O jogo de encerramento da primeira jornada da segunda volta foi o mais entusiasmante, não tanto pela natureza do confronto entre Paços de Ferreira e Benfica, mas por toda a atmosfera que o rodeou. O facto de ter sido agendado para esta segunda-feira, depois de toda a gente ter jogado nas vésperas, contribuiu para esse apontar de holofotes ao estádio da Capital do Móvel.
O Benfica partia para a jornada na condição de líder confortável, beneficiando da vantagem de seis pontos para o seu mais directo perseguidor, o FC Porto. No sábado, em pleno sofá, Jorge Jesus e companhia assistiram à derrota inesperada dos portistas nos Barreiros diante do Marítimo, no mesmo palco e perante o mesmo adversário que as águias haviam trucidado uma semana antes por concludentes 4-0, o que levou o treinador dos azuis-e-brancos a tecer insinuações patéticas a respeito do empenho (ou falta dele) dos madeirenses, num e noutro jogo.
Consumado o desaire dos dragões na Pérola do Atlântico, gerou-se logo na imprensa desportiva nacional uma enorme celeuma a respeito das consequências de mais um jogo menos conseguido dos comandados de Lopetegui. Os habituais opinion-makers vaticinavam já um campeão antecipado. Pois segundo estes, uma mais que provável vitória dos encarnados na Mata Real ampliaria a vantagem para nove pontos, ficando o título nacional precocemente entregue.
Enganaram-se.
Os castores do Vale do Sousa, orientados novamente por Paulo Fonseca, revelaram-se uma equipa com excelente organização defensiva, muita entre-ajuda e alguma capacidade para sair com a bola jogada e dar profundidade ao jogo. Souberam sofrer o habitual “assalto” da armada benfiquista, adiando sucessivamente o golo aos encarnados e aproveitado da melhor forma a soberana oportunidade ao minuto 90, quando converteram uma grande penalidade por Sérgio Oliveira (recentemente contratado pelo FC Porto), alcançando assim uma importante e saborosa vitória. O Benfica somou a segunda derrota na liga, onde já não perdia há precisamente três meses: o último desaire acontecera em Braga a 26 de Outubro.
Mas este jogo fica também marcado por um protagonista que não o deveria ser: o árbitro Bruno Paixão. Curiosamente, no seu artigo de opinião enviado para este blog, José Manuel Torres faz uma leitura muito pertinente sobre o erro de arbitragem, quando escreve:
«Mas há um limite para esse mesmo erro. A começar quando ele é grosseiro, ou então cometido sempre contra a mesma equipa.»
O árbitro de Setúbal começou mal, ao assinalar uma grande penalidade por pretensa mão na bola do defesa Ricardo do Paços de Ferreira, quando se vê claramente e sem recurso à repetição ter-se tratado de bola na mão. Na conversão, Lima rematou à barra e este desperdício do brasileiro acabou por escrever direito a história do jogo pelas linhas tortas do árbitro sadino. No final do encontro, Eliseu derrubou um avançado pacense, mas o árbitro muito próximo do lance, ficou como que atarantado, olhando para todos os lados, e só depois de receber a indicação do auxiliar é que se dignou a marcar o castigo máximo. Não satisfeito com a actuação displicente, que conduziu à fúria do treinador da casa (Paulo Fonseca assistiu a quase toda a segunda parte da bancada), ainda prolongou exageradamente o jogo por sete minutos.
Um jogo menos conseguido do Benfica, em especial dos seus elementos mais atacantes, valeu-lhe esta inesperada derrota e, sobretudo, a oportunidade de ouro de conseguir uma vantagem pontual que seria realisticamente irrecuperável pelo seu mais directo adversário. Paulo Fonseca, que na ante-visão da partida recordou a célebre conferência de imprensa da Playstation do seu homólogo, viu premiado o modelo de jogo baseado na contenção defensiva. Aliás, esta foi uma jornada próspera para esta escola de treinadores, pois também Petit e Leonel Pontes conseguiram triunfos de David sobre Golias,”jogando ao ataque fechadinhos lá atrás”, utilizando o léxico futebolês.
O grande beneficiário destes desaires de águias e dragões foi o Sporting, que também se viu e desejou para levar de vencida a Académica, pois o técnico da briosa também apostou na mesma estratégia dos colegas de Paços, Marítimo e Boavista, mas não teve a mesma sorte. Os leões estão agora a sete pontos do rival da segunda circular e apenas a um do FC Porto. Os grandes de Lisboa defrontam-se em Alvalade dentro de duas jornadas, numa partida onde o Sporting jogará cartada decisiva nas suas aspirações de discutir o título esta temporada.
Em suma, a vitória do Paços de Ferreira mantém a discussão do campeonato em aberto, embora o Benfica continue a ser, na minha opinião, o mais forte candidato. Se dermos uma volta pelas principais ligas europeias, verificamos que apenas a alemã conta com um mais que provável vencedor antecipado, uma vez que o Bayern de Guardiola lidera com onze pontos de avanço sobre o segundo. Em Itália, a Juventus também conta com uma vantagem confortável de sete pontos sobre o segundo, a Roma. De resto, com maior ou menor equilíbrio, há sempre pelo menos dois candidatos à vitória final.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
O Benfica partia para a jornada na condição de líder confortável, beneficiando da vantagem de seis pontos para o seu mais directo perseguidor, o FC Porto. No sábado, em pleno sofá, Jorge Jesus e companhia assistiram à derrota inesperada dos portistas nos Barreiros diante do Marítimo, no mesmo palco e perante o mesmo adversário que as águias haviam trucidado uma semana antes por concludentes 4-0, o que levou o treinador dos azuis-e-brancos a tecer insinuações patéticas a respeito do empenho (ou falta dele) dos madeirenses, num e noutro jogo.
Consumado o desaire dos dragões na Pérola do Atlântico, gerou-se logo na imprensa desportiva nacional uma enorme celeuma a respeito das consequências de mais um jogo menos conseguido dos comandados de Lopetegui. Os habituais opinion-makers vaticinavam já um campeão antecipado. Pois segundo estes, uma mais que provável vitória dos encarnados na Mata Real ampliaria a vantagem para nove pontos, ficando o título nacional precocemente entregue.
Enganaram-se.
Os castores do Vale do Sousa, orientados novamente por Paulo Fonseca, revelaram-se uma equipa com excelente organização defensiva, muita entre-ajuda e alguma capacidade para sair com a bola jogada e dar profundidade ao jogo. Souberam sofrer o habitual “assalto” da armada benfiquista, adiando sucessivamente o golo aos encarnados e aproveitado da melhor forma a soberana oportunidade ao minuto 90, quando converteram uma grande penalidade por Sérgio Oliveira (recentemente contratado pelo FC Porto), alcançando assim uma importante e saborosa vitória. O Benfica somou a segunda derrota na liga, onde já não perdia há precisamente três meses: o último desaire acontecera em Braga a 26 de Outubro.
Mas este jogo fica também marcado por um protagonista que não o deveria ser: o árbitro Bruno Paixão. Curiosamente, no seu artigo de opinião enviado para este blog, José Manuel Torres faz uma leitura muito pertinente sobre o erro de arbitragem, quando escreve:
«Mas há um limite para esse mesmo erro. A começar quando ele é grosseiro, ou então cometido sempre contra a mesma equipa.»
O árbitro de Setúbal começou mal, ao assinalar uma grande penalidade por pretensa mão na bola do defesa Ricardo do Paços de Ferreira, quando se vê claramente e sem recurso à repetição ter-se tratado de bola na mão. Na conversão, Lima rematou à barra e este desperdício do brasileiro acabou por escrever direito a história do jogo pelas linhas tortas do árbitro sadino. No final do encontro, Eliseu derrubou um avançado pacense, mas o árbitro muito próximo do lance, ficou como que atarantado, olhando para todos os lados, e só depois de receber a indicação do auxiliar é que se dignou a marcar o castigo máximo. Não satisfeito com a actuação displicente, que conduziu à fúria do treinador da casa (Paulo Fonseca assistiu a quase toda a segunda parte da bancada), ainda prolongou exageradamente o jogo por sete minutos.
Um jogo menos conseguido do Benfica, em especial dos seus elementos mais atacantes, valeu-lhe esta inesperada derrota e, sobretudo, a oportunidade de ouro de conseguir uma vantagem pontual que seria realisticamente irrecuperável pelo seu mais directo adversário. Paulo Fonseca, que na ante-visão da partida recordou a célebre conferência de imprensa da Playstation do seu homólogo, viu premiado o modelo de jogo baseado na contenção defensiva. Aliás, esta foi uma jornada próspera para esta escola de treinadores, pois também Petit e Leonel Pontes conseguiram triunfos de David sobre Golias,”jogando ao ataque fechadinhos lá atrás”, utilizando o léxico futebolês.
O grande beneficiário destes desaires de águias e dragões foi o Sporting, que também se viu e desejou para levar de vencida a Académica, pois o técnico da briosa também apostou na mesma estratégia dos colegas de Paços, Marítimo e Boavista, mas não teve a mesma sorte. Os leões estão agora a sete pontos do rival da segunda circular e apenas a um do FC Porto. Os grandes de Lisboa defrontam-se em Alvalade dentro de duas jornadas, numa partida onde o Sporting jogará cartada decisiva nas suas aspirações de discutir o título esta temporada.
Em suma, a vitória do Paços de Ferreira mantém a discussão do campeonato em aberto, embora o Benfica continue a ser, na minha opinião, o mais forte candidato. Se dermos uma volta pelas principais ligas europeias, verificamos que apenas a alemã conta com um mais que provável vencedor antecipado, uma vez que o Bayern de Guardiola lidera com onze pontos de avanço sobre o segundo. Em Itália, a Juventus também conta com uma vantagem confortável de sete pontos sobre o segundo, a Roma. De resto, com maior ou menor equilíbrio, há sempre pelo menos dois candidatos à vitória final.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)