...este jogo, apelidado como o jogo da época, mas que não passou de uma enorme desilusão. A igualdade a zero serve (muito) melhor os interesses encarnados, do que os interesses azuis e brancos, numa partida onde a vontade de ganhar de Lopetegui não foi ambiciosa o suficiente para garantir os três pontos, já o desejo de não perder de Jorge Jesus congelou o jogo e retirou vivacidade à partida, dando ao embate um sabor muito insosso.
Desgarrada entre treinadores
O momento alto deste embate estava reservado para o fim, se tivesse o jogado começado aí, seguramente o marasmo dos 90 minutos não tivesse acontecido. A coisa entre os dois treinadores aqueceu e só não ferveu porque houve o bom senso de os separar. Quando Jorge Sousa apitou pela última vez, Jorge Jesus e Julen Lopetegui, que minutos antes do fim já tinham aquecido os motores, foram, como de resto é habitual, até à linha de meio-campo para se cumprimentarem num fraternal abraço, mas rapidamente os sorrisos e a cordialidade se transformaram em nervosismo e tiveram que ser os elementos das forças policiais ali presentes, Raúl José, adjunto do treinador encarnado, já habituado a por água na fervura a JJ e Antero Henriques, administrador da SAD portista, a acalmar os ânimos aos dois treinadores, pois o sangue de ambos ferveu e o caldo quase se entornava. O que se passou, oficialmente não se sabe, e na conferência de imprensa após o jogo, nem um nem outro quizeram abordar a questão, relatam alguns que Julen Lopetegui ameaçou Jorge Jesus com um “punhetazo” se este lhe voltasse a trocar o nome, fonte do clube azul e branco já desmentiu o facto, pelo que o episódio irá morrer por ali. Não foi bonito de se ver, até porque no momento do abraço, todos rejubilaram pela forma cavalheiresca como ambos se entregavam ao abraço, mas que este foi o momento mais emocionante da tarde pachorrenta, lá isso foi.
O jogo foi um enorme…barrete
Depois do atropelo de Munique, Julen Lopetegui, tinha um problema em mãos, a capacidade mental da equipa azul e branca estava, por muito que o treinador basco diga o contrário, abalada e isso pesou, com certeza, na hora do antigo guarda-redes escolher o onze inicial. Consciente que precisava ganhar, importante era no princípio não perder o rumo do jogo, pois tal facto podia “matar” a formação da cidade invicta. Certo é que se estranhou tanto reforço do meio campo, com Casemiro a ver o seu raio de acção mais povoado com Rúben Neves e Evandro, que deram aos portistas mais consistência mas retiram, como é fácil prever, poder de ataque, pois da equipa saíram Herrera e Quaresma. Para uma equipa que precisava ganhar e tinha que o fazer por uma diferença no mínimo de dois golos, eram trancas a mais na porta, mas o medo de perder foi maior que a ambição de ganhar e por isso, Julen Lopetegui, preferiu, se tivesse que ser, como foi, não perder. Outra surpresa no onze azul e branco foi a inclusão de Helton, esta colocação do experiente guarda-redes brasileiro, sinaliza Fabiano como um dos culpados do atropelo alemão.
Já pelo lado encarnado, Jorge Jesus, que não podia contar com Sálvio, embora fez-se desta ausência um segredo de estado, optou por colocar Talisca em campo, reforçando assim também a zona central, com Pizzi a cair mais para o lado direito do ataque, esta opção retirou ao Benfica poder de chegada junto da área portista, mas diga-se em abono da verdade, aos encarnados serviam-lhe dois resultados (empate e vitória) e deixando a “fanfarronice” habitual de lado, Jorge Jesus, ao contrário do que profetiza há anos, jogou para empatar, pois há derrotas que estão bem vivas na mente do treinador do emblema das águias. Sempre sem o admitir, porque o orgulho não lho permite, Jorge Jesus, como de resto já o havia feito em Alvalade, sabia que jogando de peito aberto, podia dar-se mal e o seguro morreu de velho, por isso, que joguem os outros que o empate, neste jogo como em Alvalade (sendo que diante do Sporting o mesmo caiu do céu aos trambolhões), servia bem a pretensão das águias e por isso, na Luz, assistiu-se a um dos piores jogos do campeonato.
Com estes figurinos tácticos de ambos “misteres”, o jogo só podia ser o que foi, uma seca. Que futebol tão encaixado, sem rasgos, sem emoção, sem dinâmica, no fundo sem nada. E pensar que neste jogo se decidia o campeão, até faz impressão, mas é o que temos e por isso, no fim, as mais de 60 mil almas que se deslocaram à Luz, festejaram este empate como se de uma vitória se tratasse, pois cheira a campeão.
O jogo esse, pode resumir-se a uma primeira parte onde só aos 35 minutos, Jackson Martinez, podia ter chegado ao golo, em boa posição, zona frontal já quase em cima da pequena área, o colombiano fez o que raramente faz, atirar por cima, passou o perigo e os que a esta hora já tinham embalado no sono, acordaram mas foi falso alarme; já mesmo em cima do intervalo, Jorge Sousa, podia ter assinalado penálti de Luisão sobre o mesmo Jackson, mas aceita-se a decisão do árbitro, pois este é um lance onde só com a ajuda das repetições se consegue avaliar e assim, desta forma, chegava o intervalo. Haviam passado 45 minutos, mas futebol, nem vê-lo e o que aí vinha era melhor…mas só um bocadinho.
A segunda parte foi mais intensa, as amarras soltaram-se um bocado, mas o respeito de parte a parte continuou a ser um dado certo. A bola começou a rondar mais as áreas, mas nem um nem outro guarda-redes tiveram que suar muito, pois as bolas não queriam nada com eles. Para se perceber o pouco que o jogo deu, o primeiro(!) remate do Benfica no jogo (sim no jogo) surgiu ao minuto 55, talvez isto explique bem o que se passou na tarde de Domingo no estádio da Luz. A toada mais intensa manteve-se, Jesus e Lopetegui também estavam mais interventivos mas na hora de fazer alterações, risco, nenhum, pois conforme já disse, a um o empate servia e ao outro, o empate, depois duma semana terrível, era um mal menor.
Fejsa, que entrou na segunda parte, ainda podia ter marcado, mas tal como Jackson na primeira parte, atirou por cima numa jogada a papel químico da do colombiano. E assim terminou o jogo, como começou, 0-0.
Com este resultado o Benfica, que havia vencido na Luz, mantém os três pontos de vantagem sobre o FC Porto e como tem vantagem no confronto directo pode, com este empate, ter selado a conquista do campeonato.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).
Desgarrada entre treinadores
O momento alto deste embate estava reservado para o fim, se tivesse o jogado começado aí, seguramente o marasmo dos 90 minutos não tivesse acontecido. A coisa entre os dois treinadores aqueceu e só não ferveu porque houve o bom senso de os separar. Quando Jorge Sousa apitou pela última vez, Jorge Jesus e Julen Lopetegui, que minutos antes do fim já tinham aquecido os motores, foram, como de resto é habitual, até à linha de meio-campo para se cumprimentarem num fraternal abraço, mas rapidamente os sorrisos e a cordialidade se transformaram em nervosismo e tiveram que ser os elementos das forças policiais ali presentes, Raúl José, adjunto do treinador encarnado, já habituado a por água na fervura a JJ e Antero Henriques, administrador da SAD portista, a acalmar os ânimos aos dois treinadores, pois o sangue de ambos ferveu e o caldo quase se entornava. O que se passou, oficialmente não se sabe, e na conferência de imprensa após o jogo, nem um nem outro quizeram abordar a questão, relatam alguns que Julen Lopetegui ameaçou Jorge Jesus com um “punhetazo” se este lhe voltasse a trocar o nome, fonte do clube azul e branco já desmentiu o facto, pelo que o episódio irá morrer por ali. Não foi bonito de se ver, até porque no momento do abraço, todos rejubilaram pela forma cavalheiresca como ambos se entregavam ao abraço, mas que este foi o momento mais emocionante da tarde pachorrenta, lá isso foi.
O jogo foi um enorme…barrete
Depois do atropelo de Munique, Julen Lopetegui, tinha um problema em mãos, a capacidade mental da equipa azul e branca estava, por muito que o treinador basco diga o contrário, abalada e isso pesou, com certeza, na hora do antigo guarda-redes escolher o onze inicial. Consciente que precisava ganhar, importante era no princípio não perder o rumo do jogo, pois tal facto podia “matar” a formação da cidade invicta. Certo é que se estranhou tanto reforço do meio campo, com Casemiro a ver o seu raio de acção mais povoado com Rúben Neves e Evandro, que deram aos portistas mais consistência mas retiram, como é fácil prever, poder de ataque, pois da equipa saíram Herrera e Quaresma. Para uma equipa que precisava ganhar e tinha que o fazer por uma diferença no mínimo de dois golos, eram trancas a mais na porta, mas o medo de perder foi maior que a ambição de ganhar e por isso, Julen Lopetegui, preferiu, se tivesse que ser, como foi, não perder. Outra surpresa no onze azul e branco foi a inclusão de Helton, esta colocação do experiente guarda-redes brasileiro, sinaliza Fabiano como um dos culpados do atropelo alemão.
Já pelo lado encarnado, Jorge Jesus, que não podia contar com Sálvio, embora fez-se desta ausência um segredo de estado, optou por colocar Talisca em campo, reforçando assim também a zona central, com Pizzi a cair mais para o lado direito do ataque, esta opção retirou ao Benfica poder de chegada junto da área portista, mas diga-se em abono da verdade, aos encarnados serviam-lhe dois resultados (empate e vitória) e deixando a “fanfarronice” habitual de lado, Jorge Jesus, ao contrário do que profetiza há anos, jogou para empatar, pois há derrotas que estão bem vivas na mente do treinador do emblema das águias. Sempre sem o admitir, porque o orgulho não lho permite, Jorge Jesus, como de resto já o havia feito em Alvalade, sabia que jogando de peito aberto, podia dar-se mal e o seguro morreu de velho, por isso, que joguem os outros que o empate, neste jogo como em Alvalade (sendo que diante do Sporting o mesmo caiu do céu aos trambolhões), servia bem a pretensão das águias e por isso, na Luz, assistiu-se a um dos piores jogos do campeonato.
Com estes figurinos tácticos de ambos “misteres”, o jogo só podia ser o que foi, uma seca. Que futebol tão encaixado, sem rasgos, sem emoção, sem dinâmica, no fundo sem nada. E pensar que neste jogo se decidia o campeão, até faz impressão, mas é o que temos e por isso, no fim, as mais de 60 mil almas que se deslocaram à Luz, festejaram este empate como se de uma vitória se tratasse, pois cheira a campeão.
O jogo esse, pode resumir-se a uma primeira parte onde só aos 35 minutos, Jackson Martinez, podia ter chegado ao golo, em boa posição, zona frontal já quase em cima da pequena área, o colombiano fez o que raramente faz, atirar por cima, passou o perigo e os que a esta hora já tinham embalado no sono, acordaram mas foi falso alarme; já mesmo em cima do intervalo, Jorge Sousa, podia ter assinalado penálti de Luisão sobre o mesmo Jackson, mas aceita-se a decisão do árbitro, pois este é um lance onde só com a ajuda das repetições se consegue avaliar e assim, desta forma, chegava o intervalo. Haviam passado 45 minutos, mas futebol, nem vê-lo e o que aí vinha era melhor…mas só um bocadinho.
A segunda parte foi mais intensa, as amarras soltaram-se um bocado, mas o respeito de parte a parte continuou a ser um dado certo. A bola começou a rondar mais as áreas, mas nem um nem outro guarda-redes tiveram que suar muito, pois as bolas não queriam nada com eles. Para se perceber o pouco que o jogo deu, o primeiro(!) remate do Benfica no jogo (sim no jogo) surgiu ao minuto 55, talvez isto explique bem o que se passou na tarde de Domingo no estádio da Luz. A toada mais intensa manteve-se, Jesus e Lopetegui também estavam mais interventivos mas na hora de fazer alterações, risco, nenhum, pois conforme já disse, a um o empate servia e ao outro, o empate, depois duma semana terrível, era um mal menor.
Fejsa, que entrou na segunda parte, ainda podia ter marcado, mas tal como Jackson na primeira parte, atirou por cima numa jogada a papel químico da do colombiano. E assim terminou o jogo, como começou, 0-0.
Com este resultado o Benfica, que havia vencido na Luz, mantém os três pontos de vantagem sobre o FC Porto e como tem vantagem no confronto directo pode, com este empate, ter selado a conquista do campeonato.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).