Em Old Trafford jogou-se um apetitoso, mas ao mesmo tempo insosso, Portugal – Argentina, que se transformou num inevitável Cristiano Ronaldo – Lionel Messi. Não deveria ser, mas o mediatismo de ambos torna, ou tornou, quase tudo o resto, matéria de actores secundários, por muito que todos, desde companheiros de selecção até seleccionadores, tentassem tirar o foco nos dois melhores do mundo, era ou foi impossível isso acontecer e até Quaresma, o joker de Fernando Santos, no lançamento do jogo na segunda-feira, colocou mais um pouco de pimenta na questão, ao dirigir-se a Messi, pura e simplesmente, como o outro que vem atrás de Ronaldo, por isso foi inevitável alhear deste jogo, aquilo que CR7 e Messi fizeram, ou neste caso em concreto, aquilo que deixaram de fazer.
Este jogo revestia-se também de especial importância para Nani, que regressava ao seu Teatro dos Sonhos, com a ambição de provar que a sua dispensa do United, tinha sido um erro crasso de Louis Van Gaal e seus pares.
Tudo isto, para lançamento do grande jogo, estava muito bonito, só que o mesmo foi um bocejo terrível, uma pobreza, uma miséria de futebol jogado. Salvaram-se as federações, tanto a das quinas como a das pampas, pois foram as únicas que ganharam alguma coisa com este jogo, encaixando uma bela maquia monetária, coitados dos adeptos que pagaram balúrdios para ver tão triste espectáculo.
Fernando Santos, que havia conseguido duas vitórias importantes contra a Dinamarca e com a Arménia, nos jogos a doer e nos que contam para o apuramento do europeu de França em 2016, mexeu, de início, no onze e deu oportunidade a vários jogadores: Beto por Rui Patrício, Bruno Alves por Ricardo Carvalho, Tiago Gomes por Raphael Guerreiro, André Gomes por Hélder Postiga. Diga-se de passagem, que tanto ontem, como na sexta-feira passada diante da Arménia, a imagem do jogo da selecção foi muito pálida, há, neste momento, motivos para alarme, Portugal está a jogar muito pouco, para não dizer quase nada e ontem, não se percebeu muito bem qual foi a ideia de Fernando Santos para o jogo. André Gomes esteve sempre, ou quase sempre, desligado da corrente, Tiago e Moutinho, confundiram-se na teia montada e a turma das quinas não criou jogo nem lances de perigo. Ronaldo e Nani, que regressavam a uma casa que bem conhecem, ainda tentaram levar perigo à baliza de Guzmán, com o extremo leonino a ser um dos mais inconformados da noite, mas o que é certo, é que o guarda-redes argentino, pouco ou nenhum trabalho teve em todo o jogo, e acabou batido praticamente na última jogada do encontro, quando já ninguém acreditava nisso.
Se olharmos para este embate como um duelo entre Ronaldo e Messi, temos que dizer, a bem da verdade, que o astro argentino, enquanto esteve em campo (tanto um como outro saíram ao intervalo), esteve mais afoito e mais perigoso que o capitão da turma das quinas, na primeira parte, todas as jogadas de perigo para a baliza de Beto (que regressou em bom plano à baliza da selecção nacional) tiveram o cunho pessoal de Messi, é certo que CR7 agitou mais o público, claramente grato por aquilo que o português fez quando passou por Manchester e a sonhar com o seu regresso, e cada vez que o madeirense tocava na bola, a histeria era geral, mas os resultados práticos em jogo, eram nulos.
Além disso, o jogador do Barcelona, que jogou descaído pela direita, foi pondo a cabeça em água a um dos estreantes, Tiago Gomes, que suportou as investidas de Messi na primeira parte e Di Maria na segunda, numa noite para recordar, mas sem brilho por parte do bracarense, que até saiu lesionado na etapa complementar, permitindo a Raphael Guerreiro entrar, pois não estava no figurino do jogo e vestir a capa de herói. Dia negro por um lado para Tiago Gomes, de felicidade por outro.
Na primeira parte, destaca-se ainda, a excelente exibição de Pepe, tudo o que chegou à área lusa, o central limpou com categoria e autoridade.
Na segunda parte o ritmo do jogo ainda foi mais brando do que na primeira, parecia quase impossível, mas foi uma triste realidade.
Estes segundos 45 minutos valeram pelas estreias de José Fonte (rendeu Pepe ao intervalo), que teve uma actuação sem sobressaltos, de Adrien, que esteve na origem do golo português, esse sim, o verdadeiro e único motivo de alegria para Portugal em todo o jogo.
Numa jogada estranha (vamos chamar-lhe assim) Adrien pegou na bola e rematou a mesma na direcção da baliza argentina, o esférico, copiosamente bateu em Éder (que entrara no decorrer do intervalo, mas teve uma actuação muito discreta) que, sem querer, colocou a bola, numa magistral desmarcação, redondinha nos pés de Quaresma (que havia rendido Ronaldo ao intervalo e bem tentou fazer alguma magia mas sempre sem grande êxito) este, o verdadeiro talismã de Fernando Santos, colocou a bola no coração da pequena área para o menino, Raphael Guerreiro, terminar uma semana de sonho nos píncaros da lua, ao marcar de cabeça em grande estilo, o golo que iria derrotar a Argentina e materializar a segunda vitória portuguesa, no histórico de confrontos com a selecção sul-americana.
Realçar o facto dos “portugueses” Gaitán e Jonathan Silva, terem dado o seu contributo ao jogo, o benfiquista entrou ao intervalo e o sportinguista, no decorrer da segunda parte, na formação orientada por Tata Martino, mas sem motivos para grandes relevos, tal foi a inércia no segundo tempo.
Basicamente estes jogos valem pelo dinheiro que as federações encaixam, pela possibilidade de criar mais alguns internacionais e pouco mais, a julgar pelo que se viu, parece que ninguém ou pelo menos os jogadores e os clubes que estes representam, não são muito a favor destas partidas, que, diga-se, em altura de sobrelotação dos calendários, não fazem nenhum sentido.
Daniel Loureço
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Este jogo revestia-se também de especial importância para Nani, que regressava ao seu Teatro dos Sonhos, com a ambição de provar que a sua dispensa do United, tinha sido um erro crasso de Louis Van Gaal e seus pares.
Tudo isto, para lançamento do grande jogo, estava muito bonito, só que o mesmo foi um bocejo terrível, uma pobreza, uma miséria de futebol jogado. Salvaram-se as federações, tanto a das quinas como a das pampas, pois foram as únicas que ganharam alguma coisa com este jogo, encaixando uma bela maquia monetária, coitados dos adeptos que pagaram balúrdios para ver tão triste espectáculo.
Fernando Santos, que havia conseguido duas vitórias importantes contra a Dinamarca e com a Arménia, nos jogos a doer e nos que contam para o apuramento do europeu de França em 2016, mexeu, de início, no onze e deu oportunidade a vários jogadores: Beto por Rui Patrício, Bruno Alves por Ricardo Carvalho, Tiago Gomes por Raphael Guerreiro, André Gomes por Hélder Postiga. Diga-se de passagem, que tanto ontem, como na sexta-feira passada diante da Arménia, a imagem do jogo da selecção foi muito pálida, há, neste momento, motivos para alarme, Portugal está a jogar muito pouco, para não dizer quase nada e ontem, não se percebeu muito bem qual foi a ideia de Fernando Santos para o jogo. André Gomes esteve sempre, ou quase sempre, desligado da corrente, Tiago e Moutinho, confundiram-se na teia montada e a turma das quinas não criou jogo nem lances de perigo. Ronaldo e Nani, que regressavam a uma casa que bem conhecem, ainda tentaram levar perigo à baliza de Guzmán, com o extremo leonino a ser um dos mais inconformados da noite, mas o que é certo, é que o guarda-redes argentino, pouco ou nenhum trabalho teve em todo o jogo, e acabou batido praticamente na última jogada do encontro, quando já ninguém acreditava nisso.
Se olharmos para este embate como um duelo entre Ronaldo e Messi, temos que dizer, a bem da verdade, que o astro argentino, enquanto esteve em campo (tanto um como outro saíram ao intervalo), esteve mais afoito e mais perigoso que o capitão da turma das quinas, na primeira parte, todas as jogadas de perigo para a baliza de Beto (que regressou em bom plano à baliza da selecção nacional) tiveram o cunho pessoal de Messi, é certo que CR7 agitou mais o público, claramente grato por aquilo que o português fez quando passou por Manchester e a sonhar com o seu regresso, e cada vez que o madeirense tocava na bola, a histeria era geral, mas os resultados práticos em jogo, eram nulos.
Além disso, o jogador do Barcelona, que jogou descaído pela direita, foi pondo a cabeça em água a um dos estreantes, Tiago Gomes, que suportou as investidas de Messi na primeira parte e Di Maria na segunda, numa noite para recordar, mas sem brilho por parte do bracarense, que até saiu lesionado na etapa complementar, permitindo a Raphael Guerreiro entrar, pois não estava no figurino do jogo e vestir a capa de herói. Dia negro por um lado para Tiago Gomes, de felicidade por outro.
Na primeira parte, destaca-se ainda, a excelente exibição de Pepe, tudo o que chegou à área lusa, o central limpou com categoria e autoridade.
Na segunda parte o ritmo do jogo ainda foi mais brando do que na primeira, parecia quase impossível, mas foi uma triste realidade.
Estes segundos 45 minutos valeram pelas estreias de José Fonte (rendeu Pepe ao intervalo), que teve uma actuação sem sobressaltos, de Adrien, que esteve na origem do golo português, esse sim, o verdadeiro e único motivo de alegria para Portugal em todo o jogo.
Numa jogada estranha (vamos chamar-lhe assim) Adrien pegou na bola e rematou a mesma na direcção da baliza argentina, o esférico, copiosamente bateu em Éder (que entrara no decorrer do intervalo, mas teve uma actuação muito discreta) que, sem querer, colocou a bola, numa magistral desmarcação, redondinha nos pés de Quaresma (que havia rendido Ronaldo ao intervalo e bem tentou fazer alguma magia mas sempre sem grande êxito) este, o verdadeiro talismã de Fernando Santos, colocou a bola no coração da pequena área para o menino, Raphael Guerreiro, terminar uma semana de sonho nos píncaros da lua, ao marcar de cabeça em grande estilo, o golo que iria derrotar a Argentina e materializar a segunda vitória portuguesa, no histórico de confrontos com a selecção sul-americana.
Realçar o facto dos “portugueses” Gaitán e Jonathan Silva, terem dado o seu contributo ao jogo, o benfiquista entrou ao intervalo e o sportinguista, no decorrer da segunda parte, na formação orientada por Tata Martino, mas sem motivos para grandes relevos, tal foi a inércia no segundo tempo.
Basicamente estes jogos valem pelo dinheiro que as federações encaixam, pela possibilidade de criar mais alguns internacionais e pouco mais, a julgar pelo que se viu, parece que ninguém ou pelo menos os jogadores e os clubes que estes representam, não são muito a favor destas partidas, que, diga-se, em altura de sobrelotação dos calendários, não fazem nenhum sentido.
Daniel Loureço
[email protected]
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)