Numa noite fria, num ambiente que seguramente não era o mais propício, embora estejamos na quadra natalícia, o Sporting deslocou-se até Guimarães, para disputar a primeira jornada da terceira fase da Taça da Liga e, no meio do turbilhão que se vive em Alvalade, venceu num terreno muito complicado como é o Estádio D. Afonso Henriques. A vitória serve para a equipa liderada (até quando não se sabe) por Marco Silva, fechar o ano da melhor forma e iniciar com um pouco mais de tranquilidade, se o presidente não se lembrar de fazer ou ler nenhuma mensagem de Ano Novo, a preparação dos trabalhos para a recepção ao Estoril, no próximo sábado.
Muito deste jogo passava, por tudo aquilo que antecedeu este confronto, inevitavelmente, pela postura do treinador e presidente leonino, este último já tinha dado o mote ao não viajar com a equipa para o estágio em Braga (liderar requer atitudes e não palavras ocas), é certo que não houve entre os dois nenhuma troca, pelo menos visível, de palavras nem cumprimentos, notando-se, como também era de esperar, algum (muito) distanciamento entre os dois.
Foi notório que o treinador do Sporting pareceu sempre um homem muito só, com cara sempre muito séria, mas isso não quer dizer isolado, antes pelo contrário, contudo, Marco Silva, mostrou-se por vezes, se assim se pode dizer, fora de contexto, apenas os momentos dos golos foram vividos de forma mais exuberante, no final trocou cumprimentos com alguns elementos do seu staff (bonita imagem de Paulinho, o mítico roupeiro de Alvalade, a festejar a vitória com um abraço ao treinador), agradeceu aos adeptos e retirou-se do relvado, deixando o resto dos festejos para os seus jogadores e não só, pois o presidente leonino vibrou de forma muito vincada com esta vitória, numa prova que o Sporting não valoriza, regista-se tanta festa.
No final do encontro, na pausa imposta pelos regulamentos ao absurdo blackout, Marco Silva usou com mestria o tempo de antena, focou-se nos adeptos: "está na hora de os respeitar" e nos jogadores, que tem sido o seu garante, dizendo que se se sente bem no cargo, a eles o deve, voltou o timoneiro do banco verde e branco a demonstrar que tem uma personalidade forte e uma resistência do tamanho do mundo. Somos levados a pensar, que após estas afirmações, Bruno de Carvalho, voltou a engolir em seco.
Olhando agora para o que se passou nas quatro linhas, Marco Silva, que foi forçado apresentar, por causa da birra sem nexo que vem da época passada, uma equipa de segunda linha, aproveitou então para entregar a titularidade a jogadores que não tem tido muitos minutos na equipa principal do Sporting. No onze apresentado, realçam-se as boas prestações de André Geraldes, jogou a lateral esquerdo, secou a turbina vimaranense, Hernâni; Tobias Figueiredo, que esteve quase irrepreensível no centro da defesa, ao contrário de Naby Sarr, com o francês a demonstrar que tem ainda um caminho muito longo a percorrer; Heldon, que além de ter marcado o primeiro golo da noite, teve bons apontamentos durante o tempo que esteve em campo e Tanaka, que demonstrou alguns bons pormenores, que podem fazer dele uma mais-valia para o restante da época. Podem destacar-se também as prestações positivas de Rosell, Guald, Podence e Esgaio, além das boas entradas em campo de Wallyson, Sacko e Dramé, este último, servido pelo francês, fez o golo que fechou a contagem, selando a vitória dos leões por 0-2. Por outro lado, Slavchev, não aproveitou a oportunidade, estando muitos furos abaixo dos restantes, se calhar, nesta altura, o empréstimo a um clube da primeira liga, poderá ser uma boa opção para o internacional búlgaro ganhar rodagem no nosso campeonato.
Não se assistindo a um grande jogo, longe disso até, o Sporting foi feliz, se calhar teve hoje a felicidade que lhe tem faltado noutros jogos, pois na primeira oportunidade de golo da partida, Heldon, que está de malas feitas para se juntar à selecção de Cabo Verde, que vai disputar a CAN, aproveitou uma boa desmarcação de Esgaio, que tinha combinado de forma soberba com Podence, para fazer o 0-1, e com isso diminuir a ansiedade de uma equipa que tem vivido sobre brasas, que não tem o ritmo de jogar junta, mas que após este golo, ganhou mais confiança para o restante tempo de jogo.
Os primeiros 45 minutos foram muito insossos, sem chama nem grandes motivos de interesse, nem jogadas para recordar, tudo foi feito muito aos repelões e o próprio Vitória de Guimarães, que tentava que o seu farol, Hernâni, conseguisse ser o desequilibrador que a equipa tanto precisava, viu André Geraldes, invariavelmente, fazer-lhe a vida difícil e tapar-lhe os caminhos da área e da baliza contrária.
Ao intervalo o resultado era um prémio muito grande para o Sporting e um castigo pesado para o Vitória.
A segunda parte já foi diferente, o treinador vitoriano, Rui Vitória, percebeu que tinha de colocar mais carne no assador e lançou as pedras que tinha para poder mudar o jogo, Alex, surgiu no reinício e trouxe aos da casa maior acutilância e lucidez na zona mais avançada do terreno, a partir daqui, o Vitória foi bem mais perigoso e chegou a cheirar o golo, uma das perdidas foi escandalosa, com Ricardo e Josué, debaixo dos postes, a não conseguirem colocar a bola nas redes da baliza de Marcelo Boeck. Os leões, mais remetidos na sua linha defensiva, com boa organização, sempre que puderam tentaram responder e Tanaka teve dois bons apontamentos, mas nestas duas situações, Douglas, que regressava após lesão à competição, negou com grande categoria e duas boas defesas, a felicidade ao japonês.
Sem nunca desistir de marcar o golo do empate, o Vitória, muito perdulário e sem a objectividade de outros jogos, soma o quarto jogo seguido sem vencer e sem marcar golos, motivo para reflexão, foi acossando e remetendo o Sporting para a sua área e na última jogada do encontro, com os vitorianos totalmente balanceados no ataque, Wallyson recuperou a bola atrás da linha do meio campo, lançou-a com mestria na direita, Sacko correu, segurou o esférico e cruzou para a área, a defensiva da casa sacudiu defeituosamente a bola e esta parou nos pés de Dramé, que fechou as contas com um belíssimo pontapé, sem espinhas nem hipótese para Douglas. Fixava-se o 0-2 e no minuto a seguir, o árbitro portuense, Manuel Oliveira, de luto pela morte do seu pai, fechava a partida em Guimarães.
Vitória da eficácia do Sporting, perante um Vitória que não conseguiu ter essa virtude, se olharmos aos números eles são arrebatadores: posse de bola, remates e cantos, o Vitória foi em todos superior, porém, e até ao momento, os jogos de futebol ainda são decididos pelos golos e nesse capítulo, os leões, foram de uma eficácia assombrosa.
No fim do jogo, Rui Vitória tentou valorizar o Sporting, como que a justificar este desaire, dizendo que a equipa leonina era composta por jogadores que sendo de segunda linha, custam milhões, tudo certo, mas houve fases do jogo, que os pupilos da cidade berço, pareceram sobranceiros na partida e isso, é culpa do treinador, que não soube elucidar os seus homens para a importância deste jogo e não é crível, que depois da eliminação na Taça de Portugal, o Vitória de Guimarães, olhasse para este troféu, Taça da Liga, com desdém.
Vitória também para Marco Silva, que mostrou competência e frieza para abraçar este jogo, venceu-o com um conjunto de jogadores que Bruno de Carvalho anunciou, a 19 deste mês, como sendo os reforços de inverno para a formação leonina e pode olhar-se para esta vitória como um pau de bicos para o treinador, mas se o fizermos com o distanciamento e a lucidez necessárias, tirando Tobias Figueiredo, não se vê que algum deles, no imediato, possam ser opção para a primeira equipa, ressalvando que nem Tobias Figueiredo, porventura o mais maduro dos jovens lançados no jogo, poderá ser o reforço para o eixo central que a equipa tanto precisa.
Falta agora perceber que Sporting teremos daqui para a frente, que mudanças poderão acontecer, quanto tempo Marco Silva vai aguentar, ou se é vontade do presidente Bruno Carvalho dispensar os seus serviços no imediato, ou se vai mantê-lo, desgastando-o com a guerra interna que se iniciou aquando da visita a Guimarães para o campeonato, ou então, dar-lhe a paz necessária para que este possa fazer o seu trabalho com tranquilidade. Veremos o que o futuro terá reservado, não esquecendo que no próximo sábado dá-se a recepção, sempre complicada, ao Estoril e os leões vêm-se obrigados a vencer, para não descolarem ainda mais, do comboio da frente.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Muito deste jogo passava, por tudo aquilo que antecedeu este confronto, inevitavelmente, pela postura do treinador e presidente leonino, este último já tinha dado o mote ao não viajar com a equipa para o estágio em Braga (liderar requer atitudes e não palavras ocas), é certo que não houve entre os dois nenhuma troca, pelo menos visível, de palavras nem cumprimentos, notando-se, como também era de esperar, algum (muito) distanciamento entre os dois.
Foi notório que o treinador do Sporting pareceu sempre um homem muito só, com cara sempre muito séria, mas isso não quer dizer isolado, antes pelo contrário, contudo, Marco Silva, mostrou-se por vezes, se assim se pode dizer, fora de contexto, apenas os momentos dos golos foram vividos de forma mais exuberante, no final trocou cumprimentos com alguns elementos do seu staff (bonita imagem de Paulinho, o mítico roupeiro de Alvalade, a festejar a vitória com um abraço ao treinador), agradeceu aos adeptos e retirou-se do relvado, deixando o resto dos festejos para os seus jogadores e não só, pois o presidente leonino vibrou de forma muito vincada com esta vitória, numa prova que o Sporting não valoriza, regista-se tanta festa.
No final do encontro, na pausa imposta pelos regulamentos ao absurdo blackout, Marco Silva usou com mestria o tempo de antena, focou-se nos adeptos: "está na hora de os respeitar" e nos jogadores, que tem sido o seu garante, dizendo que se se sente bem no cargo, a eles o deve, voltou o timoneiro do banco verde e branco a demonstrar que tem uma personalidade forte e uma resistência do tamanho do mundo. Somos levados a pensar, que após estas afirmações, Bruno de Carvalho, voltou a engolir em seco.
Olhando agora para o que se passou nas quatro linhas, Marco Silva, que foi forçado apresentar, por causa da birra sem nexo que vem da época passada, uma equipa de segunda linha, aproveitou então para entregar a titularidade a jogadores que não tem tido muitos minutos na equipa principal do Sporting. No onze apresentado, realçam-se as boas prestações de André Geraldes, jogou a lateral esquerdo, secou a turbina vimaranense, Hernâni; Tobias Figueiredo, que esteve quase irrepreensível no centro da defesa, ao contrário de Naby Sarr, com o francês a demonstrar que tem ainda um caminho muito longo a percorrer; Heldon, que além de ter marcado o primeiro golo da noite, teve bons apontamentos durante o tempo que esteve em campo e Tanaka, que demonstrou alguns bons pormenores, que podem fazer dele uma mais-valia para o restante da época. Podem destacar-se também as prestações positivas de Rosell, Guald, Podence e Esgaio, além das boas entradas em campo de Wallyson, Sacko e Dramé, este último, servido pelo francês, fez o golo que fechou a contagem, selando a vitória dos leões por 0-2. Por outro lado, Slavchev, não aproveitou a oportunidade, estando muitos furos abaixo dos restantes, se calhar, nesta altura, o empréstimo a um clube da primeira liga, poderá ser uma boa opção para o internacional búlgaro ganhar rodagem no nosso campeonato.
Não se assistindo a um grande jogo, longe disso até, o Sporting foi feliz, se calhar teve hoje a felicidade que lhe tem faltado noutros jogos, pois na primeira oportunidade de golo da partida, Heldon, que está de malas feitas para se juntar à selecção de Cabo Verde, que vai disputar a CAN, aproveitou uma boa desmarcação de Esgaio, que tinha combinado de forma soberba com Podence, para fazer o 0-1, e com isso diminuir a ansiedade de uma equipa que tem vivido sobre brasas, que não tem o ritmo de jogar junta, mas que após este golo, ganhou mais confiança para o restante tempo de jogo.
Os primeiros 45 minutos foram muito insossos, sem chama nem grandes motivos de interesse, nem jogadas para recordar, tudo foi feito muito aos repelões e o próprio Vitória de Guimarães, que tentava que o seu farol, Hernâni, conseguisse ser o desequilibrador que a equipa tanto precisava, viu André Geraldes, invariavelmente, fazer-lhe a vida difícil e tapar-lhe os caminhos da área e da baliza contrária.
Ao intervalo o resultado era um prémio muito grande para o Sporting e um castigo pesado para o Vitória.
A segunda parte já foi diferente, o treinador vitoriano, Rui Vitória, percebeu que tinha de colocar mais carne no assador e lançou as pedras que tinha para poder mudar o jogo, Alex, surgiu no reinício e trouxe aos da casa maior acutilância e lucidez na zona mais avançada do terreno, a partir daqui, o Vitória foi bem mais perigoso e chegou a cheirar o golo, uma das perdidas foi escandalosa, com Ricardo e Josué, debaixo dos postes, a não conseguirem colocar a bola nas redes da baliza de Marcelo Boeck. Os leões, mais remetidos na sua linha defensiva, com boa organização, sempre que puderam tentaram responder e Tanaka teve dois bons apontamentos, mas nestas duas situações, Douglas, que regressava após lesão à competição, negou com grande categoria e duas boas defesas, a felicidade ao japonês.
Sem nunca desistir de marcar o golo do empate, o Vitória, muito perdulário e sem a objectividade de outros jogos, soma o quarto jogo seguido sem vencer e sem marcar golos, motivo para reflexão, foi acossando e remetendo o Sporting para a sua área e na última jogada do encontro, com os vitorianos totalmente balanceados no ataque, Wallyson recuperou a bola atrás da linha do meio campo, lançou-a com mestria na direita, Sacko correu, segurou o esférico e cruzou para a área, a defensiva da casa sacudiu defeituosamente a bola e esta parou nos pés de Dramé, que fechou as contas com um belíssimo pontapé, sem espinhas nem hipótese para Douglas. Fixava-se o 0-2 e no minuto a seguir, o árbitro portuense, Manuel Oliveira, de luto pela morte do seu pai, fechava a partida em Guimarães.
Vitória da eficácia do Sporting, perante um Vitória que não conseguiu ter essa virtude, se olharmos aos números eles são arrebatadores: posse de bola, remates e cantos, o Vitória foi em todos superior, porém, e até ao momento, os jogos de futebol ainda são decididos pelos golos e nesse capítulo, os leões, foram de uma eficácia assombrosa.
No fim do jogo, Rui Vitória tentou valorizar o Sporting, como que a justificar este desaire, dizendo que a equipa leonina era composta por jogadores que sendo de segunda linha, custam milhões, tudo certo, mas houve fases do jogo, que os pupilos da cidade berço, pareceram sobranceiros na partida e isso, é culpa do treinador, que não soube elucidar os seus homens para a importância deste jogo e não é crível, que depois da eliminação na Taça de Portugal, o Vitória de Guimarães, olhasse para este troféu, Taça da Liga, com desdém.
Vitória também para Marco Silva, que mostrou competência e frieza para abraçar este jogo, venceu-o com um conjunto de jogadores que Bruno de Carvalho anunciou, a 19 deste mês, como sendo os reforços de inverno para a formação leonina e pode olhar-se para esta vitória como um pau de bicos para o treinador, mas se o fizermos com o distanciamento e a lucidez necessárias, tirando Tobias Figueiredo, não se vê que algum deles, no imediato, possam ser opção para a primeira equipa, ressalvando que nem Tobias Figueiredo, porventura o mais maduro dos jovens lançados no jogo, poderá ser o reforço para o eixo central que a equipa tanto precisa.
Falta agora perceber que Sporting teremos daqui para a frente, que mudanças poderão acontecer, quanto tempo Marco Silva vai aguentar, ou se é vontade do presidente Bruno Carvalho dispensar os seus serviços no imediato, ou se vai mantê-lo, desgastando-o com a guerra interna que se iniciou aquando da visita a Guimarães para o campeonato, ou então, dar-lhe a paz necessária para que este possa fazer o seu trabalho com tranquilidade. Veremos o que o futuro terá reservado, não esquecendo que no próximo sábado dá-se a recepção, sempre complicada, ao Estoril e os leões vêm-se obrigados a vencer, para não descolarem ainda mais, do comboio da frente.
Daniel Lourenço
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)