A minha primeira experiência de jornalismo desportivo aconteceu no verão de 2013, quando acedi a um convite de integrar a equipa de desporto da Rádio Voz do Neiva, acompanhado os jogos do S.C. Braga na função de comentador. Foi uma experiência apaixonante, apesar das muitas vicissitudes ocorridas nessa época. Tive a felicidade de conhecer pessoalmente vários jornalistas que me habituei a ver, ouvir e ler, enquanto adepto de futebol. Ouvi da boca deles muitas histórias rocambolescas associadas à modalidade em si, mas também aos ossos do ofício do jornalista de desporto. Foi ali, na rádio, que conheci e convivi com o amigo Daniel Lourenço, também ele uma das vozes que me habituei a ouvir nos relatos da rádio. Aprendi com ele, e com outros companheiros, que é possível fazer um bom trabalho no jornalismo de desporto, mesmo quando não se tem licenciatura em Ciências da Comunicação ou carteira profissional, se dentro de nós houver dedicação e paixão por esta nobre actividade.
Quando terminou a temporada e ficou consumado o fim do projecto na rádio, senti uma espécie de vazio, pois, cheguei à conclusão que não poderia ficar por ali, teria de arranjar algo que preenchesse essa lacuna. Em conversas com o Daniel, apercebi-me que com ele se passava algo de semelhante, e foi então que lançamos um desafio a nós próprios: e se criássemos um Blog?
Então, reunimo-nos na tarde de um Sábado, num café em Braga próximo do Estadio Municipal, não sem antes termos trocado previamente ideias sobre aquilo que queríamos fosse um projecto com cabeça, tronco e membros. Porque esta é uma característica comum, quando nos envolvemos em algo, é a sério, ou como diz o Daniel: "para fazer chouriçada não vale a pena".
E assim começámos por escrever uma declaração editorial, informando ao que vínhamos e o caminho a seguir, assumindo com clareza as nossas intenções e aquilo que nos movia.
Nunca foi nosso propósito entrar de rompante no top 10 dos blogs de desporto mais lidos, ou sequer atingir milhares de likes ou tweets nas redes sociais. A todos os nossos leitores, e em particular aos que tiveram a gentileza de nos enviar mensagens, agradeço-lhes pela preferência, pois são eles que nos dão alento para prosseguir. E sem qualquer partícula de falsa modéstia, lhes digo que são poucos, mas bons.
Antes de iniciarmos esta aventura, julgava que seria “canja” escrever com regularidade sobre futebol. Enganei-me, porque rapidamente percebi que teria de acompanhar o nível do meu parceiro de blog, para não destoar, e isso exige uma boa dose de rigor e disciplina, dá trabalho! Além disso, prometi a mim próprio que tentaria explanar nas minhas crónicas a minha visão sobre o fenómeno, juntando isenção e assertividade e apenas uma dose q.b. de clubismo. Admito que nem sempre o consegui, a clubite subiu à cabeça numa ou outra ocasião.
Apesar de termos estilos próprios em termos de análise e escrita, comungamos do facto de redigirmos os nossos textos segundo o velho acordo ortográfico. Não é por embirração, é sim porque preferimos escrever bem à moda antiga, ao invés de escrever mal segundo as novas modas. Há uns anos tive a felicidade de viajar até ao Brasil, em duas ocasiões, mas o pouco tempo que lá passei não foi suficiente para aprender a escrever como os “caras” de lá.
Neste primeiro aniversário, quero também deixar um agradecimento muito especial àqueles que acederam ao convite de colaborar pontualmente connosco, enviando-nos os seus textos. Foi o caso do José Manuel Torres, gilista e homem com grande experiência no futebol e de uma lucidez tremenda, foi-nos levantando a ponta do véu daquilo que viria a ser o epílogo trágico da equipa barcelense. O nosso obrigado também ao Carlos Ribeiro, vitoriano de Guimarães e uma referência do relato de futebol daquela cidade, tal como na blogosfera. Escreveu um texto brilhante sobre a não menos brilhante carreira do seu clube no primeiro terço da época passada, cometendo a proeza de fazer disparar a nossa audiência aquando da publicação do seu texto.
Agradecer também ao João Oliveira, benfiquista, que em certa medida lá nos foi mostrando que o pragmatismo de Jesus o poderia levar ao bicampeonato, como veio a acontecer. Ao Júlio Miguel Silva, que nos deu a conhecer o Moreirense, tendo até recolhido opiniões de antigos jogadores do clube para valorizar ainda mais a sua contribuição.
E ao Paulo Martins, grande amigo e um dos maiores dinamizadores dos relatos radiofónicos em Braga e arredores, de quem tenho a felicidade de colaborar esta temporada na Rádio Barcelos. Também ele nos fez o favor de trazer a sua perspectiva sobre o Braga, clube do seu coração, em determinado momento da época passada.
Depois de uma época preenchida com muitas crónicas e muito correr de tinta, quis a ironia do destino que os clubes dos autores deste blog se viessem a defrontar no mítico Jamor e, ainda por cima, que ambos fossem convidados a participar na emissão especial da Rádio Barcelos. Foi uma experiência única! Aproveitando o facto do nosso trabalho em antena terminar meia hora antes do início da grande final, dando depois lugar à equipa residente para o relato, resolvemos acompanhar o jogo em tempo-real na nossa página do Facebook, dando conta do desenrolar dos acontecimentos e emitindo também as nossas opiniões. Mas antes, já o nosso blog estava engalanado com a indumentária da final e preenchido com várias postagens sobre a efeméride.
Sendo eu bracarense e o Daniel sportinguista, obviamente um de nós estaria feliz no final e, por exclusão de partes, o outro desolado. Calhou-me a mim o desconsolo, mas nem por isso deixei de cumprimentar o meu companheiro de blog com fair-play.
Tínhamos combinado entre nós, antes do apito inicial, que quem viesse a “ganhar” o jogo ficaria incumbido de fazer a crónica daquele dia especial. Coube ao Daniel essa tarefa e reconheço que para o Rectângulo Mágico foi melhor assim, pois talvez eu não tivesse sido capaz de narrar de forma tão sublime aquele dia extraordinário, que todos os adeptos em Portugal deveriam experimentar, pelo menos, uma vez na vida.
Infelizmente, nem só de brilhantismo vive o futebol. E como observadores do fenómeno, também demos conta de episódios menos dignificantes desta modalidade desportiva, tão propícia a escândalos e polémicas. Abordamos ainda outros assuntos relacionados com o fenómeno, que tantas vezes se joga igualmente fora das quatro linhas desse rectângulo mágico.
Mas acima de tudo, o balanço deste primeiro ano de existência é muito positivo e, em termos pessoais, considero ter sido uma experiência extremamente enriquecedora. Prometemos continuar a publicar as nossas crónicas, assim nos permita o engenho, a arte.
Aos nossos leitores, uma vez mais lhes transmito o nosso agradecimento sincero. Continuem a vibrar com o futebol, porque quando a bola saltita dentro daquele rectângulo mágico, parece que desaparece toda a lixeira que por vezes vemos rodear e ensombrar este desporto. E quando estiverem num estádio, não se esqueçam que afinal de contas isto é só um jogo e lembrem-se do conselho do Raul Solnado: façam o favor de ser felizes!
Com um grande abraço,
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)
Quando terminou a temporada e ficou consumado o fim do projecto na rádio, senti uma espécie de vazio, pois, cheguei à conclusão que não poderia ficar por ali, teria de arranjar algo que preenchesse essa lacuna. Em conversas com o Daniel, apercebi-me que com ele se passava algo de semelhante, e foi então que lançamos um desafio a nós próprios: e se criássemos um Blog?
Então, reunimo-nos na tarde de um Sábado, num café em Braga próximo do Estadio Municipal, não sem antes termos trocado previamente ideias sobre aquilo que queríamos fosse um projecto com cabeça, tronco e membros. Porque esta é uma característica comum, quando nos envolvemos em algo, é a sério, ou como diz o Daniel: "para fazer chouriçada não vale a pena".
E assim começámos por escrever uma declaração editorial, informando ao que vínhamos e o caminho a seguir, assumindo com clareza as nossas intenções e aquilo que nos movia.
Nunca foi nosso propósito entrar de rompante no top 10 dos blogs de desporto mais lidos, ou sequer atingir milhares de likes ou tweets nas redes sociais. A todos os nossos leitores, e em particular aos que tiveram a gentileza de nos enviar mensagens, agradeço-lhes pela preferência, pois são eles que nos dão alento para prosseguir. E sem qualquer partícula de falsa modéstia, lhes digo que são poucos, mas bons.
Antes de iniciarmos esta aventura, julgava que seria “canja” escrever com regularidade sobre futebol. Enganei-me, porque rapidamente percebi que teria de acompanhar o nível do meu parceiro de blog, para não destoar, e isso exige uma boa dose de rigor e disciplina, dá trabalho! Além disso, prometi a mim próprio que tentaria explanar nas minhas crónicas a minha visão sobre o fenómeno, juntando isenção e assertividade e apenas uma dose q.b. de clubismo. Admito que nem sempre o consegui, a clubite subiu à cabeça numa ou outra ocasião.
Apesar de termos estilos próprios em termos de análise e escrita, comungamos do facto de redigirmos os nossos textos segundo o velho acordo ortográfico. Não é por embirração, é sim porque preferimos escrever bem à moda antiga, ao invés de escrever mal segundo as novas modas. Há uns anos tive a felicidade de viajar até ao Brasil, em duas ocasiões, mas o pouco tempo que lá passei não foi suficiente para aprender a escrever como os “caras” de lá.
Neste primeiro aniversário, quero também deixar um agradecimento muito especial àqueles que acederam ao convite de colaborar pontualmente connosco, enviando-nos os seus textos. Foi o caso do José Manuel Torres, gilista e homem com grande experiência no futebol e de uma lucidez tremenda, foi-nos levantando a ponta do véu daquilo que viria a ser o epílogo trágico da equipa barcelense. O nosso obrigado também ao Carlos Ribeiro, vitoriano de Guimarães e uma referência do relato de futebol daquela cidade, tal como na blogosfera. Escreveu um texto brilhante sobre a não menos brilhante carreira do seu clube no primeiro terço da época passada, cometendo a proeza de fazer disparar a nossa audiência aquando da publicação do seu texto.
Agradecer também ao João Oliveira, benfiquista, que em certa medida lá nos foi mostrando que o pragmatismo de Jesus o poderia levar ao bicampeonato, como veio a acontecer. Ao Júlio Miguel Silva, que nos deu a conhecer o Moreirense, tendo até recolhido opiniões de antigos jogadores do clube para valorizar ainda mais a sua contribuição.
E ao Paulo Martins, grande amigo e um dos maiores dinamizadores dos relatos radiofónicos em Braga e arredores, de quem tenho a felicidade de colaborar esta temporada na Rádio Barcelos. Também ele nos fez o favor de trazer a sua perspectiva sobre o Braga, clube do seu coração, em determinado momento da época passada.
Depois de uma época preenchida com muitas crónicas e muito correr de tinta, quis a ironia do destino que os clubes dos autores deste blog se viessem a defrontar no mítico Jamor e, ainda por cima, que ambos fossem convidados a participar na emissão especial da Rádio Barcelos. Foi uma experiência única! Aproveitando o facto do nosso trabalho em antena terminar meia hora antes do início da grande final, dando depois lugar à equipa residente para o relato, resolvemos acompanhar o jogo em tempo-real na nossa página do Facebook, dando conta do desenrolar dos acontecimentos e emitindo também as nossas opiniões. Mas antes, já o nosso blog estava engalanado com a indumentária da final e preenchido com várias postagens sobre a efeméride.
Sendo eu bracarense e o Daniel sportinguista, obviamente um de nós estaria feliz no final e, por exclusão de partes, o outro desolado. Calhou-me a mim o desconsolo, mas nem por isso deixei de cumprimentar o meu companheiro de blog com fair-play.
Tínhamos combinado entre nós, antes do apito inicial, que quem viesse a “ganhar” o jogo ficaria incumbido de fazer a crónica daquele dia especial. Coube ao Daniel essa tarefa e reconheço que para o Rectângulo Mágico foi melhor assim, pois talvez eu não tivesse sido capaz de narrar de forma tão sublime aquele dia extraordinário, que todos os adeptos em Portugal deveriam experimentar, pelo menos, uma vez na vida.
Infelizmente, nem só de brilhantismo vive o futebol. E como observadores do fenómeno, também demos conta de episódios menos dignificantes desta modalidade desportiva, tão propícia a escândalos e polémicas. Abordamos ainda outros assuntos relacionados com o fenómeno, que tantas vezes se joga igualmente fora das quatro linhas desse rectângulo mágico.
Mas acima de tudo, o balanço deste primeiro ano de existência é muito positivo e, em termos pessoais, considero ter sido uma experiência extremamente enriquecedora. Prometemos continuar a publicar as nossas crónicas, assim nos permita o engenho, a arte.
Aos nossos leitores, uma vez mais lhes transmito o nosso agradecimento sincero. Continuem a vibrar com o futebol, porque quando a bola saltita dentro daquele rectângulo mágico, parece que desaparece toda a lixeira que por vezes vemos rodear e ensombrar este desporto. E quando estiverem num estádio, não se esqueçam que afinal de contas isto é só um jogo e lembrem-se do conselho do Raul Solnado: façam o favor de ser felizes!
Com um grande abraço,
Ricardo Jorge
Texto redigido de acordo com as normas do antigo Acordo Ortográfico (Decreto lei 35.228/45)