Diz a gíria futebolística, tão dada a metáforas, dos treinadores com escassez de soluções de qualidade: “é difícil fazer omeletes sem ovos”. Que o diga Ernesto Valverde, treinador do Athletic de Bilbao! Bem gostava este técnico espanhol de poder contar com as opções do seu compatriota e adversário neste jogo. Mas não pode. O seu clube até dispõe de capacidade financeira para construir um plantel com arcaboiço para a Champions e, também, para voltar a disputar os lugares cimeiros de La Liga.
Porém, o Athletic de Bilbao não é um clube qualquer. É uma mística, um culto, um símbolo da secular nação basca e do seu povo, de Euskal Herria. No plantel de los Leones, só há lugar para bascos. Sejam eles nascidos no País Basco espanhol (Hegoalde), ou na porção francesa do território, para lá dos Pirenéus (Iparralde), ou filhos de bascos na diáspora, ou alguém criado no seio desta pátria sem estado.
Do outro lado da barricada estava outro basco, Julen Lopetegui, muito contestado ultimamente pela sua política de rotatividade. Não faz qualquer tipo de sentido promover tantas alterações no onze, quando as ideias e modelo de jogo do treinador ainda não estão devidamente cimentadas, até porque essa consolidação não se consegue com apenas alguns meses de trabalho.
Porém, o Athletic de Bilbao não é um clube qualquer. É uma mística, um culto, um símbolo da secular nação basca e do seu povo, de Euskal Herria. No plantel de los Leones, só há lugar para bascos. Sejam eles nascidos no País Basco espanhol (Hegoalde), ou na porção francesa do território, para lá dos Pirenéus (Iparralde), ou filhos de bascos na diáspora, ou alguém criado no seio desta pátria sem estado.
Do outro lado da barricada estava outro basco, Julen Lopetegui, muito contestado ultimamente pela sua política de rotatividade. Não faz qualquer tipo de sentido promover tantas alterações no onze, quando as ideias e modelo de jogo do treinador ainda não estão devidamente cimentadas, até porque essa consolidação não se consegue com apenas alguns meses de trabalho.
O tempo e os resultados estão a mostrar ao treinador portista o quanto ele está errado. E já pagou bem caro, ao ser afastado precocemente da Taça de Portugal, em sua casa, diante do rival de Alvalade.
A Liga dos Campeões representa, assim, uma espécie de tábua de salvação para Lopetegui, pelo menos, no imediato. Hoje, diante dos seus compatriotas, escalou o que ele entende ser o seu melhor onze. Fez regressar à baliza Fabiano, juntou o quarteto defensivo com mais rodagem (Danilo-Maicon-Indi-Alex Sandro). O meio campo confiou-o a Casemiro, na posição 6, Herrera com as funções de transporte de jogo, deixando Brahimi solto e tirando assim partido na imensa criatividade do argelino. Nas alas, regressou Tello à esquerda e no lado direito o colombiano Quintero, que vem demonstrando rendimento redobrado em zonas centrais. O eixo do ataque deixou-o entregue ao inevitável Jackson.
Com tantas soluções de qualidade, seria quase impossível o FC Porto jogar mal diante de um Athletic de Bilbao a atravessar um péssimo momento na época. E assim foi, os azuis-e-brancos exprimiram a sua superioridade na primeira parte, com momentos de algum brilhantismo a espaços e maior pendor ofensivo. Contudo, o primeiro golo da partida viria a surgir apenas no final da primeira parte, apontado pelo mexicano Herrera, a colocar justiça no marcador.
Seria de esperar alguma reacção dos bascos na segunda parte, tal veio a acontecer, com Valverde a lançar Beñat e Muniain. Os bilbaínos estenderam-se no terreno e começaram a pressionar o FC Porto na sua linha defensiva e no início da sua construção de jogo. Tardaram, mas acabaram por descobrir o calcanhar de Aquiles da equipa portista. Quando são apertados, os jogadores do Porto sentem tremendas dificuldades em controlar a bola, a redondinha parece que queima alguns. E tal como já sucedera com Ruben Neves, Oliver, Maicon, Brahimi, Marcano, ou Casemiro, desta vez calhou a Herrera o errar de passe fatal que proporcionou ao adversário o ensejo de marcar. Assim, aos 58 minutos Guillermo não enjeitou a oferta e restabeleceu a igualdade.
De imediato, começaram os assobios (e um ou outro lenço branco) nas bancadas do Dragão. A contestação subiu de tom quando Lopetegui retirou Quintero, o melhor em campo do FC Porto naquele momento, para a entrada do jovem Ruben Neves. E só acalmou quando (finalmente!) o técnico espanhol lá se dignou a colocar Ricardo Quaresma no terreno de jogo.
O Mustang não se fez rogado e demorou apenas cinco minutos a fazer uma arrancada pela esquerda e a disparar um “foguete”, que só parou no fundo da baliza de Iraizoz, pese embora o facto do guarda-redes capitão dos bascos não ter ficado muito bem na fotografia.
Até final, houve oportunidades (poucas) de parte-a-parte, mas o 2-1 final acabaria por ser justo, sobretudo, tendo em conta a excelente primeira parte do FC Porto.
Esta vitória coloca os portistas na liderança do Grupo H e em excelente posição para seguir em frente, ou até atingir o primeiro lugar, importantíssimo para um melhor posicionamento teórico no sorteio dos oitavos de final.
Ironia do destino, o jogador mais mal-amado pelo treinador acaba por lhe salvar a vida e ajuda-o a recuperar uma parte do capital de confiança perdida nos últimos tempos. A equipa regressa aos triunfos e no futebol, tal como nas histórias da carochinha, tudo está bem quando acaba bem.
Como já referido, o FC Porto tem qualidade de sobra e uma plêiade de soluções que permitem disfarçar as lacunas ainda existentes numa equipa em permanente formação, porque o treinador assim o quer. Só para as constantes fífias nas posições mais recuadas é que parece ainda não haver antídoto.
Com este triunfo, Lopetegui ganha espaço para respirar, terá a oportunidade de preparar o próximo jogo tranquilamente e folgará um pouco as suas costas até… agora vou pegar na frase de um velho amigo… “até à próxima rotação”.
Ricardo Jorge
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
A Liga dos Campeões representa, assim, uma espécie de tábua de salvação para Lopetegui, pelo menos, no imediato. Hoje, diante dos seus compatriotas, escalou o que ele entende ser o seu melhor onze. Fez regressar à baliza Fabiano, juntou o quarteto defensivo com mais rodagem (Danilo-Maicon-Indi-Alex Sandro). O meio campo confiou-o a Casemiro, na posição 6, Herrera com as funções de transporte de jogo, deixando Brahimi solto e tirando assim partido na imensa criatividade do argelino. Nas alas, regressou Tello à esquerda e no lado direito o colombiano Quintero, que vem demonstrando rendimento redobrado em zonas centrais. O eixo do ataque deixou-o entregue ao inevitável Jackson.
Com tantas soluções de qualidade, seria quase impossível o FC Porto jogar mal diante de um Athletic de Bilbao a atravessar um péssimo momento na época. E assim foi, os azuis-e-brancos exprimiram a sua superioridade na primeira parte, com momentos de algum brilhantismo a espaços e maior pendor ofensivo. Contudo, o primeiro golo da partida viria a surgir apenas no final da primeira parte, apontado pelo mexicano Herrera, a colocar justiça no marcador.
Seria de esperar alguma reacção dos bascos na segunda parte, tal veio a acontecer, com Valverde a lançar Beñat e Muniain. Os bilbaínos estenderam-se no terreno e começaram a pressionar o FC Porto na sua linha defensiva e no início da sua construção de jogo. Tardaram, mas acabaram por descobrir o calcanhar de Aquiles da equipa portista. Quando são apertados, os jogadores do Porto sentem tremendas dificuldades em controlar a bola, a redondinha parece que queima alguns. E tal como já sucedera com Ruben Neves, Oliver, Maicon, Brahimi, Marcano, ou Casemiro, desta vez calhou a Herrera o errar de passe fatal que proporcionou ao adversário o ensejo de marcar. Assim, aos 58 minutos Guillermo não enjeitou a oferta e restabeleceu a igualdade.
De imediato, começaram os assobios (e um ou outro lenço branco) nas bancadas do Dragão. A contestação subiu de tom quando Lopetegui retirou Quintero, o melhor em campo do FC Porto naquele momento, para a entrada do jovem Ruben Neves. E só acalmou quando (finalmente!) o técnico espanhol lá se dignou a colocar Ricardo Quaresma no terreno de jogo.
O Mustang não se fez rogado e demorou apenas cinco minutos a fazer uma arrancada pela esquerda e a disparar um “foguete”, que só parou no fundo da baliza de Iraizoz, pese embora o facto do guarda-redes capitão dos bascos não ter ficado muito bem na fotografia.
Até final, houve oportunidades (poucas) de parte-a-parte, mas o 2-1 final acabaria por ser justo, sobretudo, tendo em conta a excelente primeira parte do FC Porto.
Esta vitória coloca os portistas na liderança do Grupo H e em excelente posição para seguir em frente, ou até atingir o primeiro lugar, importantíssimo para um melhor posicionamento teórico no sorteio dos oitavos de final.
Ironia do destino, o jogador mais mal-amado pelo treinador acaba por lhe salvar a vida e ajuda-o a recuperar uma parte do capital de confiança perdida nos últimos tempos. A equipa regressa aos triunfos e no futebol, tal como nas histórias da carochinha, tudo está bem quando acaba bem.
Como já referido, o FC Porto tem qualidade de sobra e uma plêiade de soluções que permitem disfarçar as lacunas ainda existentes numa equipa em permanente formação, porque o treinador assim o quer. Só para as constantes fífias nas posições mais recuadas é que parece ainda não haver antídoto.
Com este triunfo, Lopetegui ganha espaço para respirar, terá a oportunidade de preparar o próximo jogo tranquilamente e folgará um pouco as suas costas até… agora vou pegar na frase de um velho amigo… “até à próxima rotação”.
Ricardo Jorge
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)