O Sporting Clube de Braga abriu a 24:ª jornada da liga portuguesa defrontando um adversário formado por 11 (ONZE) jogadores estrangeiros: 6 brasileiros, 2 espanhóis, 1 mexicano, 1 colombiano e 1 argelino. Em contraponto, os bracarenses entraram em campo com seis futebolistas de nacionalidade portuguesa (mais de meia equipa). E muita gente continua a admirar-se por que razão o clube bracarense é o maior fornecedor das convocatórias do seleccionador nacional.
Depois de atravessar largas jornadas com dificuldade em se afirmar nos primeiros lugares da tabela classificativa, o SC Braga está actualmente firme no 4.º lugar, objectivo principal definido para a presente temporada. E na última jornada, mercê da conquista da 5.ª vitória consecutiva, o melhor registo da temporada, o clube minhoto ficou a apenas um ponto do 3.º.
Mas por incrível que pareça, apesar de continuar a fazer do factor casa um elemento preponderante, nesta segunda volta os Guerreiros do Minho têm conseguido realizar melhores exibições fora de portas. Recorde-se que na primeira volta do campeonato o SC Braga só conseguiu vencer fora do seu estádio, pela primeira vez, na deslocação a Penafiel à 11.ª jornada.
Fazendo uma retrospectiva dos jogos da segunda volta em casa, o saldo é amplamente positivo para os bracarenses: 3 jogos, 3 vitórias. Seis golos marcados e apenas um sofrido. Mas as exibições da equipa têm deixado muito a desejar.
Talvez porque os adversários tenham readquirido o respeito perdido na época passada e começado a estudar com mais atenção a forma de jogar de Sérgio Conceição, identificando as lacunas que ainda subsistem nesta formação, a verdade é que o SC Braga encontrou enormes dificuldades para levar de vencidas as equipas de Moreirense, Arouca e Nacional da Madeira.
Contra os Cónegos, valeu-lhe uma grande penalidade desperdiçada pelos forasteiros no início da segunda parte e um golo conseguido perto do final, através de um cabeceamento de Pedro Santos a corresponder a um cruzamento de Sasso. Diante do Arouca, e depois de ter entrado para a segunda parte em vantagem no marcador e também beneficiar de vantagem numérica, os arsenalistas foram como que empurrados para o seu meio-campo e não fosse uma grande penalidade contra, perdoada pelo juiz da partida, e ter marcado o segundo golo no lance seguinte, provavelmente não teriam conseguido os três pontos. Frente aos madeirenses, a turma de Sérgio Conceição ofereceu os primeiros 45 minutos ao adversário, sofreu um golo e poderia até ter sofrido mais, mas no segundo tempo logrou uma reviravolta através de uma reentrada fulgurante, com três golos marcados em nove minutos.
Lendo a crónica do Daniel Lourenço da anterior jornada do campeonato, percebe-se claramente que a equipa do basco Julen Lopetegui está a atravessar o melhor momento da época. E para que a mesma se exiba em grande plano, basta que o treinador faça «alinhar o seu onze de gala». Depois de derrotar sem apelo nem agravo um rival e auto-assumido candidato ao título em sua casa na última jornada, a equipa portuense deslocou-se a Braga confiante e determinada a colocar pressão num outro rival na luta pelo título. Não estarei longe da verdade se disser que este plantel do clube da Cidade Invicta é o mais valioso da liga portuguesa e tem opções de elevada valia em todos os sectores, muito acima da média nacional. De que forma é possível na conjuntura socioeconómica actual montar uma equipa tão dispendiosa, é algo que não consigo responder e também não será este o momento e o local certo para fazer tal exercício.
No jogo de ontem o SC Braga teve duas faces: uma luminosa e outra apagada. A face luminosa foi a entrega do colectivo e entreajuda em termos de bloco defensivo. Perante um adversário forte, todas as cautelas eram poucas e muito do esforço empreendido neste desafio foi colocado na tentativa de tapar todos os caminhos em direcção à sua baliza. Já a face negra, foi a incapacidade da equipa conseguir sair para o ataque e transições rápidas, como tanto gosta e sabe.
Confesso não ser apreciador da estratégia táctica adoptada por Sérgio Conceição para esta partida, porque dificulta a acção ofensiva dos jogadores criativos, faz rarear as ocasiões de golo, tornando o jogo mais previsível e, consequentemente, o espectáculo menos atractivo.
Mas também será oportuno questionar de que outra forma uma equipa com menos argumentos que o adversário pode encarar um jogo onde as forças estão desequilibradas. Há opção de tentar jogar de igual para igual, correndo o risco de sofrer vários golos. Ou então, terá pensado Sérgio Conceição que se aquele a quem muitos chamam o “mestre da táctica” conseguiu ter sucesso jogando mais à defesa, porque não poderei eu conseguir também?
A estratégia não resultou porque a equipa não foi capaz de controlar o jogo a meio campo. Casemiro e Herrera, apoiados por Evandro, Danilo e Alex Sandro, ganharam a maior parte das disputas de bola no miolo. Pedro Tiba e Danilo, obrigados a recuar em virtude do domínio adversário, deixavam a tarefa de transporte de jogo quase em exclusivo para Rúben Micael, que amiude esbarrava na barreira opositora logo à saída do meio-campo. Os extremos, sem ninguém a municiá-los, pouco ou nada conseguiram fazer. Pedro Santos ainda tentou remar contra a maré, mas Rafa nem por isso.
Este estado de coisas durou desde o segundo minuto de jogo, no qual o Braga dispôs de uma soberana oportunidade para inaugurar o marcador, por Zé Luís, até ao minuto 77 no qual a defesa do Braga cometeu, quiçá, o único erro defensivo na segunda parte. Erro fatal, aproveitado pelo espanhol Tello, que na ronda anterior alcançara um hat-trick.
O Braga ainda reagiu a este rude golpe e quase conseguia empatar na sequência de um pontapé livre da direita, mas Maicon atento desviou para canto. A entrada de Pardo em jogo e o desacelerar do adversário, depois do golo, permitiram ao Braga ainda dar um arzinho da sua graça. Ao minuto 86 o extremo colombiano foi derrubado na área por Alex Sandro, mas o árbitro portuense Jorge Sousa terá, talvez, achado melhor não assinalar grande penalidade àquela hora já tardia, digo eu…
Contas feitas, o Braga continuará em 4.º lugar até final da ronda e no próximo fim-de-semana fecha este ciclo terrível, visitando a casa do outro candidato ao título.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Depois de atravessar largas jornadas com dificuldade em se afirmar nos primeiros lugares da tabela classificativa, o SC Braga está actualmente firme no 4.º lugar, objectivo principal definido para a presente temporada. E na última jornada, mercê da conquista da 5.ª vitória consecutiva, o melhor registo da temporada, o clube minhoto ficou a apenas um ponto do 3.º.
Mas por incrível que pareça, apesar de continuar a fazer do factor casa um elemento preponderante, nesta segunda volta os Guerreiros do Minho têm conseguido realizar melhores exibições fora de portas. Recorde-se que na primeira volta do campeonato o SC Braga só conseguiu vencer fora do seu estádio, pela primeira vez, na deslocação a Penafiel à 11.ª jornada.
Fazendo uma retrospectiva dos jogos da segunda volta em casa, o saldo é amplamente positivo para os bracarenses: 3 jogos, 3 vitórias. Seis golos marcados e apenas um sofrido. Mas as exibições da equipa têm deixado muito a desejar.
Talvez porque os adversários tenham readquirido o respeito perdido na época passada e começado a estudar com mais atenção a forma de jogar de Sérgio Conceição, identificando as lacunas que ainda subsistem nesta formação, a verdade é que o SC Braga encontrou enormes dificuldades para levar de vencidas as equipas de Moreirense, Arouca e Nacional da Madeira.
Contra os Cónegos, valeu-lhe uma grande penalidade desperdiçada pelos forasteiros no início da segunda parte e um golo conseguido perto do final, através de um cabeceamento de Pedro Santos a corresponder a um cruzamento de Sasso. Diante do Arouca, e depois de ter entrado para a segunda parte em vantagem no marcador e também beneficiar de vantagem numérica, os arsenalistas foram como que empurrados para o seu meio-campo e não fosse uma grande penalidade contra, perdoada pelo juiz da partida, e ter marcado o segundo golo no lance seguinte, provavelmente não teriam conseguido os três pontos. Frente aos madeirenses, a turma de Sérgio Conceição ofereceu os primeiros 45 minutos ao adversário, sofreu um golo e poderia até ter sofrido mais, mas no segundo tempo logrou uma reviravolta através de uma reentrada fulgurante, com três golos marcados em nove minutos.
Lendo a crónica do Daniel Lourenço da anterior jornada do campeonato, percebe-se claramente que a equipa do basco Julen Lopetegui está a atravessar o melhor momento da época. E para que a mesma se exiba em grande plano, basta que o treinador faça «alinhar o seu onze de gala». Depois de derrotar sem apelo nem agravo um rival e auto-assumido candidato ao título em sua casa na última jornada, a equipa portuense deslocou-se a Braga confiante e determinada a colocar pressão num outro rival na luta pelo título. Não estarei longe da verdade se disser que este plantel do clube da Cidade Invicta é o mais valioso da liga portuguesa e tem opções de elevada valia em todos os sectores, muito acima da média nacional. De que forma é possível na conjuntura socioeconómica actual montar uma equipa tão dispendiosa, é algo que não consigo responder e também não será este o momento e o local certo para fazer tal exercício.
No jogo de ontem o SC Braga teve duas faces: uma luminosa e outra apagada. A face luminosa foi a entrega do colectivo e entreajuda em termos de bloco defensivo. Perante um adversário forte, todas as cautelas eram poucas e muito do esforço empreendido neste desafio foi colocado na tentativa de tapar todos os caminhos em direcção à sua baliza. Já a face negra, foi a incapacidade da equipa conseguir sair para o ataque e transições rápidas, como tanto gosta e sabe.
Confesso não ser apreciador da estratégia táctica adoptada por Sérgio Conceição para esta partida, porque dificulta a acção ofensiva dos jogadores criativos, faz rarear as ocasiões de golo, tornando o jogo mais previsível e, consequentemente, o espectáculo menos atractivo.
Mas também será oportuno questionar de que outra forma uma equipa com menos argumentos que o adversário pode encarar um jogo onde as forças estão desequilibradas. Há opção de tentar jogar de igual para igual, correndo o risco de sofrer vários golos. Ou então, terá pensado Sérgio Conceição que se aquele a quem muitos chamam o “mestre da táctica” conseguiu ter sucesso jogando mais à defesa, porque não poderei eu conseguir também?
A estratégia não resultou porque a equipa não foi capaz de controlar o jogo a meio campo. Casemiro e Herrera, apoiados por Evandro, Danilo e Alex Sandro, ganharam a maior parte das disputas de bola no miolo. Pedro Tiba e Danilo, obrigados a recuar em virtude do domínio adversário, deixavam a tarefa de transporte de jogo quase em exclusivo para Rúben Micael, que amiude esbarrava na barreira opositora logo à saída do meio-campo. Os extremos, sem ninguém a municiá-los, pouco ou nada conseguiram fazer. Pedro Santos ainda tentou remar contra a maré, mas Rafa nem por isso.
Este estado de coisas durou desde o segundo minuto de jogo, no qual o Braga dispôs de uma soberana oportunidade para inaugurar o marcador, por Zé Luís, até ao minuto 77 no qual a defesa do Braga cometeu, quiçá, o único erro defensivo na segunda parte. Erro fatal, aproveitado pelo espanhol Tello, que na ronda anterior alcançara um hat-trick.
O Braga ainda reagiu a este rude golpe e quase conseguia empatar na sequência de um pontapé livre da direita, mas Maicon atento desviou para canto. A entrada de Pardo em jogo e o desacelerar do adversário, depois do golo, permitiram ao Braga ainda dar um arzinho da sua graça. Ao minuto 86 o extremo colombiano foi derrubado na área por Alex Sandro, mas o árbitro portuense Jorge Sousa terá, talvez, achado melhor não assinalar grande penalidade àquela hora já tardia, digo eu…
Contas feitas, o Braga continuará em 4.º lugar até final da ronda e no próximo fim-de-semana fecha este ciclo terrível, visitando a casa do outro candidato ao título.
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)