Com muitas novidades no onze, logo a começar pela baliza, Jorge Jesus decidiu manter Júlio César na titularidade e relegou, novamente, Artur Moraes para o banco, o treinador encarnado optou por deixar de fora da convocatória Máxi Pereira e Lima (uma parte do pensamento do treinador do clube encarnado já estaria no embate da próxima quarta-feira para a Liga dos Campeões), lançou de início Loris Benito (embora se percebeu que não é solução para a posição), Cristante (jogador ainda sem pegada para este Benfica) e Derley (autor de uma boa exibição e que pode, daqui para a frente, baralhar as contas de JJ).
Talvez ciente que na Covilhã, na anterior eliminatória, tenha facilitado em demasia, Jorge Jesus desta vez, e porque o adversário era de outro calibre, deixou boa parte núcleo duro em campo: Luisão, Jardel, Enzo Pérez, Sálvio e Gaitán, tendo no banco, caso fizesse falta, Talisca, Samaris e Ola Jonh, sendo que na frente, Jonas, que começa a ser um dos habituais, também fez a sua aparição na equipa inicial e mais uma vez demonstrou que é um jogador de classe, ao fazer os dois primeiros golos com uma elevada nota artística e pormenores de grande categoria.
O Benfica desta noite entrou, conforme já se disse, ligado à corrente, e aos 3 minutos, Jonas já tinha feito a bola beijar a rede da baliza de Marafona, que bem tentou, mas nada pôde fazer perante o belíssimo remate do brasileiro; ainda sem estar refeita do primeiro golo, a equipa de Miguel Leal, aos 7, já estava a perder por 2-0, num momento de pura classe do internacional brasileiro, que o Benfica foi “pescar” ao Valência, num golo para ver e rever, tal foi a qualidade do gesto técnico que o jogador do emblema encarnado usou, para se desembaraçar da concorrência. Neste momento, percebeu-se que a resistência do Moreirense estava por terra, no fim do jogo, as palavras de João Pedro, avançado da equipa vimaranense, davam conta disso mesmo «Houve demérito da nossa parte. Entrámos muito mal no encontro», tudo dito.
Estes minutos iniciais ditaram a sorte do jogo e foi neste carrossel encarnado que se chegou ao 3-0, da autoria de Sálvio ao minuto 22, antes da meia-hora de jogo o Benfica tinha a eliminatória na mão e, a partir deste instante, iria gerir a seu belo prazer o que restava de jogo, é certo que o Moreirense ainda tentou colocar a cabeça fora da água e Ramón Cardozo “Tacuarita”, ainda reduziu para o 3-1, mas o mal estava feito e os Cónegos estavam feridos de morte. Deve dizer-se também que mesmo acabar a primeira, ainda houve um lance que suscitou duvidas na área encarnada, mas o árbitro da partida, Jorge Tavares, não deu provimento às pretensões dos jogadores do Moreirense que reclamaram uma grande penalidade, assim, gorou-se a possibilidade do encontro ficar mais equilibrado e de pairar no ar a dúvida quanto aquilo que poderia ser o desfecho final.
Em 30 minutos de jogo, tudo estava decidido. O Benfica apurado, o Moreirense eliminado e uma pálida imagem daquilo que sabe e pode fazer, basta nos lembramos daquilo que este mesmo conjunto fez na Luz para o campeonato, para percebermos que o que aconteceu neste jogo não é, nem pode ser, a verdadeira valia desta formação.
Numa segunda parte sem grande intensidade, Arsénio ainda tentou fazer uma gracinha, mas Sálvio bisou, num bom golo, fruto de uma boa jogada onde também foi interveniente activo Derley. Fixava-se o 4-1. Fechavam-se as contas, arrumava-se a questão e Jorge Jesus começava a fazer gestão dos jogadores, pois objectivo estava alcançado.
Vitória justa e sem contestação do Benfica, que nos primeiros minutos, como é hábito no Benfica de Jorge Jesus, resolveu as coisas e assim pôde ter uma segunda parte sem sobressaltos, com o pensamento na Liga dos Campeões, num jogo determinante para as aspirações europeias do conjunto encarnado que, diante do Zenit, de André Villa-Boas, na próxima quarta-feira, em São Petersburgo, joga a sua sorte no que a competições da UEFA diz respeito esta época.
Daniel Loureço
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