O SC Braga regressa ao Jamor dezassete anos após a última presença e quarente e nove depois da única vitória na prova rainha do futebol nacional. Cumprida uma dúzia de anos à frente dos destinos do clube, António Salvador atinge mais um momento alto do seu já longo mandato, ele que nos foi habituando a fazer o Braga ultrapassar sucessivas barreiras. Repetir a presença na final do Jamor era um sonho antigo dos bracarenses, ano após ano desejado, mas sucessivamente adiado. O apuramento para o jogo de cartaz do quadro futebolístico nacional reveste-se de grande significado, porque para além de ser um objectivo expresso no início da época desportiva, a carreira dos Guerreiros do Minho na prova tem dotes de brilhantismo, porquanto o caminho foi muito árduo.
Apesar de a carreira até ter começado de forma fácil, com a recepção ao modesto Alcains dos distritais da Associação de Futebol de Castelo Branco, nas rondas seguintes o Braga teve de afastar os dois últimos vencedores da prova, Vitória de Guimarães e Benfica, nos seus estádios.
Nos quartos-de-final calhou em sorte o Belenenses, que esta temporada vem fazendo uma boa campanha. Porém, os bracarenses não fizeram por menos e aviaram os azuis do Restelo por concludentes 7-1. E o Jamor ficava cada vez mais perto.
Mas chegada a ronda decisiva, os alarmes soaram porque o adversário da contenda era a “besta negra” da época passada, o Rio Ave, que afastara o Braga de duas finais: primeiro da Taça da Liga (com a preciosa colaboração de Olegário Benquerença) e mais tarde da Taça de Portugal.
Só que este ano a história foi outra, tendo os arsenalistas dado um passo de gigante ao vencer os vila-condenses por 3-0 no jogo da primeira mão realizado no Estádio Municipal de Braga.
Ontem, em Vila do Conde, o Braga só teve de gerir a vantagem e fê-lo bem, perante um adversário muito digno, que apesar da tarefa hercúlea que tinha pela frente, lutou até ao limite das suas forças e provou, em campo, que o discurso do seu treinador na antevisão do jogo não eram balelas.
Não podendo contar com Rúben Micael (lesionado), nem com Pedro Tiba e Pedro Santos (castigados), Sérgio Conceição armou um esquema de meio-campo de tracção recuada, fazendo regressar Danilo para formar uma dupla de pivôs defensivos de meio-campo com Mauro e entregando a Luiz Carlos as tarefas de ligação com o ataque. O camisola 8 do Braga não sentiu nenhum embaraço nestas novas funções e voltou a realizar uma excelente exibição, comprovando mais uma vez estar a passar a sua melhor fase desde que chegou a Braga no início da época passada.
Não obstante esta estratégia de maior contenção dos bracarenses e do Rio Ave ter começado a partida com o pé no acelerador, as principais ocasiões de golo da primeira parte pertenceram ao Braga, cujos avançados Rafa e Pardo dispunham de espaço para encetar contra-ataques venenosos. Os de Vila do Conde viam-se obrigados a atacar, no intuito de chegar ao primeiro golo rapidamente, mas em simultâneo colocavam-se a jeito de sofrer um golo que poria um ponto final em definitivo na eliminatória.
O golo acabou por surgir ainda antes do intervalo, logo após uma substituição forçada de Sérgio Conceição, obrigado a trocar Zé Luís por Éderzito devido a problemas físicos do cabo-verdiano.
Na primeira vez em que tocou na bola, o recém-entrado ponta-de-lança internacional português facturou e sentenciou a contenda, na sequência de um pontapé de canto apontado por Felipe Pardo e ao qual André Pinto respondeu com um desvio para o segundo poste, Baiano tentou rematar para a baliza, mas a bola sobrou para Éderzito que em cima da linha de golo fuzilou as redes vila-condenses. Contudo, o lance careceu de legalidade porque Baiano estava ligeiramente adiantado no momento do desvio de André Pinto. Mas o auxiliar de Duarte Gomes não vislumbrou a posição irregular do lateral-direito bracarense e o golo foi mesmo validado.
Os segundos 45 minutos foram de absoluta tranquilidade para os bracarenses, que se limitaram a deixar correr o tempo até ao apito final. Já os de Vila do Conde, volto a frisar a belíssima atitude dos comandados de Pedro Martins, honraram as camisolas esforçando-se por, pelo menos, tentar vencer o jogo e minimizar a desilusão da eliminação inevitável. Logo no início do segundo tempo, conseguiram chegar ao empate por intermédio de Jebor, num lance em que o guarda-redes russo Kritcyuk fica mal na fotografia.
E por aqui se ficaram as alterações no marcador, até que Duarte Gomes fez soar o derradeiro apito e em definitivo o passaporte dos bracarenses para o Jamor foi carimbado. Os muitos adeptos que se deslocaram da Cidade dos Arcebispos puderam, então, celebrar esta passagem com os seus jogadores, sentimento antagónico ao que viveram no mesmo palco na época passada.
No último dia do mês que hoje começa, o Braga vai reencontrar o Sporting no mítico anfiteatro de Oeiras. Digo reencontrar, porque estas equipas já se defrontaram na final da edição de 1982, à data vencida pelos leões por 4-0. Além disso, os finalistas ainda se irão encontrar em Alvalade, a contar para a penúltima jornada da Liga, num jogo em que os intervenientes, provavelmente, já terão as classificações do campeonato definidas. Porém, o jogo tem o aliciante de ser uma espécie de warm-up da grande final.
Apesar de a carreira até ter começado de forma fácil, com a recepção ao modesto Alcains dos distritais da Associação de Futebol de Castelo Branco, nas rondas seguintes o Braga teve de afastar os dois últimos vencedores da prova, Vitória de Guimarães e Benfica, nos seus estádios.
Nos quartos-de-final calhou em sorte o Belenenses, que esta temporada vem fazendo uma boa campanha. Porém, os bracarenses não fizeram por menos e aviaram os azuis do Restelo por concludentes 7-1. E o Jamor ficava cada vez mais perto.
Mas chegada a ronda decisiva, os alarmes soaram porque o adversário da contenda era a “besta negra” da época passada, o Rio Ave, que afastara o Braga de duas finais: primeiro da Taça da Liga (com a preciosa colaboração de Olegário Benquerença) e mais tarde da Taça de Portugal.
Só que este ano a história foi outra, tendo os arsenalistas dado um passo de gigante ao vencer os vila-condenses por 3-0 no jogo da primeira mão realizado no Estádio Municipal de Braga.
Ontem, em Vila do Conde, o Braga só teve de gerir a vantagem e fê-lo bem, perante um adversário muito digno, que apesar da tarefa hercúlea que tinha pela frente, lutou até ao limite das suas forças e provou, em campo, que o discurso do seu treinador na antevisão do jogo não eram balelas.
Não podendo contar com Rúben Micael (lesionado), nem com Pedro Tiba e Pedro Santos (castigados), Sérgio Conceição armou um esquema de meio-campo de tracção recuada, fazendo regressar Danilo para formar uma dupla de pivôs defensivos de meio-campo com Mauro e entregando a Luiz Carlos as tarefas de ligação com o ataque. O camisola 8 do Braga não sentiu nenhum embaraço nestas novas funções e voltou a realizar uma excelente exibição, comprovando mais uma vez estar a passar a sua melhor fase desde que chegou a Braga no início da época passada.
Não obstante esta estratégia de maior contenção dos bracarenses e do Rio Ave ter começado a partida com o pé no acelerador, as principais ocasiões de golo da primeira parte pertenceram ao Braga, cujos avançados Rafa e Pardo dispunham de espaço para encetar contra-ataques venenosos. Os de Vila do Conde viam-se obrigados a atacar, no intuito de chegar ao primeiro golo rapidamente, mas em simultâneo colocavam-se a jeito de sofrer um golo que poria um ponto final em definitivo na eliminatória.
O golo acabou por surgir ainda antes do intervalo, logo após uma substituição forçada de Sérgio Conceição, obrigado a trocar Zé Luís por Éderzito devido a problemas físicos do cabo-verdiano.
Na primeira vez em que tocou na bola, o recém-entrado ponta-de-lança internacional português facturou e sentenciou a contenda, na sequência de um pontapé de canto apontado por Felipe Pardo e ao qual André Pinto respondeu com um desvio para o segundo poste, Baiano tentou rematar para a baliza, mas a bola sobrou para Éderzito que em cima da linha de golo fuzilou as redes vila-condenses. Contudo, o lance careceu de legalidade porque Baiano estava ligeiramente adiantado no momento do desvio de André Pinto. Mas o auxiliar de Duarte Gomes não vislumbrou a posição irregular do lateral-direito bracarense e o golo foi mesmo validado.
Os segundos 45 minutos foram de absoluta tranquilidade para os bracarenses, que se limitaram a deixar correr o tempo até ao apito final. Já os de Vila do Conde, volto a frisar a belíssima atitude dos comandados de Pedro Martins, honraram as camisolas esforçando-se por, pelo menos, tentar vencer o jogo e minimizar a desilusão da eliminação inevitável. Logo no início do segundo tempo, conseguiram chegar ao empate por intermédio de Jebor, num lance em que o guarda-redes russo Kritcyuk fica mal na fotografia.
E por aqui se ficaram as alterações no marcador, até que Duarte Gomes fez soar o derradeiro apito e em definitivo o passaporte dos bracarenses para o Jamor foi carimbado. Os muitos adeptos que se deslocaram da Cidade dos Arcebispos puderam, então, celebrar esta passagem com os seus jogadores, sentimento antagónico ao que viveram no mesmo palco na época passada.
No último dia do mês que hoje começa, o Braga vai reencontrar o Sporting no mítico anfiteatro de Oeiras. Digo reencontrar, porque estas equipas já se defrontaram na final da edição de 1982, à data vencida pelos leões por 4-0. Além disso, os finalistas ainda se irão encontrar em Alvalade, a contar para a penúltima jornada da Liga, num jogo em que os intervenientes, provavelmente, já terão as classificações do campeonato definidas. Porém, o jogo tem o aliciante de ser uma espécie de warm-up da grande final.
O insólito aconteceu
O running é uma moda desportiva com cada vez mas praticantes em Portugal, sobretudo a partir do momento em que a crise e consequente aperto de cinto obrigaram os portugueses a procurar alternativas mais baratas aos ginásios. Por isso, é comum vermos grupos de pessoas a correr, ou caminhar, nas bermas das estradas.
Os jornalistas que regressavam do Estádio dos Arcos na estrada em direcção a Braga, após concluírem a sua jornada de trabalho, certamente não sentiram qualquer admiração quando ao longe avistaram um grupo de homens a correr, mesmo sendo àquelas horas da noite.
Mas quando passaram junto do grupo nem queriam acreditar no que os seus olhos viam! Pois, não se tratavam de meros praticantes de corrida nocturna, mas eram nada mais nada menos que os elementos da equipa técnica do SC Braga, com o timoneiro Sérgio Conceição à cabeça.
Por força do avanço tecnológico actual, as primeiras fotos captadas da inusitada corrida rapidamente preencheram as redes sociais e os sítios dos órgãos de comunicação social. Ninguém sabia a razão de tal bizarria. Aparentemente, os próprios jogadores não estavam a par daquela iniciativa e ficaram igualmente boquiabertos quando regressaram a casa no final do jogo, sem os seus técnicos presentes no autocarro. Pelo que se pôde apurar, tratou-se de uma promessa secreta e colectiva da equipa técnica, que prometera regressar a Braga a pé caso alcançassem a final do Jamor. E porque promessas são mesmo para cumprir, não tiveram outro remédio que não fosse dar corda às sapatilhas e fazer uma espécie de maratona entre o Estádio dos Arcos e o Estádio Municipal de Braga. Fica a questão: o que farão eles no caso do Braga conseguir erguer o troféu no próximo dia 31 de Maio?
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
O running é uma moda desportiva com cada vez mas praticantes em Portugal, sobretudo a partir do momento em que a crise e consequente aperto de cinto obrigaram os portugueses a procurar alternativas mais baratas aos ginásios. Por isso, é comum vermos grupos de pessoas a correr, ou caminhar, nas bermas das estradas.
Os jornalistas que regressavam do Estádio dos Arcos na estrada em direcção a Braga, após concluírem a sua jornada de trabalho, certamente não sentiram qualquer admiração quando ao longe avistaram um grupo de homens a correr, mesmo sendo àquelas horas da noite.
Mas quando passaram junto do grupo nem queriam acreditar no que os seus olhos viam! Pois, não se tratavam de meros praticantes de corrida nocturna, mas eram nada mais nada menos que os elementos da equipa técnica do SC Braga, com o timoneiro Sérgio Conceição à cabeça.
Por força do avanço tecnológico actual, as primeiras fotos captadas da inusitada corrida rapidamente preencheram as redes sociais e os sítios dos órgãos de comunicação social. Ninguém sabia a razão de tal bizarria. Aparentemente, os próprios jogadores não estavam a par daquela iniciativa e ficaram igualmente boquiabertos quando regressaram a casa no final do jogo, sem os seus técnicos presentes no autocarro. Pelo que se pôde apurar, tratou-se de uma promessa secreta e colectiva da equipa técnica, que prometera regressar a Braga a pé caso alcançassem a final do Jamor. E porque promessas são mesmo para cumprir, não tiveram outro remédio que não fosse dar corda às sapatilhas e fazer uma espécie de maratona entre o Estádio dos Arcos e o Estádio Municipal de Braga. Fica a questão: o que farão eles no caso do Braga conseguir erguer o troféu no próximo dia 31 de Maio?
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)