Quando há um ano iniciei, juntamente com o Ricardo Jorge, esta aventura de alimentar um blog, cujo único tema é o desporto e com grande, mas mesmo muito grande incidência, o futebol, achei que não iria ser coisa fácil, até porque este blog é um divertimento, pois tanto eu como o Ricardo Jorge fazemos isto por “carolice”, porque gostamos de divagar sobre o fenómeno futebolístico de forma livre, sem pensamentos alinhados com qualquer corrente de opinião e porque temos em comum a paixão pelo futebol. Passado este ano, tenho que admitir que nem sempre foi fácil, mas foi nas dificuldades que se encontrou a vontade de continuar.
Aqui chegados convém dizer que há cerca de 3/4 anos éramos uns perfeitos desconhecidos, foi através de um convite para uma ida do Ricardo Jorge a uma emissão do programa “Bola para a frente”, da Rádio Voz do Neiva, que iniciámos, a partir dessa altura, uma estreita colaboração nessa mesma rádio. O resultado dessa colaboração está hoje explicito neste blog, que cumpre, neste dia de especial simbolismo para a grande maioria dos portugueses, o primeiro ano de existência. O blog RECTÂNGULO MÁGICO está hoje de parabéns, assim como os seus autores. Por isso mesmo: PARABÉNS A NÓS!
Temos, dia após dia, ou melhor dizendo, semana após semana, escrito e descrito o nosso ponto de vista, a nossa forma de ver as coisas. Não nos imiscuímos de opinar, desacordando quando o temos que fazer e concordando quando assim é, decidimos desde o início não nos escondermos atrás de pseudónimos, assumimos o que escrevemos e damos a cara por aquilo que escrevemos. Só conseguimos conceber a liberdade de escrita dessa forma e é essa honestidade que queremos manter sempre, enquanto acharmos que esta aventura, chamada RECTÂNGULO MÁGICO, valer a pena.
Neste ano que passou e agora escreverei na primeira pessoa porque o Ricardo dará a sua visão dos factos da forma que melhor lhe aprouver, tenho tentado a verticalidade nas minhas opiniões, tenho tido o cuidado de não extravasar aquilo que é aceitável, tenho tentado manter a distância necessária para não ferir a susceptibilidade de ninguém, o que não é fácil pois, como é sabido e por mim assumido, tenho 3 grandes amores futebolísticos: Desportivo de Monção, Sporting Clube de Portugal e Sporting Clube de Braga. O facto de o assumir, tem-me valido algumas palavras menos simpáticas de alguns que, por vezes, limitados nas suas opções e na inteligência que Deus lhes concedeu, fazem disso, arma de arremesso. É lá com eles, eu vivo bem com a minha consciência e isso é que importa, mesmo que aos outros isso pareça incomodar.
Tem-me dado um gozo extremo colocar cada uma das crónicas (que guardo no meu computador numeradas por ano) no RECTÂNGULO MÁGICO, porque sempre que o faço, faço-o com a certeza de que pude escrever de forma livre, expressar aquilo que vi e senti. Sinto que posso ser eu próprio, sem estar agarrado aos poderes que se instituíram e que por vezes tolhem a visão de quem tem a responsabilidade de colocar no papel a notícia. Tenho também aprendido muito com o meu parceiro de escrita, porque é uma pessoa lúcida e inteligente mas, acima de tudo, porque prima pela isenção e independência.
Alguém disse um dia que o caminho se faz caminhando, é assim que o RECTÂNGULO MÁGICO tem sabido percorrer o seu, sem atropelos, sem demagogias, com idoneidade e com a natural ambição de cada vez chegar mais longe.
Por fim e para terminar este apontamento de celebração do primeiro aniversário, dizer só que vou continuar fiel a estes princípios, que são os meus e que, de forma concordante, tanto eu como o Ricardo Jorge, assumimos serem os nossos. Vou continuar a estar desalinhado quando assim o entender e alinhado quando achar que deve ser.
Finalizo com um texto de Herberto Hélder.
"O Ofuscante Poder da Escrita
O sentido da literatura, no meio dos muitos que tenha ou não tenha, é que ela mantém, purificadas das ameaças da confusão, as linhas de força que configuram a equação da consciência e do acto, com suas as tensões e fracturas, suas ambivalências e ambiguidades, suas rudes trajectórias de choque e fuga. O autor é o criador de um símbolo heróico: a sua própria vida.
Mas, quando cria esse símbolo, está a elaborar um sistema sensível e sensibilizador, convicto e convincente, de sinais e apelos destinados a colocar o símbolo à altura de uma presença ainda mais viva que aquela matéria desordenada onde teve origem. O valor da escrita reside no facto de, em si mesma, tecer-se ela como símbolo, urdir ela própria a sua dignidade de símbolo. A escrita representa-se a si, e a sua razão está em que dá razão às inspirações reais que evoca.
E produz uma tensão muito mais fundamental do que a realidade. É nessa tensão real criada em escrita que a realidade se faz. O ofuscante poder da escrita é que ela possui uma capacidade de persuasão e violentação de que a coisa real se encontra subtraída.
O talento de saber tornar verdadeira a verdade.
Herberto Hélder"
Obrigado!
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).
Aqui chegados convém dizer que há cerca de 3/4 anos éramos uns perfeitos desconhecidos, foi através de um convite para uma ida do Ricardo Jorge a uma emissão do programa “Bola para a frente”, da Rádio Voz do Neiva, que iniciámos, a partir dessa altura, uma estreita colaboração nessa mesma rádio. O resultado dessa colaboração está hoje explicito neste blog, que cumpre, neste dia de especial simbolismo para a grande maioria dos portugueses, o primeiro ano de existência. O blog RECTÂNGULO MÁGICO está hoje de parabéns, assim como os seus autores. Por isso mesmo: PARABÉNS A NÓS!
Temos, dia após dia, ou melhor dizendo, semana após semana, escrito e descrito o nosso ponto de vista, a nossa forma de ver as coisas. Não nos imiscuímos de opinar, desacordando quando o temos que fazer e concordando quando assim é, decidimos desde o início não nos escondermos atrás de pseudónimos, assumimos o que escrevemos e damos a cara por aquilo que escrevemos. Só conseguimos conceber a liberdade de escrita dessa forma e é essa honestidade que queremos manter sempre, enquanto acharmos que esta aventura, chamada RECTÂNGULO MÁGICO, valer a pena.
Neste ano que passou e agora escreverei na primeira pessoa porque o Ricardo dará a sua visão dos factos da forma que melhor lhe aprouver, tenho tentado a verticalidade nas minhas opiniões, tenho tido o cuidado de não extravasar aquilo que é aceitável, tenho tentado manter a distância necessária para não ferir a susceptibilidade de ninguém, o que não é fácil pois, como é sabido e por mim assumido, tenho 3 grandes amores futebolísticos: Desportivo de Monção, Sporting Clube de Portugal e Sporting Clube de Braga. O facto de o assumir, tem-me valido algumas palavras menos simpáticas de alguns que, por vezes, limitados nas suas opções e na inteligência que Deus lhes concedeu, fazem disso, arma de arremesso. É lá com eles, eu vivo bem com a minha consciência e isso é que importa, mesmo que aos outros isso pareça incomodar.
Tem-me dado um gozo extremo colocar cada uma das crónicas (que guardo no meu computador numeradas por ano) no RECTÂNGULO MÁGICO, porque sempre que o faço, faço-o com a certeza de que pude escrever de forma livre, expressar aquilo que vi e senti. Sinto que posso ser eu próprio, sem estar agarrado aos poderes que se instituíram e que por vezes tolhem a visão de quem tem a responsabilidade de colocar no papel a notícia. Tenho também aprendido muito com o meu parceiro de escrita, porque é uma pessoa lúcida e inteligente mas, acima de tudo, porque prima pela isenção e independência.
Alguém disse um dia que o caminho se faz caminhando, é assim que o RECTÂNGULO MÁGICO tem sabido percorrer o seu, sem atropelos, sem demagogias, com idoneidade e com a natural ambição de cada vez chegar mais longe.
Por fim e para terminar este apontamento de celebração do primeiro aniversário, dizer só que vou continuar fiel a estes princípios, que são os meus e que, de forma concordante, tanto eu como o Ricardo Jorge, assumimos serem os nossos. Vou continuar a estar desalinhado quando assim o entender e alinhado quando achar que deve ser.
Finalizo com um texto de Herberto Hélder.
"O Ofuscante Poder da Escrita
O sentido da literatura, no meio dos muitos que tenha ou não tenha, é que ela mantém, purificadas das ameaças da confusão, as linhas de força que configuram a equação da consciência e do acto, com suas as tensões e fracturas, suas ambivalências e ambiguidades, suas rudes trajectórias de choque e fuga. O autor é o criador de um símbolo heróico: a sua própria vida.
Mas, quando cria esse símbolo, está a elaborar um sistema sensível e sensibilizador, convicto e convincente, de sinais e apelos destinados a colocar o símbolo à altura de uma presença ainda mais viva que aquela matéria desordenada onde teve origem. O valor da escrita reside no facto de, em si mesma, tecer-se ela como símbolo, urdir ela própria a sua dignidade de símbolo. A escrita representa-se a si, e a sua razão está em que dá razão às inspirações reais que evoca.
E produz uma tensão muito mais fundamental do que a realidade. É nessa tensão real criada em escrita que a realidade se faz. O ofuscante poder da escrita é que ela possui uma capacidade de persuasão e violentação de que a coisa real se encontra subtraída.
O talento de saber tornar verdadeira a verdade.
Herberto Hélder"
Obrigado!
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45).