O título desta crónica parece paradoxal, ao classificar de emocionante um jogo que terminou como começou. Mas na verdade, aqueles que se deslocaram ao estádio do Moreirense para assistir ao dérbi entre Cónegos e Guerreiros do Minho, apesar do fim de tarde frio, não deram o seu tempo por mal empregue. Pois apesar de ter faltado o "sal" do futebol, não faltaram lances de golo iminente, competitividade e boa disputa de bola. O meu colega da Rádio Barcelos, Paulo Martins, foi ontem sujeito a um trabalho redobrado, pois, poucos foram os momentos em que pôde fazer pausas no seu relato, tal foi o ritmo intenso a que a partida se jogou.
Frente-a-frente estavam duas equipas a viver momentos diferente. De um lado, o SC Braga em 4.º lugar, mas a ressacar da primeira derrota em casa diante do Benfica. Do outro, o Moreirense nos últimos lugares da tabela, mas a viver o melhor período da época após duas vitórias consecutivas.
O jogo diante dos encarnados fez mossa na equipa de Paulo Fonseca, onde a equipa evidenciou lacunas nos três sectores. Na defesa habitualmente sólida, os dois golos sofridos na Pedreira diante dos encarnados, em apenas 11 minutos, mas não só, levaram o treinador arsenalista a fazer regressar à titularidade o “patrão” André Pinto, tal como Marcelo Goiano, dada a menor produtividade de Baiano nesse jogo. No meio-campo, Paulo Fonseca já terá percebido, finalmente, que Mauro e Luiz Carlos são incompatíveis, resolvendo o problema com a entrada do “maestro” Felipe Augusto, constituindo-se esta alteração numa mais-valia evidente na manobra da equipa. Se na defesa e meio-campo os problemas foram solucionados, o mesmo não se pode dizer do eixo do ataque, onde a aposta voltou a recair na dupla Stojlikovic – Hassan. Os dois “pinheiros” do SC Braga voltaram a ficar em branco em termos de golos, mas para além desse aspecto muito importante, fica cada vez mais patente a dificuldade de coordenação entre ambos revelada. E a razão desse handicap é fácil de perceber e nada tem a ver com a qualidade dos jogadores, que já deram provas da sua valia. Tem a ver tão só com o facto de serem dois jogadores muito semelhantes, que teimam em procurar os mesmos espaços e, de vez em quando, até se anulam um ao outro. Por mais que Paulo Fonseca se esforce em dar instruções constantes de reposicionamento à sua dupla atacante, está visto que terá de pensar noutras soluções. Inclusivamente, Paulo Fonseca tem no seu plantel elementos com o perfil de jogador adequado para complementar com o egípcio ou o sérvio: Rui Fonte, Crislán ou Wilson Eduardo.
Quanto ao jogo propriamente dito, já se esperavam grandes dificuldades aos bracarenses, à semelhança da época passada onde o jogo acabou, precisamente, num 0-0 também. A acrescentar à retoma anímica dos Cónegos por força das duas vitórias nas últimas duas partidas disputadas, a equipa de Miguel Leal tem qualidade e mesmo não podendo contar com o concurso de um dos seus elementos mais influentes, o médio argentino Battaglia que não pôde alinhar por estar emprestado pelo Braga, apresentou um conjunto muito organizado, cuja estratégia passa por defender bem, tapar os espaços arriscando o menos possível e contra-atacar através de transições rápidas dos seus avançados.
Esta estratégia acabou por dar frutos, pois, na primeira parte apesar do domínio constante do SC Braga, as oportunidades de golo repartiram-se, valendo a falta de pontaria dos avançados e intervenções preciosas dos guarda-redes e de alguns elementos de uma, e outra, defensivas. Do lado do SC Braga, destaque para Ricardo Ferreira, o jovem central que acompanhou o treinador na viagem desde Paços de Ferreira. Na tarde de ontem teve intervenções que negaram o golo ao Moreirense, tal como o guarda-redes russo Kritcyuk.
Na primeira parte, há ainda a destacar um mão-na-bola dentro da área do Moreirense, de Evaldo, lateral-esquerdo brasileiro do Moreirense que já vestiu também a camisola arsenalista, ao 31.º minuto. O árbitro Cosme Machado, a realizar o seu 100.º jogo na primeira categoria, nada assinalou, prejudicando assim o SC Braga.
No segundo tempo, o SC Braga entrou ainda melhor no jogo, com mais velocidade e dando maior profundidade e objectividade ao jogo, não se limitando apenas a fazer posse de bola. O capitão Alan, algo desaparecido na primeira parte, voltou a passear a sua classe e esteve muito perto de marcar, através de um remate cruzado. Da outra banda, Rafa voltou a ser um elemento desequilibrador, não obstante a presença massiva de homens do Moreirense no seu meio-campo. Nos primeiros vinte minutos da segunda parte o Braga conseguiu asfixiar o seu adversário, remetendo-o para os últimos trinta metros.
Porém, o golo teimava em não aparecer, levando Paulo Fonseca a fazer a substituição que se impunha, ao minuto 70, lançando Rui Fonte para devolver dinâmica à frente de ataque, na tentativa de abrir os espaços cada vez mais raros.
Mas volvidos dez minutos, o treinador bracarense não esteve tão bem, quando decidiu retirar de campo a sua dupla de criativos, Alan e Rafa, fazendo entrar os extremos Aaron e Pedro Santos. Um e outro pouco, ou nada, acrescentaram à equipa, que foi seriamente penalizada pela saída simultânea de dois elementos nucleares. Diz o povo no Minho que depois de feito o baptizado não faltam padrinhos, é verdade, mas aqui Paulo Fonseca poderia ter tomado outras opções. Por exemplo, retirar de campo Djavan e colocar Pedro Santos no seu lugar, já que depois da saída de Iuri Medeiros e Fati, o Moreirense deixou de atacar por aquele flanco. Ou então, retirar de campo Luiz Carlos e fazer entrar Mauro, para refrescar o meio-campo e manter a velocidade na circulação de bola no terreno adversário e intensificar a pressão na zona de construção do Moreirense, em caso de perda de bola.
Assim não aconteceu e o jogo acabou mesmo por ficar no 0-0, um resultado bem mais interessante para os da casa do que para os forasteiros. No final do encontro, Paulo Fonseca elogiou a prestação dos seus jogadores, que de facto estiveram bem, tal como os seus adversários de Moreira de Cónegos. No entanto, há um problema que urge resolver no SC Braga, pois os seus avançados têm andado divorciados dos golos, esperando-se que essa secure termine já na próxima quinta-feira, aquando da viagem à cidade holandesa de Groningen.
Até final do ano, os Guerreiros do Minho têm uma agenda carregada, pois terão ainda que medir forças com Tondela, na próxima jornada da liga, novamente na condição de visitante. Logo a seguir, recepção ao Sporting a contar para a Taça de Portugal, num jogo que está a gerar imensa expectativa, pois trata-se da reedição da última final. E depois há ainda um jogo a contar para a Taça da Liga, diante do Belenenses, nos últimos dias de 2015.
Terminado este ciclo, importa também lembrar que o mercado de transferências será reaberto, devendo a estrutura bracarense estar atenta, uma vez que neste momento é imperioso reforçar a lateral-esquerda da defesa, a fim de se encontrar uma alternativa a Djavan. Para além disso, é necessário acautelar alguma possível saída, uma vez que existem vários elementos no plantel a serem cobiçados por outros emblemas com fortes argumentos financeiros.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Frente-a-frente estavam duas equipas a viver momentos diferente. De um lado, o SC Braga em 4.º lugar, mas a ressacar da primeira derrota em casa diante do Benfica. Do outro, o Moreirense nos últimos lugares da tabela, mas a viver o melhor período da época após duas vitórias consecutivas.
O jogo diante dos encarnados fez mossa na equipa de Paulo Fonseca, onde a equipa evidenciou lacunas nos três sectores. Na defesa habitualmente sólida, os dois golos sofridos na Pedreira diante dos encarnados, em apenas 11 minutos, mas não só, levaram o treinador arsenalista a fazer regressar à titularidade o “patrão” André Pinto, tal como Marcelo Goiano, dada a menor produtividade de Baiano nesse jogo. No meio-campo, Paulo Fonseca já terá percebido, finalmente, que Mauro e Luiz Carlos são incompatíveis, resolvendo o problema com a entrada do “maestro” Felipe Augusto, constituindo-se esta alteração numa mais-valia evidente na manobra da equipa. Se na defesa e meio-campo os problemas foram solucionados, o mesmo não se pode dizer do eixo do ataque, onde a aposta voltou a recair na dupla Stojlikovic – Hassan. Os dois “pinheiros” do SC Braga voltaram a ficar em branco em termos de golos, mas para além desse aspecto muito importante, fica cada vez mais patente a dificuldade de coordenação entre ambos revelada. E a razão desse handicap é fácil de perceber e nada tem a ver com a qualidade dos jogadores, que já deram provas da sua valia. Tem a ver tão só com o facto de serem dois jogadores muito semelhantes, que teimam em procurar os mesmos espaços e, de vez em quando, até se anulam um ao outro. Por mais que Paulo Fonseca se esforce em dar instruções constantes de reposicionamento à sua dupla atacante, está visto que terá de pensar noutras soluções. Inclusivamente, Paulo Fonseca tem no seu plantel elementos com o perfil de jogador adequado para complementar com o egípcio ou o sérvio: Rui Fonte, Crislán ou Wilson Eduardo.
Quanto ao jogo propriamente dito, já se esperavam grandes dificuldades aos bracarenses, à semelhança da época passada onde o jogo acabou, precisamente, num 0-0 também. A acrescentar à retoma anímica dos Cónegos por força das duas vitórias nas últimas duas partidas disputadas, a equipa de Miguel Leal tem qualidade e mesmo não podendo contar com o concurso de um dos seus elementos mais influentes, o médio argentino Battaglia que não pôde alinhar por estar emprestado pelo Braga, apresentou um conjunto muito organizado, cuja estratégia passa por defender bem, tapar os espaços arriscando o menos possível e contra-atacar através de transições rápidas dos seus avançados.
Esta estratégia acabou por dar frutos, pois, na primeira parte apesar do domínio constante do SC Braga, as oportunidades de golo repartiram-se, valendo a falta de pontaria dos avançados e intervenções preciosas dos guarda-redes e de alguns elementos de uma, e outra, defensivas. Do lado do SC Braga, destaque para Ricardo Ferreira, o jovem central que acompanhou o treinador na viagem desde Paços de Ferreira. Na tarde de ontem teve intervenções que negaram o golo ao Moreirense, tal como o guarda-redes russo Kritcyuk.
Na primeira parte, há ainda a destacar um mão-na-bola dentro da área do Moreirense, de Evaldo, lateral-esquerdo brasileiro do Moreirense que já vestiu também a camisola arsenalista, ao 31.º minuto. O árbitro Cosme Machado, a realizar o seu 100.º jogo na primeira categoria, nada assinalou, prejudicando assim o SC Braga.
No segundo tempo, o SC Braga entrou ainda melhor no jogo, com mais velocidade e dando maior profundidade e objectividade ao jogo, não se limitando apenas a fazer posse de bola. O capitão Alan, algo desaparecido na primeira parte, voltou a passear a sua classe e esteve muito perto de marcar, através de um remate cruzado. Da outra banda, Rafa voltou a ser um elemento desequilibrador, não obstante a presença massiva de homens do Moreirense no seu meio-campo. Nos primeiros vinte minutos da segunda parte o Braga conseguiu asfixiar o seu adversário, remetendo-o para os últimos trinta metros.
Porém, o golo teimava em não aparecer, levando Paulo Fonseca a fazer a substituição que se impunha, ao minuto 70, lançando Rui Fonte para devolver dinâmica à frente de ataque, na tentativa de abrir os espaços cada vez mais raros.
Mas volvidos dez minutos, o treinador bracarense não esteve tão bem, quando decidiu retirar de campo a sua dupla de criativos, Alan e Rafa, fazendo entrar os extremos Aaron e Pedro Santos. Um e outro pouco, ou nada, acrescentaram à equipa, que foi seriamente penalizada pela saída simultânea de dois elementos nucleares. Diz o povo no Minho que depois de feito o baptizado não faltam padrinhos, é verdade, mas aqui Paulo Fonseca poderia ter tomado outras opções. Por exemplo, retirar de campo Djavan e colocar Pedro Santos no seu lugar, já que depois da saída de Iuri Medeiros e Fati, o Moreirense deixou de atacar por aquele flanco. Ou então, retirar de campo Luiz Carlos e fazer entrar Mauro, para refrescar o meio-campo e manter a velocidade na circulação de bola no terreno adversário e intensificar a pressão na zona de construção do Moreirense, em caso de perda de bola.
Assim não aconteceu e o jogo acabou mesmo por ficar no 0-0, um resultado bem mais interessante para os da casa do que para os forasteiros. No final do encontro, Paulo Fonseca elogiou a prestação dos seus jogadores, que de facto estiveram bem, tal como os seus adversários de Moreira de Cónegos. No entanto, há um problema que urge resolver no SC Braga, pois os seus avançados têm andado divorciados dos golos, esperando-se que essa secure termine já na próxima quinta-feira, aquando da viagem à cidade holandesa de Groningen.
Até final do ano, os Guerreiros do Minho têm uma agenda carregada, pois terão ainda que medir forças com Tondela, na próxima jornada da liga, novamente na condição de visitante. Logo a seguir, recepção ao Sporting a contar para a Taça de Portugal, num jogo que está a gerar imensa expectativa, pois trata-se da reedição da última final. E depois há ainda um jogo a contar para a Taça da Liga, diante do Belenenses, nos últimos dias de 2015.
Terminado este ciclo, importa também lembrar que o mercado de transferências será reaberto, devendo a estrutura bracarense estar atenta, uma vez que neste momento é imperioso reforçar a lateral-esquerda da defesa, a fim de se encontrar uma alternativa a Djavan. Para além disso, é necessário acautelar alguma possível saída, uma vez que existem vários elementos no plantel a serem cobiçados por outros emblemas com fortes argumentos financeiros.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)