardo Pereira.
Ao ver-se a perder, Pedro Martins, lançou dois dos seus melhores jogadores que esta noite estavam no banco: Ukra e Diego Lopes e estes vieram dar outra amplitude ao jogo dos rioavistas, construindo a melhor jogada de ataque da formação da casa, com o ex-portista a cruzar e o brasileiro no coração da área, a rematar de cabeça com estrondo, à barra da baliza portista. Estava dado o mote para Julen Lopetegui tirar de campo o esforçado mas pouco lúcido, Ricardo Quaresma, e meter Campaña, para segurar o meio e não permitir mais veleidades aos da casa.
Daqui para a frente o jogo voltou a equilibrar-se e na última jogada do encontro, o Rio Ave reclamou, com razão, um corte com a mão de Casemiro, que o árbitro portuense Rui Costa, bem colocado, não conseguiu descortinar.
Benfica: mais um jogo sem nota artística, mas com vitória
O Benfica, na ressaca do Natal e após a irrevogável venda de Enzo Pérez, apresentou-se perante o seu (pouco) público, com a necessidade de vencer para não criar mais burburinho à sua volta. Na verdade estamos a falar do líder do campeonato, com uma vantagem considerável, mas que neste momento apenas tem esta Taça e o campeonato como provas a conquistar, pelo que, de forma objectiva, esta será, sem dúvidas, uma competição que o Benfica vai querer ganhar. Os encarnados queriam também nesta penúltima noite de 2014, fechar em grande um ano que fica gravado a letras de ouro na história do emblema das águias.
Jorge Jesus, obrigado a mexer devido à onda de lesões que assola a Luz, apresentou um misto de jogadores habituais e menos usados, sendo que houve três jogadores dos habituais titulares (Júlio Cesar, Máxi e Jonas) e um, dos que habitualmente estão no banco (Cristante) que se destacaram com prestações muito positivas.
O Benfica surgiu como de resto é habitual esta temporada, como uma equipa que deixou de jogar bonito para ser eficaz, que deixou a tal nota artística para ser mais pragmática e que agora, com a falta de Enzo Pérez, que os encarnados aguentaram até quando puderam, nas opções, vai ter que saber viver sem o jogador que foi o pêndulo da formação encarnada nas últimas duas épocas.
Logo no começo se percebeu que a equipa da casa queria resolver a questão para evitar sufocos desnecessários, Máxi Pereira, neste jogo, pela ausência de Luisão, capitão de equipa, puxou dos galões e fez mais uma grande exibição, este uruguaio tem um pulmão do tamanho do Cristo Rei, corre, cruza, joga, remata, que até cansa só de o ver e foi na sequência de um cruzamento seu, após ganhar uma bola, em falta deve dizer-se, que o árbitro algarvio, Nuno Almeida não assinalou, que a bola chegou com conta, peso e medida para o matador Jonas, de cabeça, logos aos 11 minutos, com um belíssimo gesto técnico, abrir a contagem na partida. Este golo trouxe tranquilidade a mais a este jogo, pois com a obtenção deste tento, o Benfica acalmou demais o jogo, em vez de funcionar como golpe de reacção para as águias partirem para uma exibição bem mais convincente do que a alcançada. Nesta lentidão de processos que foi o jogo das águias, Pizzi e Ola John, estiveram, mais uma vez, uns furos abaixo dos restantes, o jogador português até saiu ao intervalo, cedendo o seu lugar a Gaitán, o holandês aguentou mais tempo, mas foi assobiado pelos seus adeptos e esses apupos aumentaram de intensidade consoante os minutos foram passando. Não será esta a melhor forma de apoiar um jogador que tem tido imensas dificuldades na sua afirmação.
Na segunda parte Gaitán funcionou como agitador do jogo das águias, mas neste segundo tempo, quem valeu ao Benfica foi o guardião brasileiro, Júlio César, que fez 3 ou 4 boas intervenções que negaram o empate ao Nacional, onde Manuel Machado viu Saleh Gomaa ser o seu jogador mais activo, até ser expulso ao minuto 86. Este Nacional foi o espelho daquilo que tem sido esta época, uma formação inconstante, a quem lhe falta maior incisão e decisão na condução da bola, maior verticalidade e objectividade na hora de atirar à baliza.
O Nacional foi a equipa com maior produção nos segundos 45 minutos, percebeu que este Benfica podia ser bloqueado em sua própria casa, com o público ajudar a este desiderato, pois não apoiou os seus numa altura em que estes mais precisavam e porque sentiu que a equipa de Jorge Jesus estava ansiosa à medida que os minutos iam passando, com a formação encarnada apenas acalmar com a entrada do grego Samaris e os últimos minutos, foram controlados de forma bem mais conseguida, pela turma da casa.
Pode dizer-se que neste jogo, o resultado foi melhor que a exibição, mas no final, não é isso mesmo que conta?
Nesta que é a minha última crónica deste ano 2014, faço votos para que todos tenham um excelente 2015. BOAS ENTRADAS
Até para o ano!
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)